sábado, 24 de agosto de 2013

Cidade dos Ossos: o engano se torna mais explícito


Deu no Diário de Pernambuco: “Misturar fantasia e uma pitada de romance é um prato cheio para atrair leitores adolescentes. Baseado na obra de mesmo nome de Cassandra Clare, o primeiro filme da série ‘Instrumentos mortais – Cidade dos Ossos’ segue a dita receita e reúne um triângulo amoroso e uma guerra entre seres fantásticos. A adaptação cinematográfica da fanfic virou best-seller no mundo, foi dirigida por Harald Zwart e chega às telas de cinema nesta sexta-feira.” No portal Terra, foi publicado um texto que detalha a nova série: “Com o fim da milionária franquia ‘Crepúsculo’ em 2012, os estúdios correram para encontrar outra série juvenil fantástica para preencher o vazio. Depois do recente ‘Dezesseis Luas’ (baseado nos livros de Kami Garcia e Margaret Stohl), chega agora aos cinemas ‘Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos’, baseado na obra homônima da norte-americana Cassandra Clare. O que todas essas histórias têm em comum? Além do incontestável sucesso editorial, centram-se em jovens que descobrem possuir um poder paranormal, ao mesmo tempo em que se apaixonam por rapazes, cujo amor parece impossível (pelo menos nos primeiros livros). Embora o argumento pareça banal, as escritoras conseguem dar complexidade à fantasia, tornando tudo mais misterioso e movimentado.

“Longe do drama vampiresco de Stephenie Meyer, as mais recentes autoras incrementam a ação, apesar do clima de romance. Em ‘Dezesseis Luas’, bruxas (ou ‘conjuradoras’, como preferem) e feiticeiros lutam pelo bem e o mal, enquanto Lena, a protagonista, enfrentabullying na escola e declara seu amor à literatura ao lado do namorado. O capricho da produção nos cinemas ganhou maior brilho com as participações especiais de Emma Thompson, Jeremy Irons e Viola Davis.

“Cassandra Clare segue um caminho semelhante e ‘Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos’, dirigido por Harald Zwart (do novo ‘Karate Kid’), mantém a engenhosidade e o clima soturno do livro, acompanhando a transformação de Clary (Lily Collins, de ‘Espelho, Espelho Meu’). Em determinada noite, em uma boate de Nova York, ela testemunha um assassinato. Apesar do grito de horror, ninguém ao seu lado consegue enxergar o assassino ou a vítima, mesmo o seu melhor amigo, Simon (Robert Sheehan).

“O que o espectador e a própria Clary percebem em seguida é que ela faz parte de uma espécie de clã autodenominado ‘caçadores de sombras’, que elimina demônios pelas ruas. Trata-se de um mundo invisível para os humanos comuns, repleto de magia, feiticeiros, bruxas, vampiros, lobisomens e fadas. [...]”

Nota: Cassandra Clare ganhou notoriedade como escritora na internet no início dos anos 2000 (sob o pseudônimo Cassandra Claire), quando publicava fanfiction de O Senhor dos AnéisHarry Potter. Ela fechou seu primeiro contrato para publicação de uma história original em 2007. É no mínimo curioso como escritores obscuros de repente explodem no mercado e se tornam best-sellers quase que da noite para o dia. Aconteceu com Rowling, com seu menino bruxo Harry Potter; com Meyer, com seus vampiros e lobisomens de Crepúsculo; e até mesmo com James, com sua trilogia pornográfica Cinquenta Tons de Cinza (que logo também chegará às telas, ajudando a convencer ainda mais gente de que o sexo pervertido é que seria “legal”). Uma coisa é certa: a perversão e o engano vão se ampliando cada dia mais na literatura e no cinema (nas pegadas de James, a ex-atriz pornô Sasha Grey escreveu um livro que, contam os críticos, é muito mais explícito e, claro, realista do que os Cinquenta Tons, e já há planos para que esse também vire filme). No caso da literatura (e dos filmes oriundos dela) para crianças e adolescentes é impossível deixar de notar a gradação do engano: no começo era o bruxinho, depois vieram os vampiros e os anjos caídos, e agora Claire junta tudo numa história só e adiciona os demônios. Você percebe como esta geração está sendo preparada para se familiarizar e aceitar como “normais” conteúdos relacionados com bruxaria, feitiçaria, ocultismo, vampirismo, anjos caídos e demônios (sem contar a pornografia, também)? Talvez o diabo nem precisasse se disfarçar para enganar as massas tão familiarizadas com seus enganos. Duas colheitas estão ficando cada vez mais maduras e logo serão colhidas. Em qual delas vamos estar? Em qual delas seus filhos estarão?
Michelson Borges, Jornalista

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Fechamento do comércio aos domingos e união de igrejas


Recentemente, meus pais estiveram visitando minha tia em Araruama (cidade do interior do Rio Janeiro), e ao andar pelo centro da cidade, eles receberam o encarte abaixo. Ao ler o conteúdo, se depararam com o revelador compromisso nº 3 do Supermercado Avi$tão. Quando vejo esses movimentos surgindo, me alegro imensamente, pois são evidências claras de que o nosso Redentor Se aproxima a passos largos.

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“Este é o contexto escatológico no qual os adventistas do sétimo dia colocam o sábado. Cremos que Deus nos chamou não apenas para proclamar o que a Bíblia diz sobre o sábado, mas também a advertir o mundo sobre o conflito final que girará em torno dos mandamentos de Deus, particularmente o quarto. Segundo nossa compreensão, no fim dos tempos a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não O servem envolverá essa controvérsia relacionada ao sábado e ao domingo. Nessa ocasião, os guardadores do sábado serão perseguidos e até mesmo martirizados por causa de sua lealdade a Deus ao observar o sétimo dia.

“Sentimo-nos compelidos a advertir o mundo sobre algo de que a maioria das pessoas não tem a menor ideia; a algo que muitos julgam inacreditável. Estamos certos de que tais eventos se acham à nossa frente” (Marvin Moore, Apocalipse 13, p. 12, 13 - CPB).

(Orlan Figueiredo)

Nota: No mesmo tom dessas “evidências secundárias” da proximidade do fim (porque o decreto dominical será imposto pelos Estados Unidos e o que estamos vendo agora, de forma isolada, são apenas “ensaios”), em entrevista do site EM, o deputado Marco Feliciano disse, sobre o papa Francisco: “Foi perfeita a visita dele. Ele é um jesuíta. Como disse aqui, fui católico romano e vejo nesse papa uma pessoa do bem, um evangelista por natureza. Ele também passou por dificuldades aqui, ele também sofreu pressão do mesmo grupo que me pressiona. E houve até coisas piores, pegaram imagens de santos e quebraram no meio da rua, fizeram atos obscenos, então isso mostra que tanto a Igreja Católica quanto a Igreja Evangélica têm os mesmos princípios. Podemos divergir nos dogmas, mas nos principais, na nossa base, há mais coisas que nos unem do que nos separam. Sou hoje amigo dos católicos. Não é tempo de separação, não é tempo de guerra, é tempo de união, porque se não houver uma união das igrejas hoje, dentro de 15 anos o cristianismo na América do Sul vai estar vivendo dias de quase extinção. Como ocorreu na Europa, onde a maioria dos países hoje é ateia.”

Essa união não será em torno da verdade única da Palavra de Deus. Será, sim, em benefício de uma causa conveniente a todos (família, emprego, meio ambiente). E aí daqueles que ficarem no caminho da maioria, ainda que seja para não violar a consciência!

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Quem usa Facebook é mais conectado, mas não mais feliz


Os usuários do site de relacionamentos Facebook podem se sentir mais conectados com o mundo, mas não são necessariamente mais felizes, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (14/8) nos Estados Unidos. “Superficialmente, o Facebook proporciona um recurso valioso para satisfazer a necessidade básica dos seres humanos de estabelecer vínculos sociais”, afirmou Ethan Kross, psicólogo da Universidade de Michigan (norte) e principal autor da pesquisa publicada na revista científicaPLoS. “Mas ao invés de melhorar o bem-estar das pessoas, usar o Facebook tem um efeito inverso: o deixa pior”, disse. O estudo, feito com 82 jovens com celulares inteligentes e contas no Facebook, buscou avaliar o estado de ânimo dos usuários do site de relacionamentos mais popular da internet.

Para medi-lo, os cientistas enviaram mensagens de texto cinco vezes por dia durante duas semanas aos jovens, perguntando se se sentiam sozinhos ou ansiosos, a frequência com que usavam a rede social e quantas vezes tinham se comunicado “diretamente” com outras pessoas. Os resultados mostraram “que quanto mais as pessoas usavam o Facebook, pior se sentiam quando consultados por mensagem de texto logo depois” do acesso, afirmaram os cientistas.

“No transcurso de duas semanas, quanto mais utilizavam o Facebook, mais diminuía sua satisfação com a vida”, acrescentaram.

Ao contrário, as relações diretas com as pessoas e não por meio de redes sociais, geravam maior bem-estar pessoal. “Estes são os resultados de maior importância, pois vão ao próprio cerne da influência potencial das redes sociais na vida das pessoas”, explicou John Jonides, neurocientista da Universidade de Michigan e coautor do estudo.

Os pesquisadores também observaram que os entrevistados não ficavam mais propensos a usar o Facebook quando se sentiam mal, apesar de terem acessado o site frequentemente quando se sentiam sozinhos.

No entanto, os autores do estudo se recusaram a generalizar os resultados e a afirmar que o uso do Facebook - ou de outras redes sociais na internet - tenha o mesmo efeito em todas as pessoas. “Nós nos concentramos nos adultos jovens, já que eles representam uma parte essencial dos usuários do Facebook”, destacaram.

Esse estudo foi publicado uma semana depois de uma pesquisa realizada por cientistas britânicos, que indicam que publicar fotos frequentemente no Facebook poderia deteriorar as relações humanas na vida “real”.


Nota: O que fazemos nas redes sociais deve ser uma extensão de quem somos e do que fazemos na vida “real”. Infelizmente, há pessoas que se esquecem disso, e fazem de suas páginas nas redes sociais mostruários de conteúdos e comportamentos impróprios. Pior é quando se tratam de cristãos. Jesus pede de nós, os que dizemos segui-Lo, que sejamos “pescadores de homens”. A internet é comparada ao mar, tanto é que se “navega” nela. E esse mar está repleto de homens e mulheres em busca de algo. Se temos o devido senso de missão, vamos jogar nossas “redes” nesse mar a fim de atrair náufragos para a verdadeira esperança – que não é virtual, é real. No entanto, a reportagem acima nos lembra de que é bom usar essas redes sociais com moderação, a fim de que a vida virtual não engula a real. Desconecte-se de vez em quando (melhor seria dizer: conecte-se de vez em quando) e alimente seus relacionamentos reais. Converse face a face. “Curta” a companhia das pessoas. Dê-lhes cartões de verdade, abraços de verdade. Viva e seja feliz.[MB]

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Inglaterra: energia grátis aos sábados?


A Centrica, empresa que controla a British Gas, fornecedora de gás e energia em cerca de 12 milhões de residências no Reino Unido, promete agitar o mercado local com o plano de oferecer ao seus clientes eletricidade gratuita em sábados. Mas isso por quê? Segundo a concessionária, o plano é estimular o uso de energia aos fins de semana, concentrando o uso quando o consumo geral é inferior ao que é gasto de segunda à sexta. A informação é do Financial Times. A redução do consumo energético é uma pauta que ganha força no cenário político britânico, segundo aponta o FT. Parlamentares estão pressionando as companhias para apresentar políticas que ajudem seus clientes a reduzirem suas contas.

Segundo Sam Laidlaw, CEO da Centrica, com a concentração do consumo energético aos finais de semana também contribui para reduzir e equilibrar emissões de carbono, cortando horários de pico. Mesmo assim, para que o plano siga adiante, será preciso que os consumidores instalem medidores inteligentes em suas residências, frisou o executivo. “Precisamos de mais medidores inteligentes no Reino Unidos, e se isso (energia grátis no sábado) vier, vai levar pelo menos seis meses”, completou, em entrevista ao jornal inglês.

A nova tarifação, que pode ser introduzida a partir de 2014, segue uma oferta já em funcionamento nos Estados Unidos. A proposta foi introduzida pela Direct Energy, empresa norte-americana também controlada pela Centrica.

Nos EUA, a Direct Energy oferece pacotes anuais que incluem o benefício do “Free Power Saturday”, em que os usuários possuem o sábado inteiro para consumir energia, sem precisar pagar um tostão por isso. A oferta cobre alguns estados do noroeste do país, e foi lançada recentemente no Texas. As tarifas foram criadas para encorajar clientes a otimizar seu uso de utensílios de alto consumo como máquinas de lavar e secar.

A empresa também oferece pacotes de tarifação exclusivos para uso nos fins de semana, com preços pela metade do gasto do que é cobrado em dias comerciais.


Nota: A proposta poderia envolver os domingos, em lugar dos sábados, já que as pessoas que dizem respeitar o domingo como dia santo simplesmente não vão ao trabalho nesse dia, mas realizam toda e qualquer atividade em casa. Os guardadores do sábado, por outro lado, seguem o mandamento bíblico (Êx 20:80-11) e a recomendação de não realizar trabalhos seculares nesse dia (Is 58:13, 14). O estímulo governamental para consumo de energia nosábado o tornará ainda mais um dia de múltiplas atividades domésticas que nada têm que ver com a obediência ao quarto mandamento.[MB]

sábado, 3 de agosto de 2013

“Senhor, concede-me sabedoria!”


Vivemos em um mundo complexo, profundamente marcado por problemas variados e difíceis de ser resolvidos. Desafios éticos e religiosos e demandas nas áreas política e econômica se agigantam diante de nós. Não só isso: testemunhamos também a crescente problemática no âmbito da segurança, educação e saúde. Como se não bastasse, o mundo natural, com sua crise ecológica, parece ameaçar a própria existência da humanidade e dos demais seres vivos. Um “fantasma” multifacetado paira sobre a atmosfera terrestre e, com isso, o clamor da sociedade pede uma solução daqueles que detêm o poder, os recursos, o saber e os métodos. A natureza e o volume de tais problemas confrontam as mentes mais hábeis e inteligentes, desafiando-as a agir com prontidão e conhecimento, mas, sobretudo, com sabedoria – esta última, o elemento-chave que deve estar presente na vida de toda pessoa chamada para dar sua contribuição a uma sociedade cada vez mais conturbada. Todavia, as grandes necessidades humanas são numerosas em comparação com as poucas mentes privilegiadas. Há cada vez mais carência de seres humanos sábios.

Alguém acertadamente refletiu: “Nosso mundo contemporâneo tem produzido gigantes intelectuais, mas anões em sabedoria.” Isso significa que a inteligência e o progresso tecnológico não estão sendo suficientes para enfrentarmos as crises deste planeta. É necessário o plus da sabedoria. Precisamos de pessoas diferentes, que enxerguem além das aparências e contemplem o invisível. Não que a inteligência e as habilidades técnicas sejam desprezadas, mas que as pessoas guiem-se por ações entremeadas de sabedoria. No entanto, o que é a sabedoria? Como adquiri-la? Onde encontrá-la? Na busca de respostas, não recorreremos nem a definições dicionarizadas nem a conceitos filosóficos que tornam a sabedoria uma abstração. Consultemos a Bíblia, o Livro da mais elevada sabedoria, o qual nos mostra a natureza, o valor para a vida prática e a Fonte dessa virtude. Vamos nos reportar à incrível história bíblica de Salomão, registrada no livro de 1 Reis, capítulo 3.

Com a morte de seu pai, o rei Davi, Salomão assume o trono de Israel. O novo monarca estava apreensivo e muito preocupado diante da grandiosa tarefa que lhe cabia: governar uma nação inteira marcada por conflitos internos e crises. Diante da responsabilidade enorme, sentia-se inexperiente e impotente. Foi quando, certa noite, falou-lhe Deus em sonhos, concedendo-lhe a oportunidade de fazer o pedido que desejasse. Salomão, de pronto, agarrando a chance áurea, respondeu a Deus: “Teu servo está no meio do Teu povo que elegeste, povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão. Portanto, dá ao Teu servo um coração entendido para julgar o Teu povo, para prudentemente discernir entre o bem e o mal” (1Rs 3:8, 9).

O relato continua dizendo que o pedido de Salomão pareceu bom aos olhos de Deus. Por causa disso, o Senhor lhe deu não só um coração sábio, mas até mesmo o que não havia solicitado: riquezas, fama, glória, poder e inteligência singular. Fascinante, não? Quem não gostaria de receber de Deus algo assim? É possível a história desse rei se repetir em nossa experiência? O pedido de Salomão ficou imortalizado na Bíblia por um motivo: indicar a chave que abre as portas de todos os demais tesouros do mundo. Seguindo os passos do rei, caminhemos em busca dessa mesma sabedoria que ele alcançou.

Primeiro ponto: em que constitui a sabedoria? A sabedoria que vem do alto é claramente definida na Bíblia como “primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia” (Tg 3:17). Na história de Salomão, que pode ser a nossa, ele especifica seu pedido: “Dá a teu servo um coração entendido, [...] para prudentemente discernir entre o bem e o mal” (1Rs 3:3). Aqui se encontram, resumidamente, as características de uma pessoa sábia. Não é aquela que possui erudição destacada ou conhecimento enciclopédico, mas a que, mesmo humilde e sem ser notada, é capaz de perceber o bem e a verdade, discernindo o mal e evitando-o. No pensamento de Alister McGrath, professor de Oxford, a sabedoria está caracterizada assim: “Os autores do mundo antigo [...] faziam uma distinção que nossa era moderna parece ter esquecido – a distinção entre ‘conhecimento’ e ‘sabedoria’. Conhecimento é a acumulação de fatos; sabedoria é ser transformado com base no que é verdadeiro e realmente importante. Na linguagem da tradição clássica, a sabedoria é afetiva, isto é, ela muda quem a procura ao colocá-lo em sua órbita e sob sua influência transformadora. A sabedoria muda as pessoas. ‘O conhecimento vem, mas a sabedoria perdura’ (Tennyson).”

Não é estranho pensar que Deus Se aproxima de nós quando estamos, assim como Salomão, aflitos por uma resposta diante de um grande problema. Em nossos “sonhos”, talvez perturbados pelas preocupações, Deus pode Se apresentar e dizer: “Pede-Me o que queres que Eu te dê”, com o intuito de oferecer a dádiva mais preciosa – um coração cheio de entendimento. Assim como Ele Se revelou ao filho de Davi, deseja Se manifestar a cada pessoa. Apelando ao nosso livre-arbítrio, oferece a oportunidade de escolha. Logo, se você se sente como Salomão, um menino pequeno, que não sabe como sair nem como entrar nas mais diversas situações, aproveite a oportunidade de Deus e faça sua súplica. É Ele mesmo quem garante na Palavra: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente” (Tg 1:5). Pedir, portanto, é a primeira atitude sábia.

Depois de compreender o que é a sabedoria e de solicitar a Deus esse dom, precisamos praticá-la em cada momento da vida, principalmente naqueles mais complicados, quando teremos de realizar julgamentos, proferir sentenças, fazer escolhas delicadas, decidir entre vários caminhos. Nesses instantes, o olhar sábio verá o que ninguém consegue enxergar, proporcionando saída quando aparentemente não existe solução.

Voltando ao caso de Salomão, perceba como ele conseguiu resolver uma causa bastante complexa entre duas mulheres que se diziam mãe da mesma criança (1Rs 3:16-28). Sabiamente, o monarca conseguiu penetrar na questão com discernimento e profundidade, alcançando o resultado esperado: a vitória do bem e da justiça. Que habilidade! De igual modo, onde estivermos – seja no lar, no exercício da profissão ou sob qualquer circunstância – teremos que nos defrontar com questões das quais desejaremos fugir. Nesses instantes, a sabedoria divina será bem-vinda e, de forma bastante prática, salvará a situação de um desastre ou de uma injustiça.

Foi o que ocorreu nesta brevíssima narrativa, contada por Salomão: “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras. Ora, vivia nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria. Mas ninguém se lembrou mais daquele homem. Então eu disse: Melhor é a sabedoria do que a força” (Ec 9:13-15).

Não se podem resolver os problemas, por maiores que sejam, fazendo mero uso da força ou de outros expedientes. Seja no ataque ou na defesa, nossa arma mais eficaz é a sabedoria provida por Deus. Com ela, você é apto a salvar uma “cidade inteira” dos invasores mais temíveis, trazendo salvação quando não há expectativa alguma. O sábio, embora pobre, frágil e desconhecido, não foge diante dos gigantes ameaçadores da vida. Enfrenta-os e vence-os!

Quem é sábio converte a morte em vida e o mal em bem; aponta a saída do labirinto e é a luz no meio das trevas. Pois neste mundo de loucura, quando a maioria age com insensatez, “o coração do sábio discernirá o tempo e o modo, embora o mal do homem seja grande sobre ele” (Ec 8:6). A sabedoria não se limita ao mundo teórico das ideias. Por isso, praticá-la é a segunda atitude de um sábio.

Uma certeza que precisamos pôr em mente é que a sabedoria é pessoal, está representada em um Ser divino; possui identidade. Esse Ser – não os livros, a Filosofia ou os grandes homens e mulheres do mundo – é a Fonte da sabedoria. Observe a Sabedoria Se apresentando nesta belíssima alegoria, expressa em Provérbios 8: “O Senhor Me possuía no início de Sua obra, antes de Suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da Terra. Antes de haver abismos, Eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de água. [...] Ainda Ele não tinha feito a Terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando Ele preparava os céus, aí estava Eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da Terra; então Eu estava com Ele e era Seu Arquiteto.”

Essa passagem se refere a Jesus, o Verbo por meio do Qual todas as coisas foram criadas, o Logos de Deus. Acerca dEle é dito o seguinte: “O mundo tem tido seus grandes ensinadores, homens de poderoso intelecto e vasto poder investigativo, homens cujas palavras têm estimulado o pensamento e revelado extensos campos ao saber; tais homens têm sido honrados como guias e benfeitores do gênero humano; há, porém, Alguém que Se acha acima deles. Podemos delinear a série dos ensinadores do mundo, no passado, até ao ponto a que atingem os registros da História; a luz, porém, existiu antes deles. [...] Cada raio de pensamento, cada lampejo do intelecto, procede da Luz do mundo.” Estando no princípio de todas as coisas, criando o mundo e estendendo os céus, o Deus-sabedoria quer estar também presente no princípio de nossa vida para construir em nós um mundo belo, harmonioso, cujos fundamentos jamais sejam abalados. Daí Salomão recomendar: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 9:10).

Diferentemente dos gregos, que a mantinham bem distanciada da humanidade, quase inatingível – algo muito abstrato –, a Sabedoria do pensamento hebraico, embora altíssima e grandiosa, procura manter conosco um relacionamento. Deseja ser conhecida de perto por todos nós. Assim como Ela foi pessoalmente a Salomão em sonhos, procura-nos onde estamos: “Não clama, porventura, a Sabedoria, e o Entendimento não faz ouvir a Sua voz? No cimo das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas Ela Se coloca; junto às portas, à entrada da cidade, à entrada das portas está gritando: A vós outros, ó homens, clamo; e a Minha voz se dirige aos filhos dos homens.” Este Ser que nos chama é o próprio Deus.

Durante a fase da vida em que Salomão manteve comunhão com Deus, tornou-se afamado e reconhecido como um homem extremamente sábio. Afastando-se, porém, perdeu o discernimento espiritual e moral. Transformou-se num insensato, despertando bem mais tarde de sua loucura.

Não invertamos as nossas necessidades pedindo primeiramente riquezas, glória, poder e honra. Quem age dessa maneira jamais será uma pessoa sábia. Retomando a recomendação do próprio Salomão, não devemos jamais nos esquecer de que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Logo, permitir que Deus ocupe o primeiro lugar em nossa vida, relacionando-nos com Ele, é a terceira atitude sábia.

“Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que Lhe agrada” (Ec 2:26). Em outras palavras, o Senhor deseja nos alimentar diariamente com sabedoria, provendo-nos a refeição que nos susterá em um mundo carente de valores, de amor, de justiça e de paz. Deus tenciona suprir nossa mente com pensamentos elevados e transformadores. Este é o banquete da sabedoria que já está preparado para aquele que pedir e for em busca de Sua morada, nas alturas: “A Sabedoria edificou a Sua casa, lavrou as Suas sete colunas, sacrificou os Seus animais, misturou o Seu vinho e arrumou a Sua mesa. Já deu ordens às Suas criadas e, assim, convida desde as alturas da cidade: Quem é simples, volte-se para aqui. Aos faltos de senso diz: Vinde, comei do Meu pão e bebei do vinho que misturei. Deixai os insensatos e vivei; andai pelo caminho do entendimento.”

Viver inteligentemente é alimentar-se de sabedoria. Se assim procedermos nesta breve existência, a sabedoria será para nós sombra sob o sol causticante (Ec 7:12), brilho na escuridão mental (Ec 8:1), felicidade na tristeza (Pv 3:13) e esperança de vida (Ec 7:12; Pv 8:35).

Ao pedir sabedoria a Deus, talvez Ele não lhe dê a riqueza, glória e o poder concedidos a Salomão. Contudo, a promessa para quem se comportar e pensar sabiamente é um lauto banquete no futuro, bem mais abundante do que aquele que é servido aqui. Por enquanto, peçamos a entrada, pois o prato principal está reservado para a hora certa. Não nos esqueçamos de que o melhor de um homem sábio sempre vem depois.

Se você encontrou a sabedoria, achou um tesouro. Se ainda não, se sente falta dela, faça da oração de Salomão a sua prece: “Senhor, concede-me sabedoria!”

(Frank de Souza Mangabeira é membro da Igreja Adventista do Bairro Siqueira Campos, Aracaju, SE; servidor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe)