sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O sábado é uma Marca Registrada de Deus


1. O que a Bíblia fala sobre o sábado do sétimo dia?
Gênesis 2:2-3
“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.   E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.”
Êxodo 20:8-11
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.   Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra.   Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;   porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.”
Comentário – o sábado do sétimo dia é, em vários textos, chamado de “meus sábados” e se refere a uma instituição divina e eterna, porque tudo o que foi criado por Deus na eternidade deve ser eterno.
2. O sábado do sétimo dia foi abolido?
Malaquias 3:6
“Porque eu o Senhor não mudo, por isso vós, ó filhos de Jacó não sois consumidos.”
Comentário – a resposta é “Não”. Seria ilógica sua abolição, afinal o sábado do sétimo dia significa um carimbo da obra concluída, já realizada, pronta e entregue ao homem.
3. Quais são os sábados cerimoniais?
Colossensses 2:16
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.”
Gálatas 4:10
“Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.”
Oséias 2:11
“Farei cessar todo o seu gozo, as suas Festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades.”
Comentário – os sábados cerimônias apontavam para o futuro sacrifício do Messias e ocorriam em dias e períodos variados. Eram realizadas grandes festas religiosas e todo o povo era envolvido para manter viva na memória o Messias que deveria vir para oferecer a libertação definitiva do pecado. Lembrando apenas que o sábado do sétimo dia jamais foi substituído pelos sábados cerimoniais. Veja abaixo mais alguns exemplos:
-Levítico 25: 2, 4-5: são dias de festas, serviço religioso, sombra de libertação futura.
-Levítico 26: 34, 35-43: distingue com um “SEUS” que define um descanso em qualquer dos seis dias.
-2 Crônicas 36:21: também se refere a sábados de solenidade de qualquer dia, são “SEUS” sábados.
-Êxodo 13: 5 e 6: descanso como ação de graças ao entrar na terra para onde Deus os estava conduzindo.
4. Saiba quais eram os sete sábados cerimoniais:
  1. 1.     O Primeiro Dia dos Pães Asmos – 15o dia do 1o mês (Lev. 23:6);
  2. 2.     O Sétimo Dia dos Pães Asmos – 21o dia do 1o mês (Lev. 23:8,11);
  3. 3.     Dia de Pentecostes – 6o dia do 3o mês (Lev. 23:24;25);
  4. 4.     Festa das Trombetas – 10o dia do 7o mês (Lev. 23:16,21);
  5. 5.     Dia da Expiação – 10o dia do 7o mês (Lev. 23:29-31);
  6. 6.     Primeiro Dia da Festa do Tabernáculos – 15o dia do 7o mês (Lev. 23:34;35);
  7. 7.     Sétimo Dia da Festa dos Tabernáculos – 22o dia do 7o mês (Lev. 23:36).
 5. O que representava o ano sabático?
Levítico 25:1-7
“Disse o SENHOR a Moisés, no monte Sinai:   Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, então, a terra guardará um sábado ao SENHOR.   Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos.   Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha.   O que nascer de si mesmo na tua seara não segarás e as uvas da tua vinha não podada não colherás; ano de descanso solene será para a terra.   Mas os frutos da terra em descanso vos serão por alimento, a ti, e ao teu servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina contigo;   e ao teu gado, e aos animais que estão na tua terra, todo o seu produto será por mantimento.
Comentário – o ano sabático era comemorado após 6 anos de plantio. O objetivo era dar uma descanso para a terra, levar o povo a reconhecer as providências divinas, incentivar a sociabilidade e a educação.
6. Os sábados cerimoniais foram abolidos?
A resposta é “Sim”. Todas as festas eram anúncios da vinda do Messias e se cumpriram na vida de Cristo Jesus. Ninguém continua divulgando a chegada de um evento que já ocorreu.
Resumo:
Existem dois tipos básicos de sábado: o sábado do sétimo dia e os sábados cerimoniais. Os dias de descanso cerimoniais anuais, em conjunto com o festival de ciclo anual, não estavam relacionados aos sábados do sétimo dia ou ao ciclo semanal. Cada um desses outros sábados, ou dias de descanso, tinham uma data fixa para serem celebrados e assim caíam em dias diferentes da semana a cada ano. Eram, portanto, propriamente chamados sábados anuais, em contraste com os sábados semanais. O sábado do sétimo dia continua vigente porque é eterno.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O perigo digital de uma morte brutal

A notícia é chocante. A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã da segunda-feira 5 de maio, dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores do Guarujá, no litoral de São Paulo.
Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que a dona de casa sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.
Recebi em um e-mail o link que apontava para um vídeo no YouTube com as imagens do espancamento. Confesso que não tive coragem de clicar para ver a brutalidade e a frieza de uma multidão inflamada querendo fazer “justiça” contra uma suposta suspeita.
O pior do caso é que o retrato falado atribuído a Fabiane havia sido feito por policiais da 21ª DP do Rio de Janeiro (Bonsucesso), em agosto de 2012. Na ocasião, uma mulher foi acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe em uma rua de Ramos, na Zona Norte do Rio. Essa mulher nunca foi identificada. A partir daí, a imagem passou a ser divulgada nas redes sociais como sendo de uma sequestradora.
Os suspeitos de agredir Fabiane ainda não foram identificados pela polícia. Segundo a investigação, não havia casos de sequestros de crianças na região. Fabiane sofria de problemas mentais, mas não tinha qualquer registro na polícia.
De quem é a culpa sobre o crime? Há os que dizem ser dos responsáveis pela divulgação da nota. Hoje vivemos numa revolução da informação causada em grande parte pelo crescimento das redes sociais, onde todos tornaram-se geradores de conteúdo.
Neste ponto entramos em uma questão filosófica e ética do qual nem todos os que estão produzindo conteúdo têm a consciência da responsabilidade sobre o que compartilham ou postam. Publicar sem responsabilidade pode incitar ações desproporcionais e incontroláveis. Isso não é cercear a liberdade de expressão, mas ressaltar o cuidado e o perigo que estão por trás do que escrevemos ou falamos.
Outros colocam a culpa sobre os agressores que foram os agentes da execução. No momento do linchamento, os sentimentos estão em convulsão e as percepções se tornam confusas. Não há compaixão, senão somente o desejo de fazer a pessoa sofrer até onde ela resistir. Cenas de violência desproporcional e descabida contra alguém que nem sabiam quem era ou se tinha feito o que a acusaram.
Não há justificativa para a barbárie, mas vemos como pessoas são mobilizadas pela massa para um ato perverso. Alguém disse que foi ela e então começaram os atos.
Existem aqueles que acham que os que reprovavam aquela cena deveriam ter se manifestado e impedido que aquilo continuasse. Como não se manifestaram, foram coniventes e por isso também se tornam culpados pelo acontecido.
Cada um com sua parcela, uns mais outros menos, revelam uma sociedade enferma. Ver tudo isso deixa o meu coração triste e ao mesmo tempo almejando a solução definitiva para todos os problemas que assaltam a humanidade que é a volta de Jesus.
Uma humanidade dividida e altamente consumista orgulhosa de uma cultura que só pensa em levar vantagens sobre o outro com um tal jeitinho e que afasta constantemente os seus ouvidos do que diz a Palavra de Deus. Com isso, torna-se palco para manifestações de ódio e ira. Hoje falamos de Fabiana e amanhã outros nomes surgirão, infelizmente.
Qual será o limite para tudo isso? Até onde vamos? Reconheço também que essa é mais uma manifestação dos tempos alertados por Jesus: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” em Mateus 24:12.
O mundo não está fácil para ninguém. Há alguns anos um relatório da ONU afirmou que 11 milhões de crianças com menos de cinco anos estão morrendo todos os anos – boa parte delas por causa de doenças que podem ser evitadas ou tratadas, como a malária e o sarampo.
O mesmo documento afirma que mais de 800 milhões de pessoas não têm acesso a quantidades suficientes de comida e um quarto das crianças com menos de cinco anos são subnutridas. Esse relatório é uma avaliação dos Objetivos do Milênio, que visam reduzir drasticamente a fome e a pobreza até 2015. E ele ainda conclui que milhões de pessoas estão afundando cada vez mais na pobreza na África, especialmente na parte que fica abaixo do deserto do Saara.
Não há esperança ou expectativa longe de Deus. Eu creio assim e decidi entregar a minha vida para isso. Essa não é a vida que Deus planejou para nós. Ele tem algo melhor e quero lhe convidar para viver confiante de que tudo isso passará.
O conselho de 2 Crônicas 20:20 é “crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros” e só nEle estaremos verdadeiramente seguros.
 Autor: Rafael Rossi

sábado, 16 de agosto de 2014

O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO


“Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, “
Apocalipse 1:10


Os que insistem em pregar que o sábado passou, e que os cristãos estão hoje desobrigados de sua observância, afirmam apoiarem-se nos ensinamentos de Jesus ou dos apóstolos para justificarem tal mudança na Lei. Mas Jesus realmente ensinou que o sábado não mais deveria ser guardado? Aboliu o Senhor este mandamento, e colocou o domingo em seu lugar, como o dia de adoração para os cristãos? Vejamos o que diz a Palavra do Senhor, pois o sábado aparece mais de 60 vezes no Novo Testamento. Vamos analisar agora as passagens dos evangelhos que tratam sobre o sábado:
a) Mt 12:1-14 (cf. Mc 2:23-3:6; Lc 6:1-11)
Nesta passagem Jesus é interrogado por estar colhendo espigas no sábado. São os fariseus que condenam esta ação, pois eles haviam sobrecarregado o sábado com inúmeras “mini-leis”, que deveriam disciplinar a observância desse dia. Jesus, então, responde com a famosa frase: “O Filho do Homem é Senhor do sábado”. Ora, Jesus é Senhor de tudo, INCLUSIVE do sábado. Esta declaração não dá nenhuma margem para que o sábado fosse abolido ou minimizado; apenas demonstra que Jesus possuía (e possui) uma autoridade superior àquela que os fariseus estavam dando a Ele, ou seja, para os fariseus Jesus não passava de um impostos, mas o Mestre demonstrou o erro dos “doutores”, ao declarar que o sábado era um dia criado por Ele, por isso, apenas Ele tinha total autoridade sobre esse dia.
Em seguida, surge a situação da cura do homem da mão ressequida. Jesus já sabia muito bem que os fariseus não concordariam com uma cura realizada no sábado, mas o Senhor conhecia o coração hipócrita desses líderes, que estavam dispostos a sacrificar uma vida humana (especialmente se fosse de um pobre) mas não achavam errado socorrer um animal ferido no sábado, quando isso pudesse trazer algum retorno financeiro para eles.
A passagem em questão termina de forma bastante interessante (cf. Mt 12:14), pois os fariseus estavam acusando Jesus de “transgredir” a Lei, mas eles próprios não estavam se dando conta de que um mandamento também dizia para “não matar”. Que ironia!
O evangelho de Marcos (2:27) acrescenta a declaração de Jesus de que o “sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”. Isto é perfeitamente compreensível e verdadeiro, pois tudo neste mundo (natureza, animais, igreja, família, sexo, salvação, sábado, perdão, etc.) foi criador pelo Senhor para benefício da Sua mais importante criatura – o homem. Tudo foi feito “por causa”, ou seja, em benefício do homem. Dizer que nesta declaração Jesus está afirmando que não precisamos obedecer o mandamento do sábado é, no mínimo, um desprezo às mais elementares regras de interpretação de texto.
b) Mt 24:20
Esta é uma passagem que demonstra a verdadeira noção de importância que Jesus dava ao dia de sábado. Nesta profecia, o Senhor declara que a fuga dos discípulos nos períodos de tribulação não deveria ocorrer no sábado, pois isto certamente os encontraria desprevenidos por estarem envolvidos na preparação e santidade deste dia. Jesus foi tão preciso em Sua profecia, que o exército romano entrou e destruiu Jerusalém no ano 70 d.C., ou seja, aproximadamente 40 anos após Jesus ter feito a declaração de Mt 24:40. Que importante e inquestionável testemunho da validade que o sábado tem na vida de adoração do crente, mesmo após a ressurreição do Salva-dor. Jesus desejava que o sábado permanecesse como dia de adoração, mesmo após Sua morte e ressurreição, como fica evidente pela leitura desta passagem. Este é um dos muitos versos que os inimigos do sábado nem mencionam, pois não conseguem explicá-lo sem distorcer o real sentido da passagem.
c) Mt 28:1-10 (cf. Mc 16:1-11; Lc 24:1-12; João 20:1-10)
Este texto trata da ocasião em que Jesus foi crucificado e ficou durante o sábado na sepultura. Novamente, em nenhum momento há qualquer menção sobre a abolição do sábado para os cristãos. Há o relato histórico de que foi numa sexta-feira (chamado de “dia da preparação” para o sábado – Mc 15:42) que Jesus foi crucificado, permanecendo durante todo este dia na sepultura, e ressuscitando apenas na madrugada do domingo. Interessante notar que este foi o único dia em que Jesus ficou integralmente na sepultura, descansando do mesmo modo como havia feito na Criação (cf. Gên. 2:1-3; João 1:1-14).
d) Lc 4:16
Que texto maravilhoso! Uma declaração absolutamente clara de que era “costume”, ou seja, era um hábito normal de Jesus estar na sinagoga (a igreja da época) no dia de sábado. Ele, como Criador e Mantenedor de tudo, não poderia deixar de lado algo que Ele mesmo criou, santificou, abençoou e deixou como exemplo para toda a humanidade. Este é outro texto que os inimigos do sábado não conseguem argumentar contra, sem distorcer o que a Bíblia está ensinando.
e) Lc 13:10-14:6 (cf. João 5:9-9:16)
Novamente Jesus é interrogado sobre a legalidade de se realizarem curas no sábados. É evidente que não se pode usar o sábado como desculpa para não operar o bem ao próximo. Os fariseus, porém, atolados em sua hipocrisia e ganância, preferiam “fechar os olhos” para algo tão claro, revelado no amor de Deus. O texto é muito claro em dizer que os fariseus “nada puderam responder” a Jesus (cf. Lc 14:6).
f) Lc 23:56
Outro verso para o qual os inimigos do sábado não conseguem dar uma explicação eficaz e verdadeira, sem distorcer o texto bíblico. Se Jesus REALMENTE havia ensinado ou insinuado que o sábado era desnecessário na nova aliança, e que o “tempo da graça” havia chegado, por que estas mulheres continuaram guardando-o? Não havia chegado a hora de coloca este “jugo” de lado, como o dizem muitos hoje?
Estas santas mulheres, que permanecerem ao lado de Jesus durante Seu ministério terrestre; que ouviram os ensinamentos divinos dos lábios do próprio Senhor do Universo; que sabiam das respostas que Jesus havia dado aos fariseus acerca do tema do sábado, como vimos anteriormente; que presenciaram a crucifixão do Seu Mestre; estas mulheres não abandonaram o mandamento do sábado quando Jesus morreu, e muito menos adoraram no domingo, como fazem os pseudo seguidores de Jesus da atualidade. Elas permaneceram fiéis à Lei do Senhor, e “descansaram segundo o mandamento” (cf. Êx 20:8-11). Mais claro que isso é impossível…
Eu já li muitos livros escritos pelos inimigos do sábado que sempre citam a passagem de João 20:19 para apoiarem sua teoria de que os discípulos trocaram o sábado pelo domingo, após a ressurreição de Cristo. Basta uma leitura sincera do texto para ver que o motivo que levou os seguidores de Jesus a estarem reunidos naquele dia era o “medo dos judeus”. Não estavam ali fazendo uma missa ou culto de adoração, mas estavam era se escondendo da perseguição que já estava sendo iniciada.
É muito fácil distorcer o texto bíblico, ou qualquer outro texto interpretativo, para favorecer um pensamento pessoal de um indivíduo ou denominação. Mas o Espírito Santo ajuda àqueles que, sinceramente, buscam descobrir a verdade acerca do viver que agrada ao Senhor. Não encontramos em nenhum lugar da Bíblia a palavra “domingo”, nem qualquer menção à mudança do sétimo para o primeiro dia da semana, nem por Jesus, nem pelos Seus apóstolos (como veremos adiante).
Se você deseja seguir o exemplo de Jesus e das pessoas que O seguiam, então você não pode mais desprezar a santidade do sábado, e deve procurar imediatamente concertar sua vida com o Senhor, pedindo perdão a Ele pela “cegueira” que fez com que este dia fosse menosprezado em sua vida.
Os Adventistas do Sétimo Dia sentem-se felizes e aliviados por terem a plena certeza de que a bênção do Senhor está sempre sobre aqueles que fazem Sua vontade, apesar de possíveis perseguições, humilhações, escárnios ou desprezo daqueles que fecham os olhos para o claro ensino bíblico acerca do verdadeiro dia do Senhor – o sábado (cf. Ap 1:10: Is 58:13; João 20:1, 19). Nosso próprio nome já é um testemunho ao mundo de que Jesus é o Senhor da Igreja Adventista (cf. Ez 20:12, 20).
O Sábado no Livro de Atos
Este livro é muito esclarecedor porque nos mostra um resumo de como era a vida na Igreja que estava iniciando seus primeiros passos. Certamente é no livro de Atos que poderemos encontrar alguma base de autoridade para a rejeição atual do sábado do sétimo dia, se é que existe tal base.
1:12 – Esta é a primeira menção ao sábado no livro de Atos, apenas fazendo referência ao costume de andar uma curta distância durante este dia (aproximadamente 1 Km).
13:14 – Os discípulos procuram uma sinagoga para pregar. São acolhidos com atenção e aproveitam para pregar sobre Jesus (vv. 16-41), acrescentando que em todos os sábados são lidos os ensinamentos de Deus nas sinagogas (v. 27).
13:42 – Os discípulos receberam o convite para retornarem no próximo sábado, e continuarem a maravilhosa pregação sobre Jesus.
13:44 – Quase toda a cidade veio no sábado para ouvir o que os discípulos tinham ainda para falar. Percebemos que não eram todos judeus (como os inimigos do sábados dizem hoje), pois estes estavam tentando desfazer a pregação dos discípulos diante da multidão (v. 45).
15:12-21 – Esta é uma passagem reveladora, pois foram determinadas algumas coisas que não mais poderiam ser impostas sobre os gentios conversos ao cristianismo. Pergunta-se: Por que os apóstolos não incluíram o sábado entre os temas proibidos???? Não dizem hoje que eles trocaram o sábado pelo domingo, logo após a ressurreição???? Fica evidente que os inimigos do sábado hoje em dia estão mais interessados em tradições humanas, do que seguir os princípios que os discípulos de Jesus demonstravam em sua própria vida.
16:11-15 – Alguns dizem que os discípulos pregavam no sábado apenas para aproveitar as sinagogas judaicas. Mas a passagem em questão revela claramente que não era este o real motivo. Paulo, como você sabe, foi um apóstolo que não conviveu pessoalmente com Jesus, tendo sido convertido alguns anos após a ressurreição do Mestre. Paulo é encontrado aqui neste texto procurando “um lugar de oração”, no sábado, afastado da cidade? Por que??????????? Será que o Espírito Santo não havia orientado o apóstolo a abandonar os “rudimentos” do judaísmo, como dizem os inimigos do sábado? Fica muito claro para o leitor sincero que Paulo, um dos maiores apóstolos de Cristo, nunca ensinou a abolição do sábado do sétimo dia, e ele mesmo vivia a santidade deste dia especial por onde quer que andasse.
17:1-3 – Novamente, Paulo é visto aproveitando o sábado para pregar a salvação em Cristo àquelas cidades.
18:1-4 – O apóstolo da graça e dos gentios tinha uma profissão – fazer tendas. Mas o texto é claro ao dizer que Paulo fechava sua oficina ou sábado (ou será no domingo, e a pessoa que digitou a Bíblia era Adventista e mudou a digitação para sábado????). Paulo adorava o Senhor Jesus no dia de sábado, como fica evidente pelo texto bíblico, e se dirigia ao local de adoração para pregar sobre a salvação em Jesus. Percebe-se facilmente (basta ler sem preconceitos) que não era apenas para encontrar os judeus que Paulo ia à sinagoga no sábado, pois o próprio texto afirma que ele pregava também aos gregos neste dia, e bem sabemos que os gregos não santificavam o sábado.
19:17-27 – Nesta passagem, Paulo afirma enfaticamente que estava de consciência limpa porque ensinara TUDO que era importante para os gentios viverem uma vida de verdadeiros cristãos, bem como mostrara para eles TODO o desígnio de Deus para suas vidas. Mas em NENHUM momento ele fala para eles abandonarem o sábado e adorarem o Senhor no domingo. Que interessante!
O Sábado Nas Epístolas Paulinas
Vamos analisar uma passagem na qual Paulo refere-se ao sábado, e esta é muito utilizada pelo inimigos do sábado para “provarem” que o apóstolo não aceitava a guarda deste dia.
Col. 2:16 – Paulo está dizendo aqui que o sábado não é importante para o crente da nova aliança? É mesmo isso que o texto está ensinando? É muito fácil para aqueles que agem com falsidade e infidelidade para com a Bíblia, simplesmente isolarem um texto de seu contexto, e ensinarem deturpações doutrinárias que a Bíblia nunca autorizou. Eu conheço diversas denominações que surgem dessa forma, através da interpretação equivocada e destituída de sinceridade com que alguns ensinam algum texto bíblico (por exemplo: batismo pelos mortos, arrebata-mento secreto, dom de línguas, prosperidade material, imortalidade da alma, comer de tudo, uso de véu pelas mulheres, guarda do domingo, mariolatria, etc… apenas para citar algumas).
O contexto da passagem de Col. 2:16 revela claramente que o tema não era propriamente o sábado do sétimo dia. O verso 17 acrescenta que o que havia sido mencionado no v. 16 (lua nova, festas, sábados) era apenas uma SOMBRA de coisas futuras. Mas o sábado do 4º manda-mento (cf. Êx 20:8-11) era sombra de quê? De absoluta-mente nada!
Quando Paulo fala em Colossenses que o sábado era uma sombra, certamente ele se referia aos dias sabáticos cerimoniais (cf. Lv 23), que apontavam para a redenção que o Messias operaria em Israel, cujo cumprimento veio na Pessoa Divino-Humana de Jesus Cristo. No próximo tópico vamos analisar melhor estes “sábados” que apontavam ao Messias.
O Sábado no Apocalipse
1:10 – Alguns querem defender que este verso indica que o “dia do Senhor” é o domingo. Porém um estudo apurado do texto no seu original grego demonstra que traduzir “dia do Senhor” por “domingo”, como acontece com algumas versões tendenciosas da Bíblia, é um equívoco. A expressão que aparece no texto grego de Ap 1:10 é KURIAKÊ EMÊRA, que significa apenas “dia do Senhor”, nada tendo a ver com o domingo.
Relembremos qual era o dia que os discípulos consideravam como sendo o “dia do Senhor”. Basta ler alguns textos-chaves, como João 20:1, 19, por exemplo, para vermos que João considerava o sábado como sendo o verdadeiro “dia do Senhor”. Traduzir este verso, colocando a palavra “domingo” como sendo a correspondente de KU-RIAKÊ EMÊRA é uma tentativa desesperada de incluir na Bíblia alguma base para a guarda de um dia, cuja Palavra de Deus nunca autoriza a ser guardado, muito menos em substituição ao sábado do sétimo dia.
14:6-7 – Interessante notar que a mensagem que o 1º anjo recebeu para levar a todo o mundo era uma exortação para adorarem a Deus como “Criador” de todas as coisas. O mais curioso é que o único mandamento que revela o motivo pelo qual o Senhor deve ser adorado é o 4º – o do sábado (cf. Gên. 2:1-3; Êx 20:8-11), e pratica-mente a mesma seqüência de palavras é utilizada em ambas as passagens (cf. Êx 20:11; Ap 14:7), ou seja, devemos adorar Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo o mais. Coincidência? Não. A Bíblia é um livro de “providências”.
Os santos de Deus, no Apocalipse, são retratados como sendo aqueles que “guardam os mandamentos de Deus” (cf. 12:17; 14:12; Sal. 119:152). E a Bíblia considera a guarda dos mandamentos como sendo válida SOMENTE quando TODOS os mandamentos são obedecidos, inclusive o 4º (cf. Tg 2:10-11).
Como pudemos ver no texto bíblico, não há uma única palavra autorizando a abolição do sábado do sétimo dia; pelo contrário, vemos que TODOS os discípulos de Cristo continuaram guardando este dia, mesmo muitos anos após a Sua morte, como foi o caso de Paulo, por exemplo.
Há algumas passagens que tratam do primeiro dia da semana. Mas, será que elas autorizam alguma mudança? Vejamos…
a) “No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro” (Mt 28:1). O verso apenas diz que elas foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, após o sábado, pois elas haviam descansado no sábado em obediência ao mandamento (cf. Lc 23:54-56). O verso nada fala sobre a santidade do domingo após a ressurreição de Jesus.
b) “E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo” (Mc 16:2). Outro verso que apenas faz o relato de que as mulheres foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, e apresenta que só foram neste horário porque o sábado já havia passado (cf. Mc 16:1). Nada fala sobre a santidade do domingo, e ainda confirma que elas guardavam o sábado do Senhor.
c) “Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios” (Mc 16:9). Apenas mais um relato sobre o momento histórico no qual Jesus ressuscitou. Mais uma vez, nada é apresentado sobre a pseudo-santidade do domingo como dia da ressurreição de Cris-to.
d) “Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado” (Lc 24:1). Como o último verso do cap. 23 deixa claro que aquelas mulheres guardavam o sábado, foi só passar o pôr-do-sol e elas foram ao sepulcro realizar o trabalho que havia sido deixado por fazer, para não se transgredir as horas santas do sábado do Senhor (cf. Lc 23:54-56). Você vê algo neste verso que autorize a santidade do domingo? Nem eu…
e) “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida” (João 20:1). Apenas a repetição das passagens anteriores. Ninguém está questionando que Jesus ressuscitou no domingo, mas dizer que por este motivo este dia agora ficou no lugar do sábado, é acrescentar palavras que não estão no texto inspirado da Bíblia. Até aqui ainda estou esperando para ver onde está a tal “autorização” para mudar o sábado para o domingo…
f) “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco” (João 20:19). O texto é muito claro em afirmar o motivo pelo qual eles estavam reunidos: o medo dos judeus. Não tinha nada que ver com um culto ou missa dominical. O v. 26 diz que oito dias depois Jesus Se apresentou novamente para os discípulos. Jesus encontra-os ainda escondidos dos judeus, com as portas trancadas, e aproveita para apresentar-Se a Tomé, que estava ainda duvidando de Sua ressurreição. Nada ainda encontramos sobre a autoridade de mudar o sábado para o domingo. E olha que este seria um bom momento para Jesus aproveitar e ensinar para os discípulos que o domingo agora deveria ser o dia de guarda. Mas… se você encontrar tal ordem na sua Bíblia avise-me, pois eu ainda não a encontrei.
g) “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite” (At 20:7). O motivo pelo qual os discípulos estavam reunidos neste primeiro dia da semana é revelado no próprio texto bíblico: Paulo estava para viajar no dia seguinte. Nada mais. Não era um culto semanal dominical, pois já vimos que Paulo adorava o Senhor no sábado (cf. At 16:11-15; 18:1-4; etc.). Ainda nenhuma palavra sobre a mudança do sábado para o domingo. Será que não vamos encontrá-la?!
h) “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1Co 16:2). Este é o ÚLTIMO dos oito únicos versos do Novo Testamento que fala sobre o primeiro dia da semana. Já vimos que as sete passagens anteriores nada falam sobre a autorização para os cristãos mudarem o sábado para o domingo. Resta agora analisar esta última passagem. Paulo está falando sobre uma ajuda que seria enviada para os irmãos da Judéia (v. 1; cf. At 11:28-30). Os irmãos não são orientados a se reunirem no primeiro dia da semana para adorarem ao Senhor. O apóstolo dá uma orientação para separarem sua contribuição “em casa”, muito provavelmente junto com as provisões semanais da própria família. Quando Paulo visitasse a cidade, as ofertas já deveriam estar todas prontas. O fato de os discípulos se reunirem em um dia específico, além do sétimo semanal, não faz de tal dia um substituto do sábado do 4º mandamento, pois eles se reuniam diariamente (cf. At 5:42). O que torna um dia “santo” é a determinação de Deus, e isto acontece na Bíblia SO-MENTE para o sábado (cf. Gên. 2:1-3; Êx 16:1-10: 20:8-11).
Analisamos as passagens do Novo Testamento que tratam do sábado, e vimos que TODOS os discípulos e seguidores de Jesus guardaram este dia normalmente, pois fazia parte do seu dia-a-dia. Não há nenhum cogitação entre os discípulos sobre a mudança do sábado para outro dia qualquer. Infelizmente, tal pensamento só existe na mente dos que não querem obedecer aos mandamentos do Senhor, opondo-se arrogantemente à Palavra de Deus.
Se nossa base de fé estiver unicamente na Bíblia, e não na tradição ou mandamentos de homens (cf. Mc 7:13; At 5:29), então o único dia semanal que devemos separar para adorar ao Senhor, deixando de lado afazeres seculares e comuns, é o sábado do sétimo dia.
Seja fiel, e Deus abençoará grandemente sua vida; afinal Ele promete: “Grande paz têm os que amam a Tua Lei; para eles não há tropeço” (Sal. 119:165).
Os Adventistas, sim, podem confiantemente saudar a todos com a “paz do Senhor”, pois ela acompanha apenas os não se desviam da Lei do Príncipe da Paz (cf. Pv 28:9).


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A morte de Eduardo Campos e Robin Williams



Eduardo Campos (1965-2014)
A morte de duas figuras públicas chocou o Brasil e o mundo nesta semana. Eduardo Campos era candidato à presidência do nosso país e morreu inesperadamente num acidente de avião ocorrido na manhã da última quarta-feira, em Santos, SP. Robin Williams foi protagonista de filmes hollywoodianos famosos, um grande ator ganhador de Oscar. Suicidou-se na manhã de segunda-feira. O que a morte desses dois homens, pais de família, ricos e famosos tem a nos ensinar? A primeira (e mais óbvia) lição é a de que a vida é um patrimônio muito frágil, e que a morte, cedo ou tarde, chega para todos. Campos tinha mil e um planos relacionados com sua candidatura. Sabe-se lá o que se passava em sua mente durante aquele voo que o levaria a novos compromissos de campanha... Poderia, eventualmente, ser o novo presidente do Brasil (quem sabe não nesta eleição, mas no futuro, pois ainda era jovem, com seus recém-completados 49 anos). Tudo isso foi interrompido na queda do avião que o levava do Rio de Janeiro para Guarujá, juntamente com parte de sua equipe. Sonhos e planos interrompidos. Uma vida interrompida. E o pior de tudo: uma família que fica sem o pai, apenas dois dias depois do Dia dos Pais.

Robin Williams (1951-2014)
Williams construiu uma carreira de sucesso e galgou a escada da fama como poucos no concorrido mundo das celebridades. Notabilizou-se por filmes como “Bom Dia, Vietnã”, “Sociedade dos Poetas Mortos” (carpe diem, quem daquele tempo não se lembra?), “Patch Adams” e “Uma Babá Quase Perfeita”. Aliás, uma das especialidades do ator era fazer rir. Suas comédias encantaram milhões de pessoas mundo afora. Então por que um fim tão triste? Longe das câmaras, Williams vivia seus dramas, como qualquer mortal comum. Apesar de ter tido um patrimônio avaliado em 280 milhões de reais, o ator estava envolvido em dificuldades financeiras por causa de dois divórcios (ambos teriam custado algo como 76 milhões ao ator). Além disso, ele também lutava contra o vício em cocaína e álcool, desde os anos 1970. Com depressão profunda, Williams pôs fim à sua vida cortando o pulso e se enforcando com um cinto.

Em 1998, em entrevista à revista Veja, Williams falou abertamente sobre a dependência química. “Eu me tratava com um psiquiatra que dizia não haver problema em cheirar cocaína, desde que o consumo fosse controlado”, afirmou. “Até o dia em que descobri que ele cheirava muito mais do que eu. O efeito da droga é extremamente sedutor. O problema é que ela passa a dominar você, a controlar sua vida.” Na mesma entrevista, ele contou que a paternidade o levou a largar as drogas, em 1983. “Queria acompanhar todo o processo de gravidez e parto, sem perder nada. Sabia que ser pai já seria uma transformação louca e problemática sem drogas – imagine com elas.” 

Por 20 anos, Williams ficou sóbrio e viu sua carreira deslanchar, mas, em 2003, ele voltou a beber. Três anos depois, foi internado em uma clínica de reabilitação, por intervenção da família. Em 2010, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o ator contou que estava frequentando semanalmente as reuniões dos Alcoólicos Anônimos (AA). Em julho de 2014, ele decidiu por conta própria se internar mais uma vez em uma clínica de reabilitação. Foi a última vez.

Campos e Williams: dois pais de família, duas figuras públicas, dois homens de sucesso. Cada qual deixa um legado, mas não é isso que vai consolar as esposas e os filhos. Tenho certeza de que eles dariam tudo para tê-los de volta. E é justamente isto o que nos deve fazer pensar neste momento – e sempre que a morte nos faz recordar nossa finitude e fragilidade: os relacionamentos são a coisa mais importante da nossa vida. Devemos investir tempo, energia e sentimentos nas pessoas. Devemos amar de todo o coração e intensamente, pois o cronômetro da existência terrena corre rápido, e o que passou, passou.

Mas há ainda algo mais importante do que os relacionamentos humanos. Nosso relacionamento com Deus. Por quê? Porque é nesse relacionamento que temos a esperança de tornar eternos os demais relacionamentos. Ainda que a morte encontre um fiel filho de Deus, ele sabe que ela não é definitiva, e os seus que também creem têm a esperança do reencontro por ocasião da ressurreição (conheça mais sobre isso aqui). Conselheiros, psicólogos e amigos ajudam nos momentos de dor, mas são falíveis, limitados e mortais como nós mesmos (e Williams aprendeu isso com seu psiquiatra). Por isso, precisamos nos amparar num Amigo cujos ombros são amorosos e todo-poderosos. Ali podemos chorar, gritar, desabafar. Ali encontramos o verdadeiro conforto, que não é apenas emocional, mas de alma. Ali encontramos a esperança de que esta vida curta e dolorosa não é o “fim da linha”; que há muito mais além.

Mais um detalhe sobre Campos: ele tinha esposa e cinco filhos. Uma bela família e um exemplo meio raro nesse aspecto, vindo de figuras públicas e de famosos, em nossos dias. A morte dele deixa nosso país mais carente de bons exemplos; mais depauperado em sua já escassa reserva moral. Certa ocasião, Campos recebeu de presente o livro A Grande Esperança, de Alejandro Bullón. Deus queira que ele tenha tido tempo de lê-lo. E que Deus conforte o coração de todos os que sofrem a perda desses homens.

Michelson Borges

sábado, 9 de agosto de 2014

Os físicos e a Bíblia


Uma conversa sobre a origem do Universo com o grande físico Cesar Lattes

– No princípio, Deus criou os céus e a terra.
– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...
– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das águas.
– Tinha o céu, a terra e as águas. Então, o que Ele disse?
– Deus disse: “Faça-se a luz.”
– Ele estava no escuro...
– E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou “dia” a luz e às trevas, “noite”. Assim surgiu a tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.
– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?

Foi assim que começou o diálogo entre uma repórter e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp (falecido em 2007). O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista. Dia agradável, ensolarado, na casa simples e acolhedora do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, onde se abriga a família de um dos maiores cientistas do mundo. 

Em 1947 Lattes descobriu o méson-pi, depois de expor chapas fotográficas muito sensíveis, conhecidas como emulsões nucleares, à altitude de 5,6 mil metros do Monte Chacaltaya, na Bolívia, onde a detecção dessas partículas seria presumivelmente mais favorável. “Mas mais emocionante foi detectar os mésons produzidos artificialmente, com Eugene Gardner, em Berkeley”, relembra o mestre.

Vverbete da Enciclopédia Britânica, Lattes dizia aceitar a Bíblia como a origem da matéria. Curitibano, foi um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e tornou-se professor da Unicamp em 1967. 

Abaixo, trechos da entrevista do Jornal da Unicamp com Cesar Lattes:

O que o senhor acredita ser aceitável para explicar a origem do Universo?
A realidade objetiva, a realidade no duro, é a resultante da superposição de todas as vontades: animais, vegetais, minerais e objetos manufaturados. Tudo tem alma. Até esse fósforo que acabei de acender. Vamos falar de Universo: cada ser é um Universo. Dizem que existem infinitos Universos. Eu não consigo conceber o conceito de infinito. Então, da origem de qual deles vamos falar? Das galáxias? Olha, eu acredito nesse livro aqui (bate na capa da Bíblia). Professo acreditar no que o cientista fala – porque é assim que ganho dinheiro como professor –, mas eu não acredito, acredito na Bíblia. As galáxias, dizem eles, está na moda, e o Big Bang, o traque enorme há 18 bilhões de anos, originou o Universo. Mas apareceu onde? No espaço e no tempo. Deus criou a matéria. Então, a origem do Universo, de acordo com os bobocas dos astrônomos, foi há 18 bilhões de anos. Só que o Sol existe apenas há 5 bilhões de anos... Eles dizem também que o Universo está em expansão. É o que dizem.

E o senhor, o que diz?
(Bate cinco, seis vezes sobre a Bíblia) 

Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão...
Deus criou. E eu não brigo com astrônomos por isso, porque eu não os levo a sério.

Se formos falar nas teorias atuais...
Quais? Temos a budista, a da Santa Igreja Católica e as que ensinam nas universidades ocidentais...

Qual a avaliação que o senhor faz da discussão de teorias recentes sobre a origem do Universo nas universidades?
Charlatanice! Porque falam de coisas sobre as quais não se pode fazer experiência. O conhecimento vem da observação. E, mediante a observação, a gente faz medidas em geral para chegar às leis. O que se pratica nas universidades é muito limitado. Para se abrir a observação é preciso trabalhar.

Quais as principais diferenças entre a Física de hoje e a praticada há 50 anos?
Muito mais charlatanesca, porque o pessoal fica falando bobagens... Big Bang, materialização da energia... Energia não se materializa, energia é energia. Eu estou escrevendo um tratado, cujo título é “Tempo, Espaço, Matéria e Velocidade Limite”, ou “Energia, Momento, Massa e Velocidade Limite”. Você não pode materializar energia. Estudar a expansão do Universo é difícil. A gente pode tentar observar o Universo. Mas o estudo só é válido se houver observação. Só teoria é conversa. Tem expansão contínua, pré-expansão... 

(Para ler a entrevista completa, clique aqui)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O templo da Universal e seu “judaísmo” contraditório


O templo custou R$ 680 milhões
Por que os neopentecostais são apaixonados pelo que os cristãos chamam de “Velho Testamento”? O termo, recusado pelos judeus, que usam “Tanach” para o cânone hebraico, ou “Bíblia Hebraica”, no rastro do crítico literário judeu americano Harold Bloom, reúne o conjunto de textos que vem antes do Novo Testamento. Neste, Jesus, o Messias dos cristãos, anuncia a “nova aliança” do Deus de Israel com a humanidade, diferente da “antiga aliança”, que seria apenas com o povo eleito, os hebreus. Salomão foi um dos mais importantes reis hebreus. A diferença de terminologia para se referir a esse conjunto de textos não é mero detalhe de um obcecado por estudos bíblicos, mas encerra em si um equívoco, do ponto de vista judaico, do que significa a chamada “eleição do povo de Israel”. De certa forma, grande parte do cristianismo compreende a eleição de Israel de um modo equivocado. A eleição é uma responsabilidade, um peso, não a escolha de um caçulinha mimado fadado ao sucesso. Aqui nasce o equívoco e, ao mesmo tempo, a paixão neopentecostal pelo Velho Testamento.

O “Templo de Salomão” construído pela Igreja Universal do Reino de Deus, é uma peça de fé, não uma reconstrução arqueológica, nem precisa ser, uma vez que estamos falando de religião, instituição que nada tem a ver com as demandas de uma ciência como a arqueologia.

O templo original, supostamente construído [sic] pelo rei Salomão, filho do rei Davi, no século 9º antes de Cristo, teria sido destruído por volta 586 a.C. Pesquisas arqueológicas situam os fragmentos encontrados no Monte do Templo, que poderiam ser da primeira sede do culto hebraico antigo, cerca de 3.000 anos atrás, o que coincide com a vida do personagem bíblico em questão.

Mas, de onde vem essa paixão? Vem do fato de que os neopentecostais (que se diferenciam dos seus “antepassados” pentecostais pelo forte caráter de “espetáculo para as massas” nos cultos) leem a relação entre o Deus de Israel e seu povo eleito numa chave mágica. Os fatos narrados no “Tanach” (Velho Testamento) indicam uma forte presença de Deus nos destinos do povo, alterando círculos naturais, criando forças a favor do povo, enfim, fundando um mundo de “milagres”.

Daí que, revivendo o Templo de Salomão, supostamente, a Igreja Universal dá um importante passo simbólico no sentido de dizer que seus fiéis revivem a relação de povo eleito com seu Deus, Rei do Universo (“Melech HaOlam”). A imagem é forte, temos que reconhecer. Mas, aqui reside a chave da interpretação equivocada que leva a paixão dos neopentecostais por todos os signos veterotestamentários.

O equívoco está no fato de que o mundo mágico [sic] do Velho Testamento é apenas uma pequena parte da eleição de Israel. Mas os neopentecostais parecem crer que essa “mágica israelita” é a base para o sucesso, a felicidade, e, finalmente, para a teologia da prosperidade que marca o movimento neopentecostal. Dito de forma direta: quem vive com o Deus de Israel fica rico e feliz.

Ledo engano, basta ver a história dos judeus e os jornais atuais. A eleição do povo de Israel, para os judeus, significa muito mais que o povo é um povo de sacerdotes, que leva a mão de Deus sobre si, num mundo de agonias, que recusará e odiará esse povo justamente por isso. Não é por outra razão que se chama o massacre de judeus na Segunda Guerra de “Holocausto”. O povo é “um animal do sacrifício”, e cada vez que Deus quiser, Ele o lança ao fogo para “falar” com o mundo.

A eleição de Israel é muito mais um peso do que um ticket para o sucesso. Tem mais a ver com o conflito israelo-palestino, através do qual muitos odeiam Israel, do que com ficar rico e feliz. Se perguntarmos a muitos judeus religiosos em Israel e no mundo, dirão que o desespero que passa Israel hoje, o medo do ódio do mundo e da destruição do Estado de Israel, é mais uma marca da sofrida eleição.

Por isso, não é difícil encontrar judeus que pediriam a Deus, assim como profetas o fizeram, que escolha outro povo para ser Seu eleito, porque Israel já cansou.

(Luiz Felipe Pondé, Folha de S. Paulo)

Macedo e suas indumentárias judaicas; a Lei como enfeite

Nota: Embora não concorde com tudo o que o Pondé escreveu acima, não deixa de ser uma análise interessante. Outra análise que me chamou a atenção foi publicada no Blog do Morris. Vale ler toda, mas destaquei aqui apenas um ponto:

“Por que a indumentária judaica? Não só a Universal como outras igrejas neopentecostais resgatam uma tendência judaizante. Os pentecostais estão muito mais próximos do judaísmo que os católicos. É uma forma de se diferenciarem do arcabouço católico romano que formou a nação brasileira nestes primeiros 500 anos. E o ritual judaico é riquíssimo, ele dá uma liga. O Antigo Testamento é extremamente simbólico e, afinal, constitui aproximadamente ¾ da Bíblia. A Universal utiliza muitos elementos do judaísmo em suas campanhas. Por exemplo, tem a campanha da Pedrinha de Davi, na qual o fiel vai lá na frente, faz uma oferta e ganha uma pedrinha simbolizando Davi. Essa pedrinha supostamente serve para ser usada na hora das dúvidas. O fiel é orientado a pegá-la na mão e orar, em busca de uma solução. Segundo a Bíblia Davi destruiu o inimigo filisteu representado pelo gigante Golias, com apenas três pedrinhas.

“Por que decidiram chamar esse complexo religioso de Templo de Salomão? O cristianismo sai do judaísmo. São muito próximos no começo. Salomão é filho de Davi. O Templo de Salomão foi o primeiro grande templo judaico (o Muro das Lamentações, em Jerusalém, é o que sobrou dele). Segundo a Bíblia, no templo original, havia uma arca de aliança toda de ouro com querubins em cima, e dentro três elementos: as duas tábuas da lei que Moisés recebeu, a vara de Arão (irmão de Moisés), e o maná – o pão que descia do céu durante a travessia no deserto. Isso se perdeu, após a destruição do templo. Mas no templo da Universal, vai ter uma réplica dessa arca.”

Templo de Salomão, para mim, remete também à riqueza acumulada pelo famoso rei de Israel. Seria alguma metáfora do império construído pelo “bispo” Edir Macedo, tantas vezes acusado de falcatruas financeiras (há, inclusive, denúncia de irregularidades no alvará de construção do megatemplo)? Bem, deixemos isso de lado. O fato é que o neojudaísmo da Universal é, no mínimo, contraditório. Eles se apropriam de histórias e símbolos do Antigo Testamento para promover suas “campanhas” invariavelmente ligadas à arrecadação de dinheiro dos fiéis. E agora constroem um templo que contém a arca da aliança. E dentro da arca, o que havia? As tábuas da lei. E nelas, o que estava escrito? Os Dez Mandamentos. E esses, os líderes da Universal vão obedecer e ensinar? Não creio. Assim, a inauguração do “Templo de Salomão” mostra, mais uma vez, que é sempre mais fácil viver de aparências do que ser realmente fiel à Palavra do Deus que expulsou do antigo Templo os vendilhões que haviam transformado o culto em mero espetáculo e negócio abjeto. [MB]