sábado, 27 de abril de 2013

AS TRÊS FACES DO AMOR


A carta de amor, talvez a mais longa e mais simples, foi composta em 1875 por Mareei de Leclure, um pintor francês. Sua peça de amor continha uma frase: Eu a amo! 1.875.000 vezes. Mas este número representa apenas uma pequena parte das vezes que Eu a amo foi escrita ou falada na produção desta carta fora do comum. Mareei não escreveu a carta ele mesmo, mas contratou um escriba para escrevê-la. Segundo a tradição, Mareei ditou a carta, palavra por palavra. O escriba então repetiu cada frase para ele ao pô-la no papel. A frase Eu a amo! foi com efeito falada ou escrita 5.625.000 vezes durante a composição desta longa carta. Mareei estava apaixonado e queria que sua namorada soubesse!
Todos nós queremos ser amados. Nossa carência de amor é tão grande que ficamos frustrados e inseguros se nossa carência de amor não é satisfeita. Mas que é amor? Sugiro que há pelo menos três faces do amor à medida que ele amadurece.: a face “se”, a face “porque”, a face “apesar de”. Estas faces surgem, conforme a nossa carência, os nossos desejos e as nossas motivações.

A face “se”

A face “se” é a mais fácil de reconhecer. A maior parte de nós já viu esta face do amor muitas vezes. Pelo melhor ela é manipulatória e pelo pior é destrutiva.
Wendy tinha 18 anos.* Ela estava assentada do outro lado da mesa com sua filhinha de dois anos no colo. Contou-me sua triste história do amor “se”. Seu namorado a manipulou a ter sexo. Ele insistia: “Se você realmente me ama, é aceitável.” Ela eventualmente cedeu. Wendy engravidou, e os pais do rapaz o forçaram a casar-se com ela. Agora ele vive correndo atrás de mulheres. Ela se tornou apenas sua governanta da casa e a babá. “Perdi todos os anos de minha adolescência!” soluçou, escondendo o rosto nas mãos.
Wendy sente profundamente o que seu marido lhe fez. Sente-se roubada e sem valor. Sente que foi forçada a se tornar mãe. Sua auto-estima é baixa; sua vida é miserável. Reconheceu demasiado tarde a face enganosa do amor “se”.
Muitos casamentos têm como fundamento este tipo de amor. O amor “se” pode exercer uma força tão esmagadora que alguns deixam de reconhecer seu engano. O alvo primário deste amor não é a outra pessoa, mas o eu. O amor “se” se interessa apenas em satisfazer suas próprias necessidades e desejos. Muitos jovens são apanhados neste impulso egoísta de satisfação própria e reconhecem tarde demais que foram enganados.
Tragicamente, muitos pais oferecem apenas a face “se” do amor a seus filhos. Harry cometeu suicídio porque foi reprovado no vestibular de medicina. O amor “se” do pai alimentou sua depressão. Harry sabia quanto seu pai queria que ele fosse médico. Estava convencido de que se ele não conseguisse sê-lo, seu pai o rejeitaria. De preferência a testemunhar que seu pai não mais o amava, o jovem suicidou-se.

A face “porque”

A face “porque” do amor opera num nível mais agradável do que a face “se”. Esta face valoriza a outra pessoa. Ela diz: “Eu a amo porque você é sensual; porque você é um ‘doce’; porque você escreve poesia romântica; porque você trás segurança à minha vida; porque você tem boa prosa; porque você dirige um carro de classe” e assim por diante. Por alguma razão qualquer, o amor “porque” escolhe olhar uma segunda vez e avaliar o objeto de seu olhar. Oferece afagos positivos à pessoa sendo amada.
Não obstante, a face “porque” tende a promover competição e insegurança. Os que são objetos do amor “porque” sentem que precisam provar continuamente que são dignos de amor. Receiam perder a qualidade que os tomam amados. Uma jovem é amada porque é bonita. Um jovem é amado porque é atlético e bonito. Em alguns casos, o receio de rejeição futura pode mesmo impedir de desfrutar a face “porque” do amor no presente. As Escrituras nos lembram: “No amor não existe medo; antes o perfeito amor lança fora o medo. Pois o amor tem que ver com punição; logo aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”(I João 4:18). Temor e amor não podem coexistir na mesma relação. Um amor que cria receio de fracasso não é verdadeiro amor.
Judy era jovem e bela. Tinha ganho muitos concursos de beleza no ginásio e era uma das meninas mais populares no campus da faculdade. Era noiva de um rapaz simpático. Mas um dia a tragédia ocorreu. Ao trabalhar na tinturaria de seu pai, o fluido inflamável explodiu e queimou seu rosto, peito e braços. Ficou tão desfigurada que não permitia que as ligaduras fossem removidas exceto na presença de seu médico.
Pouco depois do acidente seu noivo rompeu o noivado. Seus pais não podiam contemplar sua “rainha de beleza” desfigurada e raramente a visitavam no hospital. Mesmo quando falavam com ela pelo telefone, não era como antes. Dentro de poucos meses Judy faleceu, sem ter deixado o quarto do hospital. Não de complicações. Simplesmente desistiu de viver, pois a razão por que era amada foi-lhe tirada. Sua beleza foi-se.

A face “apesar de”

Esta espécie de amor simplesmente ama. Diferente da face “se”, esta face não é baseada em motivação egoísta. Nada espera em troca. Diferente da face “porque”, não depende do aspeto atrativo da outra pessoa. Olha além das boas e más qualidades e fita a alma. É capaz de amar mesmo quando rejeitada. Vê o belo no feio. Descobre valor infinito num ser finito. Olha com amor a todos a seu redor.
Onde achamos uma face tão amável? A expressão máxima deste amor é Jesus. Ele veio para amar a humanidade apesar de tudo. Veio para introduzir uma face de amor que faltava desde o Jardim do Éden. Trouxe a esta terra um amor incondicional, sem temores ou motivação egoísta.
Jesus não trouxe uma face do amor que diz: “Eu o amarei se você for uma boa pessoa. Eu o amarei se você me adorar. Eu o amarei se for um dizimista fiel.” Nem trouxe Ele uma face do amor que arrazoa: “Eu o amo porque você ora cada dia. Eu o amo porque você vai à igreja cada semana.” Tudo isto mede nosso amor a Deus, mas não mede o amor de Deus por nós.
Deus não impôs condições a Seu amor. Com efeito, “Deus prova seu próprio amor para conosco, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). Deus não espera até merecermos ser amados. Não há “se” nem “porque” no amor de Deus. Ele simplesmente ama! Ele é amor! Este amor continua ainda que não o mereçamos.
Jesus demonstrou o poder do amor tipo “apesar de” quando chorou pela morte de Lázaro. Os que o viram chorando disseram: “Vede quanto o amava!” (João 11:36). Isto era amor a despeito do que Lázaro fosse. Lázaro não merecia ser ressuscitado, mas Jesus o amava o bastante para chamá-lo da sepultura.

Que face é sua face?

Que face do amor você prefere? A face “se”, com sua natureza manipulatória? A face “porque”, que precisa ser ganha de novo cada dia? Ou a face “apesar de”, que continua a amá-lo mesmo quando você parece não ser digno de amor?
Seria difícil imaginar um jovem propondo a sua namorada deste modo: “Benzinho, quero que você saiba que eu a amo apesar de suas muitas faltas. Eu a amo apesar de seus dentes tortos. Eu a amo apesar de sua disposição irritada. Eu a amo apesar de…” Não levaria muitos “apesar de” antes da relação chegar a um fim traumático. Poucos realmente querem ser amados “apesar de”. Preferiríamos ser amados “por causa de”.
Contudo, oculta atrás da face do amor “porque” está a raiz de todo legalismo religioso. Muitos querem que Deus os ame “porque” e não “apesar de”. Por certo nossas boas obras devem valer algo. Por certo estas obras devem ao menos obter um apartamento com uma vista sobre a principal avenida do céu. É-nos difícil admitir que nada trazemos à relação exceto nossa carência. É-nos difícil compreender que Deus não tem razão para nos amar, mas Ele nos ama! É-nos difícil compreender que quaisquer mudanças que esta nova relação introduz em nossa vida sejam resultado direto de Seu amor “a despeito de” e não a causa de Seu amor. Precisamos reconhecer que nada que façamos fará com que Deus nos ame mais do que já nos ama. Deus é amor!
Jesus pleiteia conosco, “Assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (João 13:34). Este é realmente um mandamento fortalecido por um amor “apesar de”. Somente uma tal dinâmica podia dar uma tal ordem e esperar obediência. Aprender a descansar no amor de Deus não significa ser relaxado em manter Suas normas. Ao contrário, significa ter confiança que “nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”(Romanos 8:38, 39).

O significado deste amor

Que significa ter e dar amor “apesar de”? Significa que você pode permitir que Cristo remodele sua vida sem a preocupação de que algum dia Cristo abandone Seu projeto de remodelação! Lança fora a insegurança e o medo de fracasso. Remove a ansiedade de rejeição. Significa que a gente não mais precisa competir ferozmente a fim de sentir-se amado. Não descredita o outro a fim de aumentar sua própria credibilidade. Não barganha com Deus a fim de ganhar Seu amor. Reconhece que Deus já nos viu em nosso pior e ainda nos ama. Significa não estar sob tensão constante ou não exigir nossos direitos por causa de nossa insegurança. Significa que podemos começar a partilhar amor do tipo “apesar de” com nossa família, amigos, vizinhos, colegas, membros de nossa igreja e até com aquela pessoa especial em nossas vidas.
Tammy era uma bela jovem esposa. Sempre tinha um sorriso prazenteiro. Agora ela jazia numa cama de hospital, depois de cirurgia para remover um tumor canceroso de seu rosto. A cirurgia tinha dado uma aparência grotesca a seu rosto, e seu sorriso jovial desapareceu para sempre. O cirurgião tinha feito seu melhor, seguindo cuidadosamente a curva de seu maxilar para esconder a cicatriz, mas o tumor era muito grande e a incisão profunda demais. Seu bisturi tinha cortado os nervos do lado direito de seu rosto. A operação tinha deixado o lado direito de sua boca repuxado num meio sorriso imóvel.
A jovem e seu marido fitaram o fundo do olho um do outro ao discutirem o futuro. Quando o cirurgião entrou, Tammy perguntou: “Minha boca será sempre assim?”
“Sim”, respondeu o médico. “Receio que será. Para remover o tumor tive de cortar os nervos. Talvez nunca voltem a crescer. Sinto muito.”
Tammy fitou o teto. Uma lágrima brotou de seu olho e deslizou silenciosamente em seu travesseiro. O marido tomou sua mão entre as suas. Seus olhos se encontraram, sondando e perguntando. Com um sorriso largo ele lhe assegurou amavelmente: “Benzinho, realmente gosto de seu sorriso. É gracioso.”
Não é extraordinário saber que Deus ainda nos ama apesar de nosso sorriso torto?

Len McMilllan (Ph.D., Ephraim Moore University) é diretor de vida de família no Pacific Health Education Center; 5300 Califórnia Avenue, Suite 200: Bakersfield, CA 93309; E.U.A.
*0s nomes usados neste artigo são fictícios para preservar a privacidade das pessoas em questão.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Papa fala sobre a volta de Jesus


[Na] quarta-feira, o papa Francisco, em sua habitual catequese semanal, continuou aprofundando no Símbolo da fé: o Credo. Com uma praça de São Pedro, mais uma vez, cheia de jovens e peregrinos, o papa dirigiu-lhes estas palavras:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Credo, professamos que Jesus “virá novamente na glória para julgar os vivos e os mortos”. A história humana começa com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus e conclui com o juízo final de Cristo. Muitas vezes esquecemos esses dois polos da história e, sobretudo, a fé no retorno de Cristo e no juízo final, às vezes não é assim tão clara e forte no coração dos cristãos. Jesus, durante Sua vida pública, refletiu muitas vezes na realidade da Sua última vinda. Hoje eu gostaria de refletir sobre três textos evangélicos que nos ajudam a entrar neste mistério: o das dez virgens, o dos talentos e o do juízo final. Todos os três fazem parte do discurso de Jesus sobre o fim dos tempos, no Evangelho de São Mateus.

Em primeiro lugar lembremos que, com a Ascensão, o Filho de Deus levou para junto do Pai a nossa humanidade assumida por Ele e quer atrair todos a si, chamar todo o mundo para ser acolhido nos braços abertos de Deus, para que, no fim da história, toda a realidade seja entregue ao Pai. Há, no entanto, este “tempo imediato” entre a primeira vinda de Cristo e a última, que é precisamente o momento que estamos vivendo. Neste contexto do “tempo imediato”, coloca-se a parábola das dez virgens (cf. Mt 25,1-13). São dez jovens que  esperam a chegada do esposo, mas ele atrasa e elas caem no sono. Ao anúncio repentino de que esposo está chegando, todas se preparam para acolhê-lo, mas enquanto cinco dessas, sábias, têm óleo para alimentar as próprias lâmpadas, as outras, tolas, ficam com as lâmpadas apagadas porque não o têm; e enquanto procuram chega o esposo e as virgens tolas encontram fechada a porta que leva à festa nupcial. Batem com insistência, mas agora é tarde, o esposo responde: Não vos conheço.

O Esposo é o Senhor, e o tempo de espera da Sua chegada é o tempo que Ele nos presenteia, a todos nós, com misericórdia e paciência, antes da Sua vinda final; é um tempo de vigilância; tempo em que devemos ter acesas as lâmpadas da fé, da esperança e da caridade, de ter aberto o coração para o bem, para a beleza e para a verdade; tempo de viver segundo Deus, porque não conhecemos nem o dia, nem a hora da volta de Cristo. O único que nos é pedido é estarmos preparados para o encontro – preparados para um encontro, para um lindo encontro, o encontro com Jesus –, que significa saber ver os sinais da sua presença, ter viva a nossa fé, com a oração, com os Sacramentos, ser vigilantes para não dormirmos, para não nos esquecermos de Deus. A vida dos cristãos adormecidos é uma vida triste, não é uma vida feliz. O cristão deve ser feliz, a alegria de Jesus. Não durmamos!

A segunda parábola, a dos talentos, nos faz refletir sobre a relação entre como empregamos os dons recebidos por Deus e o Seu retorno, quando nos pedirá contas de como os temos utilizado (cf. Mt 25, 14-30). [...] A espera da volta do Senhor é o tempo da ação – nós estamos no tempo da ação –, o tempo de frutificar os dons de Deus não para nós mesmos, mas para Ele, para a Igreja, para os outros, o tempo de fazer sempre crescer o bem no mundo. E especialmente neste tempo de crise, hoje, é importante não fechar-se em si mesmo. [...]

Finalmente, uma palavra sobre o juízo final, no qual se descreve a segunda vinda do Senhor, quando Ele julgará todos os seres humanos, vivos e mortos (cf. Mt 25, 31-46). A imagem usada pelo evangelista é a do pastor que separa as ovelhas dos cabritos. À direita são colocados aqueles que agiram de acordo com a vontade de Deus, socorrendo o próximo faminto, com sede, estrangeiro, nu, doente, preso – disse “estrangeiro”: penso em tantos estrangeiros que estão aqui na diocese de Roma: o que fazemos por eles? – enquanto à esquerda vão aqueles que não socorreram o próximo. Isso nos diz que seremos julgados por Deus sobre a caridade, sobre como O amamos nos nossos irmãos, especialmente nos mais frágeis e necessitados. É claro, devemos sempre ter em mente que somos justificados,somos salvos pela graça, por um ato de amor gratuito de Deus que sempre nos precede; sozinhos, não podemos fazer nada. A fé é principalmente um dom que nós recebemos. Mas para dar frutos, a graça de Deus requer sempre a nossa abertura a Ele, a nossa resposta livre e concreta. Cristo vem para levar-nos à misericórdia de Deus que salva. O único que nos é pedido é confiar nEle, corresponder ao dom do Seu amor com uma vida boa, feita de ações animadas pela fé e pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, que olhar para o juízo final nunca nos dê medo; mas nos leve a viver melhor o presente. Deus nos oferece com misericórdia e paciência este tempo para que aprendamos a reconhecê-Lo a cada dia nos pobres e nos pequenos, nos comprometamos pelo bem e sejamos vigilantes na oração e no amor. O Senhor, no fim da nossa existência e da história, possa reconhecer-nos como servos bons e fieis. Obrigado.


Nota: Lembro-me de que, quando era católico (antes dos anos 1990), eu nunca tinha ouvido falar na segunda vinda literal de Jesus, até porque a teologia dominante aqui na América do Sul era a da Libertação, com sua pregação em torno de um “reino” de conquistas sociais. Ao mesmo tempo em que o papa fala sobre o retorno de Jesus, ele (assim como seus dois antecessores) dá grande ênfase à observância do domingo. Resta saber como ele vai orientar seu rebanho com respeito à maneira como o verdadeiro Cristo virá e que está claramentedescrita na Bíblia. E se esse Cristo vindouro reafirmar a crença no domingo como dia sagrado, em franca oposição à Palavra? E se ele “descer” à Terra e começar a proclamar a paz incentivando a união de todos sob a liderança de um (nos moldes do movimento ecumênico defendido pelo papa)? É interessante a menção do papa à salvação pela graça, o que certamente agrada aos ouvidos protestantes, e há uma curiosa contradição nestas palavras de Francisco: “A história humana começa com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus e conclui com o juízo final de Cristo.” Os dois papas anteriores afirmaram que a evolução é um fato e que, portanto, a história de Adão e Eva seria mítica. Se a história das origens (e da queda) é mitológica, por que deveríamos acreditar que o juízo final é fato, uma vez que ambos os eventos estão relacionados (como bem destacou o papa)? Sem dúvida, essa pregação do papa sobre a volta de Jesus é realmente importante e até surpreendente, mas é preciso acompanhar atentamente os desdobramentos disso.
 
Michelson Borges, Jornalista Adventista

sábado, 20 de abril de 2013

O Crescimento Espiritual

Caminho A Cristo: passos que conduzem à certeza da Salvação / Ellen G. White - págs. 45-46. 
     Consagre-se a Deus pela manhã; faça disso a sua primeira atividade. E ore: “Toma-me, ó Senhor, para ser Teu inteiramente. Deponho todos os meus planos a Teus pés. Usa-me hoje para o Teu serviço. Fica comigo, e que tudo o que eu fizer seja operado por Ti. ‘’ Essa é uma questão diária. Cada manhã consagre-se a Deus para aquele dia. Entregue- Lhe todos os seus planos para saber se devem ser levados avante ou não, de acordo com o que Sua providência indicar. Assim, dia após dia, você poderá entregar sua vida nas mãos de Deus, e ela será cada vez mais moldada segundo a vida de Cristo.
     A vida em Cristo é uma vida de descanso. Pode não haver êxtase de sentimentos, mas deve existir uma confiança constante e tranqüila. Sua esperança não está em si mesmo, mas em Cristo. Sua fraqueza está ligada à Sua força; sua ignorância, à Sua sabedoria; sua fragilidade, ao Seu eterno poder. Por isso, não olhe para você mesmo. Não permita que seus pensamentos fiquem centralizados no próprio eu, mas olhe para Cristo. Pense em Seu amor, Sua beleza e na perfeição do Seu caráter. Cristo em Sua abnegação, Cristo em Sua humilhação, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo em Seu incomparável amor – esse é o tema para sua meditação. E ao amá-Lo e imitá-Lo e depender inteiramente dEle é que você se transforma à Sua semelhança.
     Jesus disse: “Permanecei em Mim.” Essas palavras transmitem a idéia de descanso, estabilidade e confiança. Outra vez Ele convida: “Vinde a Mim, [...] e Eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). As palavras do salmista expressam o mesmo pensamento: “Descansa no Senhor e espera nEle” (salmo 37:7). E Isaías dá a certeza: “Na tranqüilidade e na confiança, [está] a vossa força” (Isaías 30:15). Este descanso não está na inatividade, pois no convite do Senhor a promessa de descanso vem junto com um chamado ao trabalho: “Tomai sobre vós o Meu jugo [...] e achareis descanso” (Mateus 11:29). O coração que descansa de maneira plena em Deus será o mais empenhado no trabalho ativo por Ele.
     Quando os pensamentos estão concentrados no próprio eu, eles afastam-se de Cristo, a fonte de vida e poder. Por isso, Satanás empenha-se em fazer com que as pessoas desviem o pensamento do Salvador, evitando a união e a comunhão do ser humano com Cristo. Os prazeres do mundo, as preocupações, perplexidades e tristezas da vida, as falhas dos outros, ou as próprias falhas e imperfeições – todas essas coisas são por ele utilizadas para desviar o pensamento do Salvador. Não se deixe enganar por esses ardis. Muitas pessoas que são realmente conscienciosas, e que desejam viver para Deus, também são por ele levadas a pensar nas próprias faltas e fraquezas. Assim fazendo, ele consegue separá-las de Cristo e obter a vitória. Não devemos fazer de nós mesmos o centro, dando lugar à ansiedade e ao medo de não sermos salvos. Tudo isso, afasta o coração da fonte de nossa força. Fale de Jesus; pense nEle. Que o próprio eu se perca nEle. Afaste toda dúvida; esqueça seus temores. Como o apóstolo Paulo, diga: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gálatas 2:20). Descanse em Deus. Ele pode guardar aquilo que você Lhe confiou. Colocando-se em Suas mãos, Ele fará com que você seja mais do que vencedor por Aquele que o amou.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Projeto de leitura diária da Bíblia completa um ano


Um hábito que impacta espiritualmente todos os dias seus participantes. Esse é o projeto Reavivados por Sua Palavra, de âmbito mundial, que motiva adventistas a lerem diariamente um capítulo da Bíblia Sagrada. O #rpsp, como ficou conhecido o projeto, principalmente no microblog Twitter, completou [nesta semana] seu primeiro ano e não perde a força. A ideia da sede mundial adventista (idealizadora do projeto) é que até metade de 2015 milhões de pessoas tenham lido todo o Livro Sagrado do cristianismo. “Em 36 anos de ministério, já vi muitos programas para estimular a leitura da Bíblia, mas não com a força do Reavivados por Sua Palavra”, explica o pastor Bruno Raso, vice-presidente da Igreja Adventista e responsável pela coordenação do projeto em oito países sul-americanos.

O que Raso afirmou é o que ocorre na prática. O RPSP realmente tem feito diferença na devoção pessoal de cada participante. O jornalista Michelson Borges, ele mesmo um dos que está lendo todos os dias um capítulo da Bíblia, resolveu entrevistar alguns beneficiados pelo projeto e publicou em seu blog. Gente como o pastor Álvaro Martinho da Silva, de São Gabriel da Palha, no Espírito Santo, que além de ler ainda posta tweets e comenta cada trecho estudado. Sobre essa experiência de compartilhar o que leu, pouco depois de acordar, ele diz que “hoje já se transformou em um bom hábito da minha manhã de estudos e meditação. Quando, por algum compromisso, não posso digitar logo cedo, assim que chego de volta ao meu escritório, quero ler os comentários dos outros colegas e destacar alguns especiais”.

Um dos segredos da longevidade do projeto pode ser atribuído ao fato de motivar as pessoas a estudarem apenas um capítulo e não vários, o que geralmente desmotiva em longo prazo. A psicóloga Karyne Correia, que mora em Joinville, Santa Catarina, ressalta essa vantagem. “Eu tenho por costume grifar e fazer anotações quando estudo qualquer tipo de conteúdo, e com a Bíblia não é diferente. E a leitura de apenas um capítulo por dia proporciona maior reflexão e permite extrair mais lições de menos palavras. É praticamente a experiência de aprender com cada versículo.”

Eunice Herculano, de Alagoas, expressa bem o efeito espiritual provocado por esse hábito adquirido. “Sempre achei muito difícil ler a Bíblia pelo ano bíblico porque começava com um grande estímulo, incentivo e, depois, todo esse ânimo ia diminuindo a ponto de parar. Mas com o Reavivados, a cada dia, sinto-me estimulada na leitura, pois temos comentários de pastores sobre o capítulo do dia, fazendo com que nossa mente se abra para o entendimento. E o mais importante: mantenho minha comunhão diária com Deus”, explica a participante.

Mas o pastor Bruno Raso resolveu ir além da meditação diária nos escritos bíblicos. Ele tomou o desafio pessoal de fazer uma síntese, em vídeo, de cada capítulo. As gravações são feitas na Nuevo Tiempo Bolívia e diariamente quem compreende o idioma espanhol tem acesso aoresumão feito por ele. “Cheguei a gravar 30 programas em um dia apenas. Não é fácil, mas vejo os resultados dessa iniciativa e me alegro com o reavivamento espiritual que está acontecendo”, vibra.

O #rpsp virou aplicativo para Facebook, IOS, Android e até game online. A sistemática de leitura diária de um capítulo da Bíblia está disponível em várias plataformas, o que provavelmente tem envolvido um número maior de jovens. No Twitter e no Facebook, participantes costumam compartilhar suas impressões sobre o conteúdo de cada dia e um verdadeiro debate virtual ocorre com opiniões de todos os tipos.

(Felipe Lemos, Portal Adventista)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Clube dos Racionalizadores


Você pode afirmar sinceramente que nunca fez parte desse clube? Parabéns! Não é meu caso. Já tentei muitas vezes entregar minha carteirinha de sócio, mas de vez em quando me pego ativamente racionalizando minhas atitudes.
Os primeiros sócios deste clube foram Adão e Eva, lembra-se? “Foi a mulher que o Senhor me deu...” e “Foi a serpente que me enganou...”
Como é difícil admitir francamente nossas falhas sem fazer rodeios ou tentar racionalizar e encontrar algo ou águem que assuma a culpa em nosso lugar.
Esses dias um amigo fez um comentário acerca do livro que minha esposa e eu lançamos recentemente, o Fundo da agulha: e o milagre aconteceu... Ele me telefonou dizendo que havia gostado da leitura, mas que nós havíamos exposto demais nossos erros. É verdade. Outras pessoas já nos disseram que tivemos muita coragem em dizer verdades que ninguém gosta de mostrar em público. Um dos objetivos do livro é incentivar pessoas a abrir o coração para que as feridas possam ser curadas.
Ainda assim, apesar das recaídas, continuo lutando contra as racionalizações. Nunca é difícil achar uma boa razão para justificar uma atitude errada ou inconveniente.
A Bíblia apresenta dois claros exemplos que são opostos entre si na área da racionalização: Saul e Davi. O primeiro era um racionalizador contumaz. Ao ser colocado em cheque, Saul encontrava uma boa razão para justificar suas atitudes: “O povo pediu... os animais que não foram destruídos, como requeria a ordem divina eram para ser oferecidos ao Senhor...” e por aí suas racionalizações caminhavam.
Davi tinha muitos defeitos de caráter, alguns muito graves, mas não o de racionalizar. Quando o profeta lhe mostrou seu enorme crime, ele não pensou duas vezes: “Pequei!”.
A diferença entre um rei “segundo o coração de Deus” e um rei que foi rejeitado pelo Senhor era nada mais do que as atitudes de racionalização para justificar o pecado.
Um dia desses, estava me preparando para entrar com o meu carro num retorno do bairro onde moro, e, por isso, diminuí um pouco a velocidade. Mesmo com a seta ligada, indicando a manobra, um apressadinho quase encostou no para-choque do meu carro, piscando as luzes e buzinando. Confesso que tive vontade de pisar no freio e deixar que me abalroasse.
O “velho homem” borbulhou forte no meu sangue. Não costumo dizer palavrões, mas colei a mão na buzina e demonstrei toda a minha irritação com a atitude daquele motorista.
Minha esposa estava comigo e apenas me olhou com aquele ar de quem estava desaprovando inteiramente a minha reação.
Antes que ela dissesse alguma coisa eu já procurei me justificar: “Você que viu que camarada impaciente? Não podia esperar uns 15 segundos para me ultrapassar? Tinha que fazer toda aquela cena?”
Ela apenas me disse: “Em momentos assim é que nós precisamos demonstrar quem somos e no que acreditamos”.
Como isso é verdade! Mais uma vez tive que me arrepender e pedir perdão ao Senhor por não ter demonstrado paciência e tolerância com alguém que eu sequer conhecia nem sabia de sua necessidade de andar mais rápido.
Creio que a luta para adquirir o domínio próprio é um aspecto fundamental do “fruto do Espírito”, sendo obra de uma vida toda.
Nesta semana, ao orar, comecei a dialogar com Deus acerca  da razão de o novo nascimento não mudar inteiramente nossas atitudes e não nos tornar uma nova criatura por completo, tão logo aceitamos a justiça de Jesus em nosso lugar.
O Senhor respondeu em meu coração: “Quer mudança de atitudes, quer evitar o pecado? Então permaneça sempre ao meu lado. Essa é a única maneira de vencer a natureza antiga”.
Comecei a refletir profundamente na resposta de Deus. Mesmo que tenhamos nascido da “água e do Espírito”, nossa velha natureza não é destruída imediatamente. A santificação se processa ao longo de toda a vida. E a única maneira de desenvolver esse processo é permanecer em comunhão constante com Jesus. Onde Sua luz brilha, as trevas não encontram lugar!
O maior problema do ser humano não é o pecado em si, mas é o fato de não permitir que o Senhor lhe dirija todos os atos. Se estivéssemos atentos à Sua direção em todos os momentos, qual seria a chance de fazermos algo errado? De perder o controle de nosso temperamento?
Continuo diariamente nessa luta para nunca sair do lado de Jesus. Nossa tendência humana é achar que sozinhos podemos dar conta de tudo. Terrível engano! Sem ele não somos nada. Apenas permanecemos no grupo dos racionalizadores. E esses não terão um lugar garantido no Reino Eterno.
Permanecer ao lado de Jesus é simples. Basta aceitar sua direção. O orgulho e a racionalização, porém são os maiores empecilhos para que isso aconteça.
Essa é uma decisão crucial para nós. Ou fugimos da luz através de um complexo sistema de racionalização, ou corremos com ousadia para o Trono de Graça.

domingo, 7 de abril de 2013

O criacionismo e a educação adventista


O criacionismo é uma corrente de estudos interdisciplinares que procura explicar a origem da vida e do Universo. Há semelhanças e diferenças entre o criacionismo e as teorias evolucionistas e do designinteligente. As semelhanças com o evolucionismo geralmente dizem respeito à diversificação de baixo nível(ou “microevolução”) e até mesmo à seleção natural, e as maiores diferenças têm que ver com a chamada macro ou megaevolução. Com respeito à teoria do designinteligente, basta dizer que os criacionistas e os defensores daquela teoria buscam evidências de projeto intencional na natureza. A Rede Educacional Adventista ensina o criacionismo, baseando-se em argumentos científicos e lógicos, sem impor crenças religiosas nem omitir a versão evolucionista. Portanto, o ensino se encontra em harmonia com as prescrições do Ministério da Educação e Cultura. Na definição do físico Urias Takatohi, “criacionismo é o esforço de harmonizar os conhecimentos das ciências históricas, principalmente a geologia e a paleontologia com suas implicações na teoria da evolução biológica, com a visão de inspiração bíblica de que a vida na Terra foi estabelecida por Deus há poucos milhares de anos. Esse esforço se faz para preservar uma interpretação dos primeiros capítulos da Bíblia tão próxima da literal quanto possível, e também por causa do valor atribuído à ciência pelo mundo secularizado de nossos dias”.

A seguir, apresentamos dez razões por que as escolas adventistas ensinam também o criacionismo:

1. O argumento criacionista é coerente com o que se observa nos fósseis encontrados na coluna geológica e diz que a criação deu origem a tipos básicos (“espécies”) de seres vivos e que eles “evoluíram” de forma mais ou menos limitada (diversificação de baixo nível ou “microevolução”). Os criacionistas não creem, no entanto, que todos os seres vivos descendem de um mesmo ancestral unicelular comum, pois é algo que, por experimentação e observação, não é possível ser demonstrado. Cientes das limitações de seu modelo, os criacionistas procuram construir um cenário coerente de sua interpretação da narrativa bíblica com os fósseis e a coluna geológica.

2. O criacionismo apresenta três evidências básicas da existência de um Criador: (1) o ajuste fino do Universo (teleologia), (2) a existência de estruturas irredutivelmente complexas nos seres vivos, que tinham de funcionar perfeitamente desde que foram criadas, ou não chegariam aos nossos dias, e (3) a informação complexa especificada existente no material genético, que só a inteligência pode originar.

3. Os criacionistas entendem que, embora alguns aspectos do evolucionismo sejam fundamentados e úteis para a compreensão de muitos fenômenos naturais, há lacunas nesse modo de pensar. Há alguns pontos no evolucionismo que não são cientificamente sustentáveis e podem ser analisados e apresentados aos estudantes.

4. Atualmente, há vários cientistas criacionistas que fazem boa ciência e apresentam argumentação lógica e importante para ser transmitida. Destacam-se três biólogos norte-americanos: Leonard Brand, Raul Esperante e Harold Coffin. Eles têm artigos publicados nos mais prestigiados periódicos científicos, sobre baleias fossilizadas da Formação Pisco (Peru) e sobre as florestas petrificadas de Yellowstone (EUA). No Brasil, destaca-se o químico e professor da Unicamp, Dr. Marcos Eberlin, que dirige o Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas, é membro da Academia Brasileira de Ciências e o terceiro cientista brasileiro mais citado em publicações científicas de renome.

5. O modelo da evolução apresenta lacunas e deve ser confrontado com outras formas de pensar. Por exemplo, o evolucionismo não consegue explicar a origem da vida por processos naturais a partir de matéria não viva. Também não consegue explicar a origem da informação genética de sistemas irredutivelmente complexos, nem o aumento de complexidade que teria acontecido nos organismos durante o processo evolutivo, ou seja, não consegue explicar a origem de novos órgãos, sistemas de órgãos e novos planos corporais que “surgem” sem formas ancestrais bem definidas.

6. O questionamento dos criacionistas é voltado para alguns pontos do darwinismo e não há nenhum incentivo nem direcionamento a se odiar Darwin – ou qualquer outro ser humano.

7. O ensino criacionista, dentro da Educação Adventista, vai ao encontro do que prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A Lei estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como elaborações humanas de representação aproximada da realidade, e que essas teorias estão sujeitas a revisões e até a descarte, e que o Ensino Médio tem, entre suas finalidades, a de capacitar o educando a continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico.

8. Conforme escreveu a educadora Ellen White, “é a obra da verdadeira educação desenvolver essa faculdade, preparar os jovens para que sejam pensantes e não meros refletores do pensamento de outros” (Educação, p. 17). Assim, as escolas adventistas entendem que o ensino do contraditório e o contraste de ideias promovem o pensamento crítico. Por isso, são expostos comparativamente nas aulas de ciências os modelos criacionista e evolucionista.

9. O criacionismo bíblico, embora seja filosoficamente embasado no teísmo bíblico, pode ter suas premissas científicas discutidas no contexto científico e ser, assim, considerado em sala de aula. Além disso, atualmente, mais do que em outra época, trata-se de um fenômeno cultural, com muitos defensores, mesmo em países cientificamente avançados como os Estados Unidos. Por isso, o criacionismo merece ser conhecido pelos alunos.

10. Os criadores do método científico, cientistas do quilate de Copérnico, Galileu e Newton, não viam contradição entre a ciência experimental e a religião bíblica. Portanto, os criacionistas de hoje se consideram em boa companhia.

A Educação Adventista tem ao redor do mundo 7.442 instituições, 80.883 professores e mais de 1,5 milhão de estudantes. No Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Peru e Equador, são 841 estabelecimentos de ensino (incluindo faculdades), 15.248 professores e 224.311 alunos. A Educação Adventista é reconhecida por sua preocupação em oferecer educação de forma integral, privilegiando não apenas o conhecimento técnico, mas o ensino de princípios morais e de uma vida saudável e feliz.

É por essas razões que a Rede Adventista proporciona aos estudantes todo o conhecimento necessário para seu desenvolvimento, o que inclui o entendimento tanto do modelo evolucionista quanto do criacionista.

(Michelson Borges e Felipe Lemos)

sábado, 6 de abril de 2013

O Dia do Senhor Virá



Exposição de 1Tess 5:1-11
Vivemos em um tempo de muita curiosidade quanto aos últimos dias. As pessoas querem saber quando sucederão as coisas registradas no Apocalipse. Tem gente marcando datas para o fim do mundo, e todas as vezes estão enganando a tantos incautos que vez após vezes se decepcionam com as falsas predições de homens. Já passaram as datas do ano de 2012  para o fim deste agitado planeta, e não houve nenhum cumprimento. Mas nem mesmo o apóstolo Paulo teve a pretensão de predizer o exato tempo do fim do mundo, pois não era esse o campo de informação que lhe fora dado comunicar. E como os crentes de seu tempo tinham a mesma curiosidade do nosso tempo, Paulo lhes dá uma resposta nestes termos, apenas relembrando as palavras de Cristo que todos conhecemos:
V. 1-2: “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite” [Ver At 1:7; Mt 24:43].
Os cristãos estavam conscientes com relação aos tempos e épocas. Paulo havia instruído aos cristãos sobre o Dia do Senhor. Ele havia ensinado sobre a brevidade daquele Dia, e que logo ocorreria a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. Falou sobre a ressurreição dos justos e do arrebatamento deles para os céus. Falou sobre a nossa reunião com Ele e nosso ajuntamento com todos os justos, salvos de todos os tempos.
I – O Dia do Senhor Virá para os Ímpios
O Dia do Senhor é uma expressão tirada do Antigo Testamento (Isa 13:6, 9; Joel 1:15). Disse o profeta Sofonias, em uma das passagens mais impressionantes sobre a brevidade, a solenidade e a destruição que acontecerá no Dia do Senhor:
“14 Está perto o grande Dia do Senhor; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do Senhor é amargo, e nele clama até o homem poderoso.
15 Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas...
17 Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o sangue deles se derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco.
18 Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do Senhor, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque, certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra” (Sof 1:14-17).
Será um dia de trevas e densa escuridade. Será um dia de ajuste de contas, será o terrível Dia do Julgamento. Será o grande e glorioso Dia da volta de nosso Senhor Jesus Cristo. E a “destruição total e repentina de todos os moradores da terra” se refere aos que não reconheceram ao grande e Todopoderoso Deus e rejeitaram o Seu amor oferecido abundantemente.
1. COMO VIRÁ O DIA DO SENHOR?
O dia do Senhor virá inesperadamente. V. 2: “O dia do Senhor vem como ladrão de noite.” Ninguém espera a chegada de um ladrão. Quando eu trabalhava na cidade do Gama, em Brasília, certa noite de domingo, eu estava dirigindo o culto de evangelismo na igreja, e não sabia que minha casa estava sendo invadida por ladrões que arrombaram a casa e levaram alguns objetos de valor. Foi algo completamente inesperado. Eu não podia imaginar que eles chegassem lá para me roubar.
Assim será o Dia do Senhor: Ele virá inesperadamente. De repente. Será uma surpresa esmagadora. Assim virá o Dia do Senhor para os ímpios, porque não estarão aguardando esse dia. Será inesperado porque não o esperam. Mas como poderiam esperar algo em que não creem? É por isso que é tão importante compreender a doutrina, a fim de não sermos decepcionados, quando virem os acontecimentos finais que se aproximam. Você não precisa ser surpreendido. Você não precisa ficar na obscuridade. Não precisa esperar que seja arrebatado em oculto, porque isso não acontecerá. Diz o texto de Paulo que o Dia do Senhor virá com destruição para os ímpios, e, portanto, será muito visível; tão visível que até os rebeldes verão esse Dia.
2. QUANDO VIRÁ O DIA DO SENHOR?
O dia do Senhor virá em tempos de paz. V. 3: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão.” Este é mais um dos múltiplos sinais que estão se cumprindo diante de nossos olhos. A destruição dos ímpios virá quando eles estiverem proclamando a sua segurança apesar de sua vida de impiedade.
Isso já aconteceu no passado. A geração do Dilúvio, os antediluvianos se apoiaram nesta falsa segurança. Disseram eles: “Noé prega que virá em breve um Dilúvio universal, como resultado da queda de uma grande chuva, vinda dos céus. Mas a Ciência prova que isso é impossível, porque as águas que se conhecem por experiência vêm de baixo da terra, como uma neblina suave, e nunca de cima, caindo dos céus, como chuvas torrenciais. Não precisamos nos preocupar com falsos alarmistas. Há paz e segurança entre nós. Mas Noé veio nos perturbar com a sua pregação anunciadora dos juízos divinos. Mas Deus não castiga a ninguém com dilúvios. Jamais aconteceu no passado e com a segurança dos teólogos e a certeza dos cientistas, jamais acontecerá no futuro!” Então, numa esmagadora surpresa, Deus enviou um Dilúvio que trouxe a destruição da superfície de toda  a terra e dos seus ímpios habitantes.
geração pós-Dilúvio revelou a mesma atitude. Logo depois do Dilúvio, os homens se esqueceram da lição e começaram a apostatar novamente e desafiaram a Deus construindo uma torre, a famosa Torre de Babel. Eles tiveram a ideia infeliz de construir a torre de sua salvação. E disseram: “Agora, estaremos em paz e segurança, porque vamos construir uma torre que alcançará os céus e estaremos acima de qualquer dilúvio que houver. Teremos um refúgio seguro. Podemos descansar em uma doce aventura. Não haverá mais perigo.”
Então, enquanto eles estavam construindo a famosa Torre de Babel que significa confusão, Deus lhes confundiu a língua, e todos passaram a falar em diferentes idiomas, e não puderam mais se entender. Foi um momento de angústia e espanto inesperados. A vinda do dia do juízo lhes sobreveio como uma esmagadora surpresa.
Noutro tempo, os habitantes de Sodoma e Gomorra, os homens corruptos e violentos viviam os seus dias de impiedade, e haviam enchido a taça da misericórdia divina, e o seu tempo de graça havia terminado. Mas quando chegou o seu Dia do juízo? Quando eles estavam satisfeitos consigo mesmos, proclamando a sua paz e segurança. É o que nos diz o profeta Ezequiel: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade.” Ez 16:49.
Mas hoje a história se repete. A profecia se cumpre de modo preciso. Como está se cumprindo? Observando as condições de nosso mundo moderno, podemos ver como o mundo está de novo se preparando para a era vitoriana, a era do triunfalismo, do otimismo. Quando o mundo tiver passado por mais algumas experiências, então se cumprirão todas as profecias. O mundo está se preparando para (1) O Triunfo da Tecnologia, (2) A Liderança Mundial, (3) A Solução dos Problemas, (4) A Cura das Doenças, (5) A União das Igrejas, (6) O Fim das Guerras e (7) O Decreto de Morte.
Então, será dada a grande e alvissareira notícia: Nunca mais haverá guerra. Nunca mais o mundo sentirá a fome. Estamos em “Paz e Segurança.” Temos um governo global, temos a solução para todos os nossos problemas, temos a Ciência, a poderosa Ciência, e não precisamos nem mesmo de Deus. “Paz e segurança!” é a realização dos nossos sonhos mais acalentados.
E se alguns não concordarem? Esses discordantes terão de ser perseguidos de morte. Haverá um decreto de morte contra todos os que discordarem das supremas autoridades. Então, o que acontecerá com todos os Ímpios? Então lhes sobrevirá repentina destruição. Esta profecia está se cumprindo e logo veremos a destruição iminente. Eles tentarão escapar, mas não poderão. Então, Jesus Cristo virá nas nuvens dos céus, com poder e grande glória.
II – O Dia do Senhor Virá para os justos
1. OS CRISTÃOS NÃO ESTÃO EM TREVAS.
V. 4-5: “4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; 5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas.”
Os cristãos são os homens e mulheres mais esclarecidos em todo o mundo acerca de muitas coisas que são essenciais. Não nos adianta uma cultura de coisas que não podem ajudar; não é todo o conhecimento que importa saber, realmente. O que importa é aquilo que nos trará um benefício real para esta vida e para a vida por vir. O cristão sabe de onde vem, o que faz aqui e para onde vai. É justamente isso o que os outros ignoram para sua infelicidade. Eles ainda estão procurando responder a estas perguntas básicas para a felicidade do homem.  
Mas os cristãos não estão em trevas. Eles são “filhos da luz”. Eles não estão nas trevas da ignorância, porque conhecem e sabem das coisas mais importantes para a vida feliz e proveitosa, hoje e para sempre. Os cristãos não estão nas trevas do desespero, porque esperam em Deus para qualquer circunstância difícil que possam enfrentar. Os cristãos não estão nas trevas do pecado e do vício porque têm a salvação e o socorro no seu Salvador Jesus Cristo. Os cristãos não estão nas trevas da morte, porque sabem que a sua vida está escondida em Deus que lhes prometeu a vida eterna.
2. OS CRISTÃOS RECEBEM 3 IMPERATIVOS
6-7: “6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. 7 Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam.
Os cristãos são admoestados, iluminados pela Palavra de Deus e do Evangelho, a fim de que permaneçam em seu estado de preparação para o grande Dia do Senhor. Não estamos imunes aos ataques do inimigo, e,  portanto, há muitas coisas que temos de fazer para nos manter preparados. Há 3 imperativos que o apóstolo apresenta nesse texto.
1. Não durmamos. Dormir é um estado de sonolência, e aqui temos um sentido figurado. Paulo se refere a dormir espiritualmente. Dormir significa aqui cair em uma sonolência espiritual, uma indiferença para com as coisas do Espírito Santo, uma letárgica indiferença frente às verdades, conselhos e advertências da Palavra de Deus.
Paulo diz: “Não durmamos como os demais.” Os demais podem ser os ímpios que estavam dormindo, indiferentes às coisas de Deus. Há muitas provas acerca da existência de Deus e do Seu amor que eles não aceitavam, como hoje. Há muitas evidências na própria Natureza do amor e cuidado de um Criador amorável e inteligente, que criou todas as coisas no mundo para o benefício do homem. Mas os homens estão dormindo, indiferentes à proximidade da vinda de Jesus Cristo e serão um dia apanhados pela destruição, como foi no passado.
Mas Paulo pode estar se referindo a alguns cristãos que dormiam o sono da apatia espiritual. Nunca houve tanta certeza como naquele tempo, em que, havia pouco, o Messias tinha sido morto, ressuscitado e assunto ao Céu. Mas muitos cristãos estavam dormindo espiritualmente. Portanto, Paulo lhes adverte: “Não durmamos como os demais.” E, como hoje, nunca houve um tempo de tanta luz, tanto conhecimento e tantas verdades esclarecidas e provadas. Mas há ainda na Igreja muita letargia e sonolência espirituais.
2. Vigiemos. Vigiar é uma admoestação de Cristo, agora repetida por Paulo. Vigiar é estar alerta, de sobreaviso, cuidando e se preparando, a fim de não cairmos no engano de Satanás, que estará feliz se conseguir iludir e enganar a muitos cristãos. Ele usa muitos meios do mundo e às vezes de certos elementos da igreja para nos desviar do caminho da santidade. Precisamos estar em constante vigilância, porque o Dia do Senhor está prestes a se manifestar, e para os cristãos será um dia de excelente glória.  
3. Sejamos Sóbrios. Ser sóbrio é ser moderado, temperante, parco, frugal no comer e no beber. Ser sóbrio é ficar num estado natural e saudável, sem intoxicação. O contrário de sobriedade é estar bêbado, intoxicado, total ou parcialmente. Satanás deseja que estejamos intoxicados ou com bebida alcoólica, ou com drogas, ou mesmo com ideias erradas da filosofia e dos costumes mundanos, e da moda atual. Se estivermos intoxicados, teremos o nosso cérebro afetado, e não poderemos corretamente discernir entre o mal e o bem.
De que modo devemos ser sóbrios? De que modo podemos evitar a intoxicação do inimigo? Como evitar os dardos intoxicantes do inimigo?
V. 8: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação.” “Revestindo-nos”: Vestir é colocar as vestes. Revestir é vestir de novo. Uma vez fomos vestidos, em nosso batismo, com essas virtudes do Espírito Santo. Mas isso não nos basta; precisamos ser revestidos diariamente com as virtudes espirituais. Precisamos de um batismo diário do Espírito Santo.
DE QUE NOS DEVEMOS “REVESTIR”? 
1. Devemos nos revestir da Couraça da Fé e do Amor. A couraça era uma arma de defesa que os soldados romanos usavam na época de Paulo, a fim de proteger o coração. A nossa couraça espiritual é de Fé e Amor. Fé na frente e amor atrás. Fé na frente porque ela vem primeiro. Logo, segue o amor, como um resultado da fé.
Fé e amor sempre vão juntos. Não podemos separar essas coisas. Paulo disse que a fé opera por amor (Gl 5:6). A fé deve ser operante e o amor deve ser abnegado. É impossível possuir um sem ter o outro. Se você tem fé, isso resultará na prática do amor. Se você tem amor, isso significa que você tem fé.
2. Devemos nos revestir do Capacete da Esperança da Salvação. O capacete era uma outra arma defensiva, que era colocada na cabeça do soldado, a fim de proteger a sua fronte. Assim, os cristãos têm a esperança da salvação para lhe proteger contra os dardos inflamados do maligno em sua mente.
Mas qual é a Razão de nossa Esperança? V. 9-10: “9  porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, 10  que morreu por nós para que, quer vigiemos [vivos], quer durmamos [mortos], vivamos em união com ele.” Quais são as bases de nossa esperança? A grande notícia se resume em 4 grandes declarações da revelação.
1. Não fomos destinados para a Ira. “Deus não nos destinou para a ira.” Os calvinistas dizem que Deus predestinou uma parte da humanidade para a salvação e a outra parte para a perdição. Dizem que não importa o que você faça, não importa qual a sua atitude, se você foi destinado para a perdição, você jamais será salvo. Por outro lado, se você foi predestinado para a salvação, não importam quais são os seus pecados e qual é a sua rebelião, você será fatalmente salvo, mesmo que isso seja na última hora.
Mas a Bíblia não ensina essa doutrina. Disse o apóstolo Paulo que “Deus, nosso Salvador... deseja que todos os homens sejam salvos.” (1Tim 2:3,4). Ora, se Deus deseja que todos sejam salvos, como poderia Ele destinar alguns para a salvação e outros para a perdição?
2. Fomos destinados para a Salvação. A Bíblia ensina que Deus nos predestinou para a salvação. Mas como se dá isso? Será que Ele é arbitrário, e obriga a todos para que todos sejam salvos contra a sua própria vontade? Não, Deus respeita o nosso livre arbítrio e as nossas escolhas, e predestina para a salvação a todos os que estão “em Cristo” (Ef 1:3).
Estar em Cristo é o status daqueles que deixando o status de Adão, deixando a velha vida de pecado, agora vivem confiados em Cristo, são batizados em nome de Cristo e foram imersos na morte de Cristo, e vivem na vida de Cristo. Como disse o apóstolo Paulo em Gl 2:19-20: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo se entregou por mim.” Isto é estar “em Cristo”. E todos os que estão em Cristo já não têm “nenhuma condenação” (Rm 5:1), e foram predestinados para a salvação  (Ef 1:3-4).
Deus escolheu a Cristo, como o nosso Representante. Ele disse:  “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo.” (Mt 3:17). Jesus Cristo é o Filho de Deus. E todos os que O aceitam, se tornam também filhos de Deus. E Ele falou mais: “Eis aqui o Meu Servo, que escolhi, o meu amado, em quem a Minha alma se compraz.” (Mt 12:18). Portanto, aqui vemos que Jesus Cristo foi o Escolhido de Deus. Então, todos os que O aceitam se tornam escolhidos de Deus. Esta é a Eleição divina: todos os que estão em Cristo, serão escolhidos, adotados e predestinados para a salvação. Ele “nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo.” (Ef 1:4-5).
3. Jesus Cristo morreu por nós. Foi porque Cristo morreu na Cruz do Calvário que temos a esperança da Salvação. Ele morreu a morte substituinte, Ele morreu por nós e em nosso lugar. A ira contra os nossos pecados foi derramada sobre o Cordeiro de Deus, a fim de que nós fôssemos poupados e salvos da ira. “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira.” (Rm 5:9).
Estamos nos aproximando do Dia do Juízo sobre toda a humanidade. Então, os juízos de Deus serão lançados sobre o mundo. Quando as 7 Últimas Pragas (Ap 16) forem derramadas sobre esta terra, então, os justos estarão livres da ira, e protegidos pela mão poderosa de Deus. Os justos confiam na salvação do Cordeiro de Deus que os livra da Sua própria ira. Esta será uma salvação completa e eterna.
4. Para que vivamos em união com Ele. O grande propósito da morte de Jesus Cristo na Cruz foi o de que nós fôssemos unidos a Ele, a fim de que pudéssemos ser destinados e predestinados para a salvação eterna, e nunca nos separássemos do Seu exorbitado amor. Quando Cristo morreu, nós que cremos em Seu sacrifício expiatório, fomos unidos a Ele. Assim escreveu o apóstolo Paulo: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6:5). Assim, agora, podemos viver em união com Cristo e esta união é eterna, se nós perseverarmos em estar sempre com Ele, aconteça o que acontecer.
APELO
V. 11: “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.” Como Paulo escreveu este parágrafo que estamos estudando (1Ts 5:1-11)? Ele fez uma introdução, montou o corpo do assunto, e agora, termina com um apelo. Este é um verdadeiro sermão, pronto para ser pregado e praticado. Um sermão para os nossos dias, os últimos dias da história deste mundo.
1. Consolai-vos. Se estamos esperando a vinda de Jesus Cristo e participamos das bênçãos deste conhecimento, podemos confortar a outros com esta grande e magnífica esperança. Certa vez, eu estava na fila de um banco e observei que à minha frente estava uma senhora que de repente se encontrou com outra pessoa que começou a tentar consolá-la sobre a morte de um ente querido. E ela dizia: “A senhora tem que ser forte! Estas coisas acontecem. Mas seja forte!” Você pode ver que as pessoas lá do mundo não têm consolação. Quem é que tem consolação? Somente os cristãos possuem consolação para dar. Nós temos uma esperança e a nossa esperança é a maior consolação. Embora os nossos queridos estejam falecendo, um dia nós os veremos novamente.
2. Edificai-vos. Esta era uma figura favorita do apóstolo, comparando a Igreja e a cada indivíduo crente a um edifício que deve ser edificado. Assim como na construção de um prédio, nós podemos ser edificados. Isto é, podemos crescer, podemos nos desenvolver. Já ouviu falar de “palavras edificantes?” Quando alguém fala alguma coisa nobre, uma coisa útil, nós somos edificados. Mas a recíproca também é verdadeira: quando alguém nos fala alguma coisa indigna, e nós aceitamos isso, nós somos degradados. Por isso é tão importante que só falemos e façamos coisas boas, coisas nobres, ainda mais sabendo que aquele dia se apressa e nós um dia teremos de dar contas de tudo o que se passa conosco. O Dia do Senhor virá como o ladrão para aqueles que estão despreparados. É nesse tempo em que devemos nos edificar.
3. Reciprocamente. De que modo devemos nos consolar e nos edificar? Reciprocamente, de modo mútuo, uns com os outros, em uma participação de amor cristão. Aqui é que entram as três virtudes básicas da fé, do amor e da esperança. Os crentes hão de se consolar e edificar reciprocamente nas virtudes que são os frutos do Espírito Santo. Não podemos ficar com elas só para nós mesmos, mas vamos participar disso com os da fé e com os que ainda não possuem essa fé que uma vez nos foi dada pela graça de Deus.
Paulo conclui as suas palavras elogiando aos crentes de Tessalônica: “como estais fazendo.” Eles já estavam “fazendo”, praticando exatamente isso! O apóstolo sempre estava disposto a reconhecer nos seus conversos, o bem que praticavam, mas não deixava de incentivá-los a prosseguirem nas boas práticas, como também os incentivava a intensificá-las.
Assim também hoje. Reconhecemos que muitos estão praticando as virtudes cristãs. Mas não devemos desanimar; devemos perseverar nas boas obras, e intensificá-las, enquanto aguardamos a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Foi Ele mesmo quem disse, ao falar dos sinais de Sua vinda: “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mt 24:13).
Vamos esperar o Dia do Senhor com fé, amor e esperança, enquanto ajudamos a tantos outros a se prepararem para aquele glorioso dia de ventura e felicidade. Vamos praticar as virtudes cristãs, cada vez com mais intensidade, e o mundo voltar-se-á para ver o poder que há em nós.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia