sábado, 31 de março de 2012

MEMORIAL DA CRIAÇÃO

 O Sábado é o grande memorial da criação e do poder de Deus, um constante rememorador do Deus vivo e verdadeiro. O anseio divino ao criar o Sábado e em ordenar que seja santificado é que Deus quer que o homem nunca esqueça o Criador de todas as coisas. Sendo o Sábado original uma perpétua memória de Deus, convidando o homem para imitá-Lo na observância do mesmo, não pode o homem observar o Sábado original e esquecer-se de Deus.
“Ao lembrar-nos que dois terços dos habitantes do mundo são hoje idólatras, e que desde a queda à idolatria, com seu séquito de males associados e resultantes, tem sempre sido um pecado dominante, e pensarmos então que a observância do Sábado, conforme ordenado por Deus, teria evitado tudo isso, podemos melhor apreciar o valor da instituição do Sábado e a importância de observá-lo.”
Por que as nações dos periseus, cananeus, heteus, jebuseus e outros, foram desarraigadas da Terra? Eram idólatras, tinham deuses de pau e de pedra, sacrificavam vidas humanas. E por que desceram tanto no pecado até chegarem a este ponto? Por que o conhecimento de Deus e Sua vontade saíram-lhes de tal maneira da mente?
Digo-lhe, meu irmão, se ao final de cada semana esses homens observassem o Sábado, em honra ao Criador, não existiriam outros deuses, porque no centro do mandamento sabático encontra-se a eterna verdade que aponta a Deus como o único Criador de todas as coisas. Se o homem observasse o santo Sábado, adoraria ao único Deus, e a idolatria não teria sido conhecida. Finalmente, amado, na Nova Terra, onde haverá pessoas de todas as nações e raças, o Sábado será guardado por todos e para sempre. Ouça: Isaías 66: 22-23: “Porque, como os Céus novos, e a Terra Nova, que Hei de fazer…E será que desde uma Lua nova até a outra, e desde um Sábado ao outro, virá toda a carne (pessoas) a adorar perante Mim, diz o Senhor.”
O SÁBADO NA SEMANA DA GLORIFICAÇÃO
“E havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no Céu, por quase meia hora.”Apoc. 8:1. Todos os moradores do Céu, vem, com Jesus, buscar os salvos.
CONCLUSÃO – 1/2 hora (profética) = 7,5 dias comuns (1 semana – “quase”)
A semana da Criação começou no domingo (1º dia da semana) Gên. 1: 5.
A semana da redenção começou no domingo (1º dia da semana) chamado Domingo de Ramos (Mat. 21:1-11. Mar. 11: 1-11. Luc. 19:29-44. João 12:12-19).
A semana da glorificação certamente começará no domingo e durará uma semana até o trono de Deus. No trajeto todos guardarão o Sábado. Todas as pessoas salvas, antes de entrar no milênio, guardará um Sábado. Por isso, todo o salvo chegará diante do trono de Deus como um Adventista(que aguarda o retorno do Senhor) do Sétimo Dia(guarda o sábado). Aleluia!
Texto: Lourenço Gonzales

sexta-feira, 30 de março de 2012

Nosso lar eterno




Você já imaginou como seria o mundo se não houvesse guerras, fome, desastres, injustiças e morte? Consegue imaginar um lugar onde todas as nações vivem em harmonia, num relacionamento de perfeito amor? Agora pense nesse lugar e imagine o próprio Deus conversando com você, face a face. A boa notícia é que esse Lar existe e será nosso após o período de mil anos, em que os salvos estarão no céu. 


1. O que Jesus prometeu preparar para Seus seguidores? João 14:1-3


2. Quem é o arquiteto e construtor da Santa Cidade? Hebreus 11:10


Para uma descrição detalhada da Nova Jerusalém, leia Apocalipse 21:9-27.


3. No fim do Milênio, onde estará a Nova Jerusalém? Apocalipse 21:2


4. Que acontecerá com a Terra quando os ímpios receberem o castigo da segunda morte? II Pedro 3:10


5. Que esperamos para depois disso? II Pedro 3:13; Apocalipse 21:1


6. Para quem é a Nova Terra? I Coríntios 2:9


7. Na Nova Terra haverá lembrança das coisas ruins pelas quais aqui passamos? Isaías 65:17


8. Quem habitará a Nova Terra, junto com os salvos? Apocalipse 22:3


9. O que não haverá mais na Nova Terra? Apocalipse 21:4


10. O que é essencial fazer para ter a vida eterna? João 3:16 


11. Somente quem entrará no Reino dos Céus? Mateus 7:21


Minha Decisão:


Creio que este mundo será destruído e a Terra será renovada, após o Milênio. Por isso resolvo manter comunhão com Jesus e fazer a vontade de Deus a fim de estar preparado para viver na Nova Terra.


Conceitos que devem ficar bem claros:


1. Nossa passagem pelo céu, a bordo da Nova Jerusalém, levará mil anos.
2. Ao final do Milênio, nosso Lar eterno será finalmente estabelecido neste planeta, porém renovado.
3. A Nova Jerusalém, que descerá sobre o Monte das Oliveiras (Zacarias 14:3 e 4), será a capital da Nova Terra.
4. Deus morará com os remidos para sempre.
5. A vida dos salvos na Nova Terra será repleta de atividades prazerosas. Não haverá mais injustiças, egoísmo, doença, separação ou morte.

Quando chegar o pôr do sol...



Encanta-me o entardecer! / Não o das cidades, dos grandes centros urbanos; / mas o das colinas e campos, / onde sinto a paz crepuscular.

Sempre que posso, gosto de apreciar o pôr do sol, sobretudo em meio a paisagens naturais. Para mim, constitui um instante de descanso e êxtase que me conduz à reflexão sobre coisas além deste mundo passageiro. Fica-me na mente a impressão da eternidade. Eu me deleito diante de um pôr do sol – tão belo quanto o amanhecer. Ao olhar para o astro-rei e acompanhar seu lento ocaso, principalmente nos crepúsculos estivais, encho-me de admiração pelo espetáculo diário pintado na imensa tela do céu. No silêncio da contemplação, desligo-me da vida apressada imposta pelo materialismo humano. É quando penso nas palavras do poeta que disse ter a noite mil olhos e o dia somente um: “a luz de todo o mundo morre com o pôr do sol.”

O astro “nasce” esplendoroso e “falece” quando sua hora chega. No rápido encontro da noite com o dia, naquele breve e momentoso instante, a natureza nos revela as duas grandes faces da realidade de todo vivente: ser e não ser, o percurso do nascimento à extinção. O ocaso nos fala com dupla linguagem. Ao mesmo tempo em que desperta poesia na alma, traz também nostalgia e saudade. Anuncia-nos a chegada da despedida, a entrada na escuridão da noite. Assim é a vida: parece imitar a trajetória do Sol. Um dia teremos a nossa “hora do pôr do sol”. E aqui não existe encanto, poesia, nem metáforas suavizantes, mas saudade, separação e pranto. Contudo, há esperança! Esperança? Exatamente. Quando o manto escuro da noite cobre os céus, podemos discernir os “mil olhos” brilharem quais diamantes. Eles nos sinalizam que nem tudo são trevas, havendo luz no negror. As trevas são temporárias, porquanto está previsto o amanhecer.

A ceifeira cruel, filha do pecado, é implacável. Com algumas pessoas, ela consegue ser ainda mais cruel. Apropriadamente, o sábio rei Salomão filosofou ao registrar que “o homem não sabe a sua hora: Como os peixes que se pescam com a rede cruel, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este cai de repente sobre eles” (Ec 9:12). Daí a recomendação: “Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes [o caráter], e nunca falte o óleo [a unção divina] sobre a tua cabeça” (Ec 9:8). Salomão tem motivos para nos aconselhar em tom grave, porquanto tudo na vida corre para a morte, lenta ou apressadamente. Morrer faz parte desta existência imperfeita e infectada pelo mal. No entanto, ao sermos afogados no oceano da noite, precisamos levar conosco a brancura nas vestes e a aprovação de Deus sobre nosso ser. Caso contrário, nosso pôr do sol poderá ser eterno e baixaremos numa noite sem fim, sem contar com a luminosidade das estrelas.

Diante do declinar da vida, muitos lançam perguntas em todas as direções. É mais desabafo do que um anelo por explicações. E eu sei que você também indaga, com angústia de alma, o porquê do “mau tempo” cair inesperadamente. Perguntar é natural, normal e legítimo. Todavia, “há perguntas que não têm resposta, o que é uma lição dificílima de aprender”. E por que é tão difícil?  Porque vivemos sob um mistério quase insondável, como bem disse o personagem de um interessante livro, ao se dirigir a uma jovem: “Minha filha, já vivi cento e nove invernos e jamais encontrei uma coisa chamada sorte. Há algo de misterioso no que está acontecendo, mas, esteja certa, se precisamos saber o que é, saberemos.” E o mesmo personagem, um velho e sábio eremita, arremata: “Eu, que sei muitas coisas do presente, pouco sei das coisas futuras. Por isso não sei se qualquer homem ou mulher ou animal, em todo o mundo, estará ainda vivo quando anoitecer hoje. Mas incline-se à esperança.” E eu completo a fala do eremita: incline-se à esperança cristã de que “os teus mortos viverão” (Is 26:19).

Não sabemos o momento exato de nosso ocaso. E da mesma forma como o Sol pode se pôr mais cedo ou mais tarde, a vida pode terminar na aurora ou um pouco mais adiante. Contudo, inclinemo-nos à esperança e ao consolo cristão. “Nossos queridos falecem. Encerram-se suas contas com Deus. Mas conquanto consideremos coisa séria e solene o morrer, devemos, entretanto, considerar coisa muito mais séria o viver. [...] Devemos encontrar nosso consolo em Jesus Cristo. Precioso Salvador! Ele sempre Se condoeu da desgraça humana. [...] Apegai-vos à Fonte de vossas forças” – são as palavras sensíveis de alguém que experimentou a perda de pessoas queridas e passou pelo vale da sombra da morte; todavia, pôde afirmar confiantemente: “Eu sei em Quem tenho crido.”

Não nos esqueçamos de que Deus também está nas sombras, no momento em que o Sol se põe. Quando chegar o entardecer, choremos e perguntemos. Tenhamos, entretanto, forças para cantar em meio à dor, lembrando-nos da terna afirmação de que “preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos” (Sl 116:15). Deus guarda Seus filhos em Sua lembrança; a memória divina não falha. No tempo indicado pelo Pai, o poder da ressurreição tomará conta deste mundo e varrerá a morte para sempre da realidade. Basta esperar, com fé, o cumprimento da promessa e viver em esperança.

Ainda que eu aprecie muito o pôr do sol, convido você a cantar comigo o trecho de um hino que fala do amanhecer. Cantemos, então:

“Guarda, vê se muito falta para o dia alvorecer. / Vai a noite ainda alta, ou já vem o amanhecer? / Viajor, ó, sim, desperta ao romper do arrebol! / Fica em pé e põe-te alerta. Eia, pois que surge o Sol!”

(Frank de Souza Mangabeira, membro da Igreja Adventista do Bairro Siqueira Campos, Aracaju, SE; servidor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe)  

sábado, 24 de março de 2012

Sangue na veia

A Bíblia proíbe a transfusão de sangue? 
Por Alberto R. Timm
Embora injeções de sangue animal em seres humanos já houvessem sido feitas no século 17, a primeira
transfusão de sangue humano em seres humanos foi realizada em 1818, pelo médico inglês James Blundell. Tais
experimentos foram, no entanto, de pouco êxito até a descoberta dos grupos sangüíneos, em 1900, pelo
imunologista austríaco Karl Landsteiner. Como essas experiências começaram muitos séculos após o período
bíblico, é óbvio que as Escrituras não tratam explicitamente do assunto.
O uso do sangue como alimento é proibido tanto no Antigo Testamento (Gn 9:4; Lv 3:17; 7:27; 17:10-14; 19:26)
como no Novo Testamento (At 15:20, 29; 21:25). Pesquisas científicas têm confirmado que o consumo oral de
sangue não é conveniente pelo fato de ele ser indigesto, de fácil decomposição e um veículo não apenas de
nutrientes mas também de impurezas prejudiciais ao aparelho digestivo.
Mas é interessante notarmos que o sangue de animais era vertido durante o Antigo Testamento como um símbolo
do sangue de Cristo a ser derramado sobre o Calvário pela salvação da raça humana (ver Hb 9:11-28; I Jo 1:7).
Uma vez que apenas o uso do sangue como  alimento  é proibido nas Escrituras, e que o sangue era vertido
vicariamente pela salvação  espiritual  dos pecadores, por que razão não poderíamos realizar transfusões de
sangue para a salvação física das pessoas?
Sendo que nenhuma proibição é encontrada nas Escrituras à transfusão venal de sangue, cremos que esta pode e
deve ser ministrada sempre que o propósito seja salvar vidas. A recusa de ministrá-la a alguém que a necessite é
uma transgressão direta tanto (1) do princípio de preservação da vida, enunciado através do mandamento “Não
matarás” (Êx 20:13), como (2) do amor cristão, expresso na declaração de Cristo: “Ninguém tem maior amor do
que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).
Fonte: Sinais dos Tempos

sexta-feira, 23 de março de 2012

Consumo diário de carne vermelha aumenta risco de morte




Comer uma porção diária de carne vermelha processada pode aumentar o risco de morte prematura em até 20%, segundo estudo realizado com mais de 120 mil pessoas nos Estados Unidos e divulgado no último dia 12. O estudo, feito por especialistas da Universidade de Harvard (Massachussetts, nordeste), dá evidências de que comer carne vermelha aumenta o risco de doenças cardíacas e câncer. No entanto, também sugere que substituí-la por peixe e carne de frango pode reduzir o risco de morte prematura. “Esse estudo oferece evidência clara de que o consumo regular de carne vermelha, especialmente carne processada, contribui substancialmente para uma morte prematura”, disse Frank Hu, autor principal do estudo, publicado na revistaArquivos de Medicina Interna.

Os cientistas trabalharam com base em dados de um estudo feito com 37.698 homens, acompanhados por 22 anos e de 83.644 mulheres, estudadas por 28 anos. Os participantes foram consultados sobre seus hábitos alimentares a cada quatro anos. Aqueles que comiam uma porção diária, da espessura de um baralho de cartas, de carne vermelha sem processar, demonstraram um risco 13% maior de morrer do que aqueles que não comiam carne vermelha com tanta frequência.

Se a carne vermelha é processada, como salsichas ou toucinho, o risco aumentava para 20%. No entanto, substituir a carne vermelha por nozes provou reduzir o risco de mortalidade total em 19%, enquanto o consumo de grãos inteiros ou de carne de ave diminuiu o risco em 14% e o peixe, em 7%.

Os autores afirmaram que de 7% a 9% de todas as mortes no estudo “poderiam ser evitadas se todos os participantes consumissem menos de 0,5 porção diária de carne vermelha total”.

A carne vermelha processada demonstrou conter ingredientes como gorduras saturadas, sódio, nitritos e outras substâncias, vinculadas a muitas doenças crônicas, inclusive doenças cardíacas e câncer.

“Mais de 75% dos 2,6 trilhões de dólares em custos anuais de cuidados com a saúde dos Estados Unidos são de doenças crônicas”, afirmou Dean Ornish, médico e especialista em dietas da Universidade da Califórnia em San Francisco, em comentário que acompanhou a pesquisa. “É provável que comer menos carne vermelha reduza a morbidade com essas doenças, reduzindo assim os custos com atenção médica”, emendou.

(UOL)
Nota: Consumo diário de carne vermelha aumenta o risco de morte para o ser humano e, com certeza, para os animais que fornecem a carne – esses não correm risco; eles morrem mesmo. Dois bons motivos para optar pela dieta vegetariana (ou, de início, ovolactovegetariana). “Os que se alimentam de carne não estão senão comendo cereais e verduras em segunda mão; pois o animal recebe destas coisas a nutrição que dá o crescimento. A vida que se achava no cereal e na verdura passa ao que os ingere. Nós a recebemos comendo a carne do animal. Quão melhor não é obtê-la diretamente, comendo aquilo que Deus proveu para nosso uso! A carne nunca foi o melhor alimento; seu uso agora é, todavia, duplamente objetável, visto as doenças nos animais estarem crescendo com tanta rapidez. Os que comem alimentos cárneos mal sabem o que estão ingerindo. Frequentemente, se pudessem ver os animais ainda vivos, e saber que espécie de carne estão comendo, iriam repelir enojados” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 313).


Breve análise das parábolas de Jesus



Jesus demonstrou em Seus ensinos ser o Mestre por excelência. Seu conhecimento e sabedoria causaram admiração aos leigos e educadores de seus dias. A metodologia de ensino era inigualável e as mais importantes universidades foram fundadas por causa dEle. Alguns de Seus ensinos mais sublimes foram expressos em linguagem figurativa, como as parábolas. “Ele não poderia haver usado método de ensino mais eficaz.”[1] A reação dos ouvintes era: “Jamais alguém falou como este Homem” (João 7:46). Um exame minucioso desses ensinos é significativo quando se evidencia que um terço do ensino de Jesus nos evangelhos sinóticos se apresenta em forma de parábolas.[2] O evangelista Marcos comprovou esse fato, quando escreveu: “Com muitas parábolas semelhantes Jesus lhes anunciava a palavra, tanto quanto podiam receber. Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola” (Mc 4:33, 34).

O que é uma Parábola?

O conceito popular de parábola é um tipo de figura de linguagem em que se fazem comparações. “No Antigo Testamento, o termo utilizado é marshal, que também é usado para designar provérbio ou enigma.”[3] No Novo testamento, o termo é parabole e “vem do grego para (‘ao lado’ ou ‘junto a’) e ballein (‘lançar’). Assim, a história é lançada com a verdade para ilustrá-la”.[4] “No âmago do significado de parabole e marshal está a ideia de uma comparação entre duas coisas dessemelhantes. A realidade de nosso mundo é posta em contato com um mundo narrativo da parábola para alguma comparação que produza uma nova compreensão.”[5]

As parábolas de Cristo estão correlacionadas com outras figuras de linguagem. As “similitudes” geralmente falam de costumes no tempo presente fazendo uma comparação entre dois elementos e usam geralmente as expressões comoassim comotal qualtal como. Pedro usou uma símile quando escreveu: “toda humanidade é como a relva” (1 Pedro 1:24). As parábolas falam de um determinado momento do passado (e.g., “o semeador saiu a semear” [Mateus13:3]). Também são perceptíveis as alegorias. “É uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos que o da simples compreensão ao literal.”[6] Enquanto que a parábola consiste num acontecimento factível, a alegoria pode ser tanto factível como fictício. “Olhando para todas as parábolas que Jesus contou e as situações variadas em que Ele as proferiu, é razoável afirmar que Ele usou uma variedade de parábolas, algumas das quais eram meros símiles que não precisavam muito de alguma explicação (todos compreendiam imediatamente seu propósito), e outras que poderiam ser mais bem descritas como metáforas ou como de natureza alegórica e precisando de explicação.”[7]

Por que Jesus falava por parábolas?

Assim como a Divindade foi revelada por meio de humanidade de Cristo, ao usar os elementos da natureza em Suas parábolas, Jesus fornecia um veículo poderoso para compreensão das verdades espirituais em Seus ouvintes. “Tão ampla era a visão que Cristo tinha da verdade, e tão extensos os Seus ensinamentos, que cada aspecto da natureza foi utilizado para ilustrar verdades.”[8] Ensinava com autoridade, já que toda a criação era obra de Suas mãos. “O desconhecido era ilustrado pelo conhecido; verdades divinas, com as quais o povo estava familiarizado.”[9] Mais tarde, quando os ouvintes se deparavam com os objetos ilustrados, vinham-lhes à mente os ensinos de Jesus.

Não eram simples ilustrações como as que estamos acostumados a ouvir num sermão. A parábola envolvia as pessoas em um nível muito aprofundado de reflexão. Eram tão penetrantes que produziam efeitos diversos. Enquanto uns entregavam o coração instantaneamente a Cristo, outros procuravam matá-Lo.

“Ele lhes disse: A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, a fim de que, ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados” (Marcos 4:11, 12).

Percebe-se que o propósito das parábolas de Jesus era multifacetado. Ele as usava para revelar e, ao mesmo tempo, para esconder.  Como “a multidão não julgava as parábolas; eram as parábolas que julgavam as pessoas”,[10] ao ouvinte interessado e sincero era revelado aquilo que anteriormente estava oculto: o mistério do Reino de Deus. Esse grupo sentia o desejo de ganhar a salvação, enquanto o ouvinte desinteressado ouvia a parábola, mas não entendia porque o coração estava endurecido e por achar que sabia tudo. Para esses, restava-lhes apenas o juízo.

Ellen White, no livro Parábolas de Jesus, afirma que nem todos estavam preparados para aceitar e compreender as parábolas do Mestre. Assim, Ele evitava que a multidão incrédula Lhe fizesse alguma acusação e interrompesse Seu ministério de maneira prematura.[11]

Regras para a interpretação de parábolas

No livro Compreendendo as Escrituras,[12] são apresentandas seis regras básicas de interpretação:

1. Evite a alegorização – Inicialmente, é importante diferenciar entre alegoria e alegorização. Como já foi dito, a alegoria usa uma metáfora ampliada para referir verdades fora do significado literal da narrativa. Já a alegorização é o processo de usar algum texto que não é alegórico por natureza e transformá-lo em alegoria, a fim de promover novos significados que originalmente não eram a intenção do autor. O teólogo Agostinho usou a alegorização para dizer que na parábola do Bom Samaritano o homem que descia de Jericó era igual a Adão.[13] Ele não foi o único a usar esse princípio interpretativo. Durante séculos, esse foi o método mais usado, mas seu rompimento teve início no movimento da Reforma e terminou com o erudito alemão A. Jülicher, no século passado.[14]

A alegorização facilita o ato de enxergar qualquer coisa em quase todas as parábolas. Acaba impondo um significado que o autor jamais pretendia.

2. Reúna dados históricos, culturais, gramaticais e léxicos – O mundo em que vivemos é muito diferente do mundo dos aldeões da palestina. Essa distância pode ser amenizada usando-se as descobertas arqueológicas, bem como a leitura de bons dicionários e comentários bíblicos, além de livros que retratam os costumes da época.

3. Analise a narrativa da parábola – “As parábolas têm personagens, ações, cenários e suportes, e relações de tempo; elas têm um narrador e um leitor subentendido, um ponto de vista e um enredo. A Análise destes ajuda o leitor a ver, de forma objetiva, a maneira por que é criado o impacto emocional da narrativa e ajuda a delinear os temas e ênfases da narrativa.”[15]

4. Determine o auditório – Para quem Jesus está falando? Para escribas, Fariseus, às multidões, ou aos discípulos? A compreensão dessas perguntas ajudará o leitor a determinar se a aplicação da parábola é para os de dentro ou de fora da igreja; para grupos ou pessoas. Também observe a reação dos ouvintes de Jesus, pois servirá de excelente pista para o significado das palavras.

5. Use o Espírito de Profecia – Depois da leitura bíblica, essa deveria ser a primeira fonte de pesquisa. O livro Parábolas de Jesus é rico em detalhes e, por ser inspirado, fornece uma interpretação correta das parábolas. Dessa forma, grande soma de tempo pode ser poupada em busca de respostas em outras literaturas.

6. Aplique a parábola à situação de hoje – Identifique o princípio teológico ensinado por Jesus na parábola e aplique-o à sua vida pessoal. Lembre-se de que a aplicação provém da parábola em vez de ser imposta a ela.

(Fabio dos Santos é pastor na Associação Paulista Oeste [distrito de Barretos] da Igreja Adventista do Sétimo Dia)

Referências:

1. Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 21.
2. Grant R. Osborne, A Espiral Hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica (São Paulo: Vida Nova, 2009), p. 372.
3. Ibidem.
4. Roy B. Zuck, A Interpretação Bíblica: meios de descobrir a verdade bíblica (São Paulo: Vida Nova, 1994), p. 225.
5. George W. Reid, Compreendendo as Escrituras: uma abordagem adventista (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), p. 232.
6. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alegoria
7. George W. Reid, Op. Cit., p. 225.
8. Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 20.
9. Ibidem, p. 17.
10. Warren W. Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: v. 1 (Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006), p. 157.
11. Ellen White, Op. Cit., p. 21.
12. George W. Reid, Op. Cit., p. 235.
13. Ibidem.
14. Kennet Bailey, As Parábolas de Lucas (São Paulo: Vida Nova, 1995), p. 25.
15. George W. Reid, Op. Cit., p. 236.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Apelo de um ex-pastor da IURD

“Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? Em Teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então Eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de Mim vocês, que praticam o mal!’” (Mateus 7:22, 23). As palavras de Jesus aos falsos líderes serão duras, mas necessárias: “nunca os conheci, afastem-se de Mim vocês, que praticam o mal.”

Assisti(no último dia 19/3), com tristeza, a uma reportagem na Rede Record denunciando Valdomiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD). Não tenho nada contra os fiéis dessa denominação, muito menos contra os membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD); acredito que existem sinceros filhos de Deus em suas fileiras que estão sendo enganados.
É evidente que se trata de um ataque direto de Edir Macedo, líder da IURD e proprietário da Rede Record, ao líder da IMPD. Valdomiro Santiago tem construído um império utilizando os conhecimentos adquiridos enquanto era pastor da IURD, de onde se desligou em 1998. As duas denominações são bem semelhantes.
Edir Macedo tem demonstrado, em muitas ocasiões, que está incomodado com o crescimento de seu antigo discípulo, pois tem se tornado uma ameaça à sua denominação. Assim, quando a Rede Globo atacou a IURD e seu líder, e por tabela a Rede Record, porque se sentia ameaçada, Edir Macedo está utilizando a mesma estratégia para atacar Valdomiro Santiago. Isso é lamentável! As acusações não partem de um desejo por justiça, mas sim por disputa de território e, principalmente, por fiéis dizimistas e ofertantes, ou como eles mesmos chamam: clientes, pois o cristianismo virou comércio e as igrejas, lojas. Pedro bem profetizou a respeito disso (cf. 2 Pedro 2:1-3).
Não quero defender Valdomiro Santiago, pois também suas palavras são ofensivas e visam a atacar Edir Macedo; mas imploro à Justiça que faça a parte dela: investigue, e se realmente forem comprovadas as acusações, que ele seja punido e desmascarado para o bem dos fiéis. Mas investiguem também a IURD e Edir Macedo. Sei que eles têm poder político e econômico, mas ainda confio na Justiça – se a dos homens falhar, a de Deus não falhará (“para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” [2 Pedro 2:3]).
Minha tristeza é por causa do evangelho que está sendo escarnecido e desmoralizado por pessoas gananciosas e que visam somente ao lucro. Que Deus tenha misericórdia dos Seus filhos que estão nessas denominações. Que o livro A Grande Esperança possa alcançá-los, pois assim Deus fez comigo.
Confesso que chorei ao escrever estas linhas, pois fui enganado como muitos que ali estão, mas Deus teve misericórdia de mim. Que essa misericórdia possa alcançar Edir Macedo e Valdomiro Santiago, bem como todos os filhos de Deus em suas fileiras.
Imploro a cada adventista do sétimo dia que se envolva no projeto “A Grande Esperança”, no próximo sábado (24/3). A luz de Deus precisa brilhar em meio às trevas deste mundo.
A luz está em nossas mãos; vamos iluminar o mundo!
(Hilton Bastos, ex-pastor da IURD)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Uma só carne


Em julho de 1995, a Revista Adventista publicou um artigo do médico Fadel Basile, intitulado “Uma só carne”. Na matéria, o Dr. Basile afirma: “A Medicina Legal é um ramo da ciência que aparentemente nada tem a ver com o casamento, porém é dela que nos vem uma das maiores contribuições para o esclarecimento do assunto. A biotecnologia veio preencher uma lacuna importante da criminologia, no que se refere à comprovação de paternidade e identificação de suspeitos de estupro, usando a engenharia genética para desenvolver um exame que tem a capacidade em quase 100% dos casos de identificar a presença no sangue da mulher de anticorpos antiespermatozoides, altamente específicos, comparando com o esperma dos suspeitos.

“Vários trabalhos científicos comprovam a existência desses anticorpos no sangue das mulheres vítimas de estupro, assim como nos esclarecimentos das conjunções carnais voluntárias ou não. O fato é que, toda vez que uma mulher mantém relações sexuais com o sexo oposto, seu sistema imunológico produz anticorpos específicos contra espermatozoides de seu parceiro. Caso a mulher tenha contatos sexuais com vários homens, ela terá em seu corpo anticorpos contra todos os espermas introduzidos em seu corpo. Isso significa a imposição de uma marca imunológica na mulher. Esse é apenas um fenômeno biológico natural, sem conotação antifeminista.

“A medicina só obteve sucesso na área de transplantes de órgãos, quando conseguiu entender e controlar a rejeição dos enxertos. Um órgão transplantado (enxerto) só é aceito pelo hospedeiro quando possui compatibilidade imunológica: caso contrário, será rejeitado e destruído através da produção de anticorpos contra as células do enxerto. Daí vem a prática pelas equipes cirúrgicas do uso de medicamentos que inibem essa reação. O transplante entre irmãos gêmeos tem probabilidade mínima de rejeição, graças às semelhanças genéticas. Os anticorpos do hospedeiro reagem ligando-se aos receptores localizados na superfície das células do enxerto, que pode ser um retalho de pele, um rim ou córnea (que são enxertos mais frequentes). Esses receptores são proteínas cuja produção é ditada geneticamente no cromossoma 6 do núcleo das células que possui um setor do DNA especificamente para reconhecer estruturas próprias do organismo (estrutura self) ou estranha (no self).

“Outro sistema de reconhecimento encontra-se no cromossoma Y, só encontrado no sexo masculino, pois as mulheres não possuem cromossoma Y. Durante uma relação sexual, o homem ao introduzir seu esperma na mulher, está na verdade introduzindo um enxerto composto de milhões de espermatozoides e outros milhões de outras células próprias do sêmen. Esse conceito do esperma como enxerto é fundamental para entendermos que a mulher desencadeará uma reação imunológica em tudo semelhante aos demais enxertos. Tal reação desenvolve-se em três etapas: (1) Uma fase aguda em que o esperma é totalmente rejeitado e destruído pelos anticorpos femininos. (2) Uma fase crônica, em que as células de rejeição da mulher guardam uma memória imunológica para futuras rejeições, caso a mulher entre novamente em contato com o mesmo esperma. Essa fase é semelhante à reação das vacinas, que confere proteção à criança toda vez que ela entra em contato com o vírus, impedindo-a de desenvolver a doença. É uma fase silenciosa. (3) Esta fase é de ‘tolerância imunológica’, na qual a introdução de pequenas quantidades de elementos estranhos de modo sistemático e contínuo induz à não reação e à aceitação por parte do organismo da mulher das pequenas doses de ejaculação durante toda a sua vida.

“Pelo fato de o organismo do homem só reconhecer como suas as células presentes desde o início de sua vida embrionária, os espermatozoides, que só aparecem na adolescência, não são reconhecidos como próprios e induzem no homem uma reação imunológica semelhante à da mulher, como descrito acima. Isso significa que marido e mulher possuem circulando em seu sangue anticorpos semelhantes contra o mesmo alvo: os espermatozoides. A mulher, pelo seu lado, após sucessivas relações com o marido, já não rejeita seu esperma devido à tolerância imunológica.

“Podemos dizer que, imunologicamente, ambos se tornaram uma só carne. Isso conduz a união conjugal a uma profunda relação visceral que extrapola as esferas afetivas e sociológicas, apontadas comumente como a única explicação. [...]

“O casamento é mais profundo, mais poético e mais complexo do que poderíamos imaginar durante toda a nossa vida. Que Deus seja louvado em nossos lares! Amém.”

domingo, 18 de março de 2012

Era Necessário o Sofrimento de Jesus?


O próprio Senhor Jesus admitiu que, para nos salvar, “era necessário” não apenas que morresse, mas também que sofresse (Mar. 8:31). Não podemos esquecer que, ao Se tornar o nosso Salvador, Cristo assumiu o nosso lugar como pecadores perdidos, com todas as contingências dessa condição.

A consequência última do pecado é a morte, mas ela envolve o sofrimento e a desdita. Tomando o nosso lugar, Cristo sofreu a resultante de toda hediondez do pecado. Por isso é dito acerca dEle, que “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is. 53:3). Por quê? Porque “tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si” (v. 4). Porque, por amor de nós,“ao Senhor agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar” (v. 10).

Assim, Seu sofrimento era necessário para a nossa salvação, tanto quanto Sua morte. Todo esse processo tornou-O um Salvador, mais que suficiente, capaz, isto é, devidamente habilitado a nos socorrer. Sofrendo as dores de toda a humanidade, pode Ele vir em apoio indistintamente a qualquer ser humano. Isso não ocorreria, se Ele tivesse suportado apenas o momento da morte (pior ainda se fosse morte “instantânea”, suave,“menos sofrida”), e não soubesse,“na carne” (I Ped. 4:1), o que é a nossa experiência. É assim que o escritor sagrado pôde declarar: “Pois Ele [Jesus], evidentemente, não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” Heb. 2:16-18.

Evidentemente, Ele sofreu infinitamente mais do que nós, porque o Seu sofrimento não era apenas vicário (isto é, em nosso lugar); era, antes de tudo, expiatório (isto é, para nos salvar). Principalmente a partir do Getsêmani, e até o momento em que bradou “Está consumado!” Cristo arrostou a nossa penalidade total, e sofreu tudo aquilo que nos estava reservado, caso Ele tivesse decidido assumir a nossa culpa.

O sofrimento que se abaterá sobre os perdidos, no fim do milênio, será da mesma natureza, e, provavelmente, da mesma intensidade com que sobreveio a Jesus em Seu momento crucial. Por não terem aceitado o fato de que Ele tomou o lugar deles, eles O rejeitaram como Redentor. Então, terão, eles mesmos, de assumir a culpa e a penalidade de seus pecados. Quão importante é que tenhamos Jesus como nosso Salvador e Senhor sempre!

Ellen G. White declara:“Se Ele [Jesus] não fosse nosso representante, a inocência de Cristo ter-lhe-ia poupado toda essa angústia; foi, porém, devido a Sua inocência que Ele sentiu tão intensamente os ataques de Satanás. Todo o sofrimento que constitui o resultado do pecado foi lançado no seio do inocente Filho de Deus. Satanás estava ferindo o calcanhar de Cristo, mas toda aflição suportada por Cristo, todo pesar, toda ansiedade, estava cumprindo o grande plano da redenção do homem.” –Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 129.

Com efeito, “não houve uma só gota de nossa amarga miséria que Ele não provasse, parte alguma de nossa maldição que Ele não sofresse a fim de que pudesse levar a Deus muitos filhos e filhas”. – Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 253. – José Carlos Ramos, diretor do Programa de Pós-graduação do Salt, Campus Engenheiro Coelho, SP.

sábado, 17 de março de 2012

5 Maiores Arrependimentos à Beira da Morte


Uma enfermeira que aconselhou muitas pessoas em seus últimos dias de vida escreveu um livro com os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas antes de morrer.
Bronnie Ware é um enfermeira que passou muitos anos trabalhando com cuidados paliativos, cuidando de pacientes em seus últimos três meses de vida. Ela conta que os pacientes ganharam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas e que podemos aprender muito desta sabedoria.
"Quando questionados sobre desejos e arrependimentos, alguns temas comuns surgiam repetidamente", disse Bronnie ao jornal britânico "The Guardian".
Confira a lista e os comentários da enfermeira:
1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais."
[Quantas pessoas, mesmo no meio cristão, vivem vidas medíocres, assumem relacionamentos medíocres e se tornam crentes medíocres e profissionais medíocres simplesmente porque os seus pais – ou algum outro frustrado “destruidor de sonhos” – achou que “deveria ser assim”?]  
2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
"Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho."
[“Se pudesse voltar atrás...” Quantas vezes ouvi isso de colegas e amigos pastores? Perdi a conta... Eu mesmo, se pudesse voltar atrás, não deixaria jamais o enorme auditório em que uma ansiosa criança – o meu filho – estava para fazer a sua primeira apresentação pública como pianista. Detalhe: Saí para tentar resolver mais uma briga de uns membros “pica-fumo” que nem sei se continuam na fé...]  
3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, ele se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que eles carregavam."
[Olha, não quer dizer que você vai sair por aí com a sua “metralhadora giratória” cuspindo balas em todo mundo!!! Com certeza, não é por aí... Por outro lado, nada de se anular – sendo um verdadeiro “capachão” – só para marcar uns pontinhos com aquelas pessoas que, no final da vida, são as últimas que você gostaria de “ver por perto”. Lembre-se destas palavras de Paulo: “E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram” (Gálatas 2:6).]  
4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos
"Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muito arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."
[Infelizmente, por se apegarem ao poder que nem craca em navio afundado, muitos não se dão conta disso... O poder passa. Os áulicos, puxa-sacos e “amigos” bajuladores – que gravitam em torno do poder – somem. A morte chega. E, muitas vezes, nem os filhos e outros familiares querem saber deste tipo de “gente” que só relacionou amizade com troca de interesses...]     
5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz
"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso "conforto" com as coisas que são familiares O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."
[Certa ocasião, mostrei um pensamento para um administrador – líder na igreja – e ele, achando-o o máximo, prontamente incorporou-o às suas anotações. Dizia o seguinte: “A felicidade não é uma estação a que se chega, mas, sim, a forma de viajar!” Meu escritor favorito escreveu isso, em outras palavras, faz quase dois mil anos: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:11-13).



Nota do Editor

Os nossos comentários estão entre colchetes. Sem sombra de dúvidas, oportuníssimo (quero comprar) o tema deste livro e, com certeza, se for feita essa “pesquisa” em qualquer lugar do mundo vai dar praticamente os mesmos resultados... Na ânsia de conquistar coisas, luxo, títulos, status e poder, as pessoas estão deixando de viver! Apropriadamente, o homem mais sábio que já existiu nos deixou estes sábios conselhos/sugestões face à brevidade da vida: “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do Sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do Sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer [rs não diz respeito apenas ao trabalho secular – até porque ele fala antes do relacionamento amoroso: homem e mulher – mas, principalmente, ao desfrutar as coisas boas e lícitas desta vida passageira], faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:9-10). 

sábado, 10 de março de 2012

Jovem saudável é mais feliz do que o que bebe e fuma



O jovem que leva uma vida saudável é mais feliz do que aqueles que insistem em comer comida industrializada e manter hábitos ilegais para a sua idade, como consumir bebidas alcoólicas e fumar cigarros. É o que concluiu um levantamento com adolescentes de dez a 15 anos, realizado pelo Economic and Social Research Council, da Inglaterra. A pesquisa tem como base informações de um estudo de longo prazo realizado em 40 mil lares britânicos financiados pelo ESRC, que analisou as respostas de 5 mil jovens a respeito de seus comportamentos relacionados a saúde e níveis de felicidade. Os resultados mostraram que:

- Os jovens que nunca beberam qualquer bebida alcoólica tinham entre quatro a seis vezes mais chances de ter níveis mais elevados de felicidade do que aqueles que relataram algum consumo de álcool.

- Jovens que fumavam eram cerca de cinco vezes menos propensos a ter pontuações altas de felicidade em comparação com aqueles que nunca fumaram.

- Maior consumo de frutas e hortaliças e menor consumo de batatas fritas, doces e refrigerantes foram ambos associados com a alta felicidade.

- Quanto mais horas os jovens gastavam com esportes por semana, mas felizes eles apareciam.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social e Econômica da Universidade de Essex, no Reino Unido, acreditam que os dados mostraram que os comportamentos não saudáveis, como fumar, beber álcool e o sedentarismo estão intimamente ligados com índices de felicidade mais baixos entre os adolescentes, mesmo quando fatores sócio-demográficos, tais como sexo, idade, renda familiar e escolaridade dos pais são levados em conta.

Ao menos, 12% dos jovens de 13 a15 anos de idade declararam que fumavam em comparação com 2% entre os de dez a 12 anos. Os números de consumo de álcool foram ainda mais impressionantes: 8% das crianças de dez a 12 anos de idade relataram ter tomado uma dose de bebida alcoólica no último mês, subindo para 41% entre os adolescentes de 13 a 15 anos.

A pesquisa mostrou também que entre os de 13 e 15 anos, quando os jovens têm mais autonomia sobre suas escolhas de estilo de vida, o consumo de alimentos torna-se menos saudável e o hábito de fazer exercícios se reduz.

Apenas 11% dos que tinham 13 a15 anos relataram o consumo de cinco ou mais porções de frutas e legumes por dia e mesmo entre os de dez a 12 anos de idade menos de um quinto relatou comer frutas e legumes na mesma proporção.

Cara Booker, um dos coautores da pesquisa, disse que a pesquisa mostra “que os jovens de qualquer espectro social não estão comendo alimentos saudáveis, nem tendo dietas equilibradas, e estão começando a consumir álcool na tenra idade”.

Ajudar os jovens a reduzir escolhas prejudiciais à saúde, como começar a tomar decisões independentes, são importantes para reduzir o número de adultos em risco de doença crônica e com pouca saúde relacionados com seus comportamentos.

Órgão diz que Coca e Pepsi têm potencial cancerígeno



Um grupo americano de defesa do consumidor afirmou que os refrigerantes normais e diet da Coca-Cola e da Pepsi contêm uma substância que pode causar câncer em quantidade acima do normal. Em um comunicado público, o Center for Science in the Public Interest (CSPI – Centro para a Ciência a Favor do Interesse Público, em tradução livre) afirmou que análises químicas detectaram a presença de altos níveis de 4-metilimidazol (4-MEI), um produto usado para dar a cor “caramelo” aos refrigerantes. O CSPI coletou amostras de Coca-Cola, Pepsi e outras marcas populares nos Estados Unidos em lojas na capital do país, Washington, e arredores. Foram encontradas de 145 a 153 microgramas (1 micrograma é a milionésima parte do grama) de 4-MEI em duas latas de 350 mililitros de Pepsi; 142 e 146 microgramas em duas latas de Coca-Cola; e 103 e 113 em duas latas de Diet Coke.

Segundo a lei do estado da Califórnia, produtos que contenham quantias de 4-MI acima de 29 microgramas precisam ser identificados com um rótulo avisando que podem aumentar o risco de câncer. 

“Quando a maioria das pessoas lê ‘corante caramelo’ nos rótulos dos alimentos, acha que se trata de um ingrediente similar ao obtido ao derreter açúcar em uma panela”, afirmou Michael Jacobson, diretor executivo da CSPI. “Mas a realidade é bem diferente. Corantes feitos com amônia ou pelo processo de sulfito de amônia contêm substâncias que podem causar câncer e não fazem parte da cadeia alimentar. Sob nenhuma circunstância poderiam ter um nome inocente como ‘corante caramelo’.” 

Em uma petição enviada à FDA (agência americana que controla os remédios e alimentos), a CSPI requereu a mudança do nome do ingrediente para “corante caramelo quimicamente modificado” ou “corante caramelo por processo de sulfito de amônia”. Também pediu que nenhum produto seja chamado de “natural” se contiver qualquer tipo de corante caramelo.

Jacobson vai além e defende o fim do uso do corante, já que outros produtos obtêm a mesma cor marrom sem usar o 4-MEI, inclusive refrigerantes. “A Coca-Cola e a Pepsi, com a anuência da FDA, estão expondo desnecessariamente milhões de americanos a uma substância que causa câncer.”

Segundo a CSPI, as pessoas em maior risco são homens na casa dos 20 anos, por consumirem grandes quantias de bebidas com corante caramelo e porque jovens são mais suscetíveis a produtos carcinogênicos que as pessoas mais velhas. [...]

Por via das dúvidas, a Pepsi disse à CSPI que vai alterar a quantidade de corante caramelo nos refrigerantes vendidos na Califórnia e que pretende estender a medida para o resto dos EUA. Em entrevista a um blog da Rádio Pública Nacional, a porta-voz da Coca-Cola disse que as mudanças para se adequar à lei da Califórnia já foram iniciadas, mas que os produtos da empresa sempre foram seguros.

(Veja)

Nota: A Pepsi vai alterar a quantidade do corante apenas porque a lei na Califórnia a obriga. E no resto do mundo? A verdade é que, ainda que não houvesse esse problema do corante cancerígeno, os refrigerantes são uma “bomba” com excesso de açúcar, pH baixíssimo e um coquetel de outras substâncias não muito recomendáveis. Água e sucos naturais de fruta continuam sendo a melhor opção verdadeiramente natural.

domingo, 4 de março de 2012

"Não Passará Esta Geração"


Se os eventos preditos em Mateus 24 devem aplicar-se tanto à destruição do templo em 70 A.D. e aos aconte­cimentos que precedem o segundo ad­vento de Cristo, por que Jesus disse especificamente, dirigindo-se aos dis­cípulos que Lhe indagavam sobre os sinais do fim: "E m verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça" (v. 34)? Obvia­mente Ele sabia que a profecia dos 2300 dias deveria cumprir-se antes do Seu retorno.
Parece óbvio que se fôssemos um dos discípulos que houvesse feito a pergun­ta: "Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século" (v. 3), iría­mos interpretar a resposta de Jesus "esta geração" como referindo-se à ge­ração em que estamos vivendo.
O problema apresentado nesta indaga­ção tem preocupado muitas pessoas, e muitas soluções já foram propostas. De nossa parte, preferimos a solução suge­rida por Ellen G. White em Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 66 e 67. Nessa passagem, Ellen White defendeu-se con­tra a acusação de que era falsa profetisa em vista de ter indicado há anos que a segunda vinda de Cristo estava próxima. Diz ela: "Sou eu acusada de falsidade porque o tempo tem continuado mais do que meu testemunho pareceria indicar?" Sua resposta é: "Que diremos então dos testemunhos de Cristo a Seus discípulos? Estavam eles enganados?" Ela a seguir citas as seguintes passagens: 1 Coríntios 7:29 e 30; Romanos 13:12; Apocalipse 1:3 e 22:6 e 7 nas quais os escritores apresentaram a vinda de Jesus como bas­tante próxima em seus dias. Embora ela não faça menção a Mateus 24:34, refe­re-se às passagens de Apocalipse como sendo as palavras do próprio Cristo "por meio do amado João". E como sua per­gunta básica é: "Que diremos então dos testemunhos de Cristo a Seus discí­pulos?" não vemos problema em incluir Mateus 24:34 na mesma categoria, uma vez que apresenta a vinda de Cristo co­mo uma ocorrência dentro "desta gera­ção", obviamente a representada por seus ouvintes.
Em vista do fato de que após mais de 2000 anos Cristo ainda não veio, ela prosse­gue com sua argumentação da seguinte forma: "Os anjos de Deus em Suas men­sagens aos homens, apresentam o tem­po como muito breve. Assim ele me tem sido sempre apresentado... Nosso Sal­vador não apareceu tão depressa como esperávamos. Falhou, porém, a palavra do Senhor? Nunca! Devemos lembrar, que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais".
Desse modo, ela apresenta as promes­sas concernentes ao tempo do retorno de Jesus como condicionais. Isso signi­fica que se certas condições houvessem sido preenchidas, Jesus teria vindo mais cedo, aparentemente ao tempo da gera­ção especificada em Mateus 24:34.
Se esta explicação for aceita, e Jesus já houvesse vindo, o que teria aconte­cido com profecias de amplo alcance co­mo a dos 1260 dias e a dos 2300 dias?
Deve-se notar que essas profecias não foram entendidas como referindo-se a longos períodos de tempo até muitos sé­culos após o nascimento de Cristo. Segundo o pesquisador Leroy Froom, o princípio do dia-ano (um dia na profecia sendo igual a um ano solar em cumpri­mento) não foi compreendido até cerca do nono século A.D. Portanto, ninguém teria percebido qualquer quebra da pro­fecia caso Jesus houvesse vindo antes.
Deve-se ainda notar que tais profecias são expressas em termos tais como "dias" (Dn 8:14; Ap 12:6), "tem­pos" (Dn 7:25), "meses" (Ap 13: 5). Não há indicação nas próprias pro­fecias de que qualquer escala de tempo devesse ser aplicada a "dias", "meses" ou "tempos". O Espírito Santo deu ins­truções para que isso fosse feito apenas após o tempo ter-se dilatado. Fosse em que tempo ocorresse o cumprimento, o Espírito Santo teria provido a escala apropriada.
Alguns têm julgado que Números 14: 34 e Ezequiel 4:6 estabelecem o prin­cípio dia-ano como devendo aplicar-se a todas as profecias de tempo. Todavia, um estudo criterioso dessas passagens demonstra que o princípio é aplicado somente aos casos específicos e que não há qualquer indicação geral nessas pas­sagens sugerindo que um princípio uni­versal seja por elas estabelecido. De fato, os adventistas do sétimo dia não aplicam o princípio de forma coerente a todas as profecias relativas a tempo. Por exem­plo, a extensão do milênio, declarada em Apocalipse 20:3, 5 e 7 é de "mil anos". Isso é aceito literalmente. Se o princí­pio do dia-ano fosse aplicado, a exten­são do tempo profetizado seria de 360.000 ou 365.000 anos.
Para nós, o elemento condicional que Ellen White aplica às profecias provê a solução mais simples ao problema de Mateus 24:34 e é perfeitamente aplicável ao texto bíblico.

Autor: Wilson F. Almeida

sexta-feira, 2 de março de 2012

A estátua e a Pedra



Sexto século antes de Cristo. O grande império mundial da época, Babilônia, ergue-se altivamente diante das demais civilizações. Chegara o seu momento histórico de glória. Regado pelos rios Tigre e Eufrates, ostenta riqueza, força, conhecimento e o esplendor opaco do orgulho humano que, sonhando ser perene, termina por se desintegrar no esquecimento. Elevada à posição de “rainha da Ásia” e embelezada pela magnificência de seus jardins suspensos (maravilha do mundo antigo), a nação mesopotâmica – “cabeça de ouro” - escraviza seus conquistados, inconsciente de que toda conquista humana é tão efêmera quanto o orvalho que cedo aparece mas logo se dissipa.

Como vítima principal do cativeiro babilônico encontra-se Judá, cidade-emblema da adoração monoteísta ao Deus que adentra no tempo e na História para Se fazer revelar em amor (e em juízo) a todos os povos. Judá, olvidando sua missão de nação representante do Deus vivo, quebra o concerto da graça e aliena-se da fonte de sua segurança. Para quem tinha como destino ser cabeça, e não cauda, a escravidão sob uma nação pagã é a triste sorte do povo escolhido.

Do povo escravizado, o Ser divino escolheu o jovem Daniel para revelar uma das profecias mais interessantes e abarcantes da Bíblia: a decifração do significado de uma estranha estátua metálica e de uma pedra meteórica, apresentadas certa noite no sonho perturbador do rei. Daniel, cujo nome significa “Deus é meu Juiz”, tornou-se na corte mesopotâmica o profeta da História e dos tempos distantes, o porta-voz apocalíptico do juízo e do propósito divino para com todos os seres. O cativo de Judá, auxiliado pelo Altíssimo, fez o que nenhum dos magos e astrólogos da corte conseguiu: relatou e explicou a mensagem oculta. O sonho, na verdade, constituía uma visão - “as visões da tua cabeça”, conforme o profeta declarou ao rei.

Nabucodonosor ficou intrigado. E o homem do presente, a quem o sonho igualmente alcança, não deixa também de se espantar. O relato de Daniel 2 é uma profecia, retratada em ricos símbolos, que inicia com Babilônia para se prolongar até o “fim dos dias”. Nesse episódio, as ciências ocultas revelaram-se (como de fato são) um completo fracasso. Elas não puderam nem dizer o sonho nem interpretá-lo. Por serem cegas, não definem o real problema; consequentemente não têm solução a apresentar. Pela ilusão que carregam consigo, incompetência em trazer respostas e alívio e pela frustração que causam, as ciências ocultas só são dignas de uma coisa: a sentença de morte. Se o Deus de Daniel não tivesse interferido na situação, o resultado seria a morte literal para os magos ocultistas e, por extensão, ao profeta hebreu e seus companheiros (Dan. 2:5, 12, 13). A decifração do mistério, no entanto, trouxe salvação aos dois grupos.

Daniel e Nabucodonosor bem podem representar, respectivamente, a igreja de Deus e o mundo, para os quais a mensagem divina está endereçada. A lição é clara: escolhidos e gentios são convidados a participar do “mistério que esteve oculto durante séculos e gerações”, mas que “Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Colossenses 1:26, 27). A igreja não é somente portadora de um relato; torna-se também o veículo escolhido da interpretação, ou o “profeta” a iluminar os sonhos misteriosos e indecifráveis da humanidade. Em outras palavras, com o mundo está o anseio irrespondível, as visões perturbadoras; com a igreja, mediante o Altíssimo, a resposta iluminadora.

A forma da estátua era provavelmente a de um homem eminente ou de uma divindade feita à semelhança dos homens. No sonho do monarca, ela era grande, de esplendor excelente e de aparência terrível. Representa o lado ameaçador e jactancioso da raça humana, bem como o aspecto “terrível” de cada pessoa em particular. No plano geral, a estátua simboliza o sonho humano de governar, alheio ao governo divino todo-abarcante; no plano particular bem pode indicar o homem que tenta ser grande para estabelecer um reino em si, independente de Deus. Ela permanece fixa e imóvel no solo do mundo, pisando o próprio planeta numa atitude de domínio autodestruidor, recusando a transcendência e olvidando o fato de que o reino não se restringe à Terra, este mero átomo no Universo. Entretanto, embora grande e altiva, a estátua está inconsciente do verdadeiro poder expresso pela Pedra.

A imagem do sonho de Nabucodonosor, aparentemente um corpo único, está dividida. É híbrida na sua essência, bem representativa da humanidade. Os metais constitutivos do ídolo caracterizam sua natureza autoconflitante. Mais: denotam poder civilizatório progressivamente decadente e expressam as separações construídas pelo homem, impeditivas da genuína união universal. Substancialmente separados, os metais, todavia, permanecem ligados para formar a estátua, estabelecendo uma coligação de forças. Inimigos entre si, estão, não obstante, unidos contra o poder da Pedra.

Cada metal, na passagem dos séculos, vai dando lugar ao outro, embora não sem resistência. Rendição não faz parte dos planos da estátua. A Pedra, ao contrário, possui natureza una, indivisível e definida, símbolo da pureza de um reinado universal. A Pedra é um Homem (Salmo 118:22; Zacarias 4:7; Mateus 16:18; 21:42; Atos 4:11, 1 Pedro 2:4, 8), o representante legítimo da humanidade, sobre os ombros do qual está o governo do mundo (Isaías 9:6). Diferente da estátua, Ele não possui natureza dividida. NEle o divino e o humano combinam-se perfeitamente (João 1:14), em pacífica aliança.

Ouro, prata, bronze e ferro: cada metal da estátua a seguir seu precedente é inferior. O poder humano está se desvanecendo na passagem dos séculos, embora aparente uma ilusória força. Os pés do ídolo já não são metal puro, e sim uma mistura de ferro com barro, denotando a debilidade e o iminente fracasso da civilização atual. O poderio tecnológico, a força pensante expressa na filosofia, o avanço e a arrogância do cientificismo, a suposta espiritualidade – elementos condensados nas grandes conquistas tão proclamadas pela raça – apresentam a aparência de ferro, mas estão fragilizados pela argila. O mundo moderno faz-se de forte e resistente como o duro metal; contudo é evidente a sua fraqueza, especialmente nos campos moral e espiritual. As tentativas de melhora e união, nestes últimos dias, vêm resultando em fracassos contínuos. O homem, pobre barro, procura reafirmar-se sem Deus, esquecendo-se de que “tu és pó e em pó te tornarás” (Gênesis 3:19). O barro nos pés da imperiosa estátua indica a falência do gênero humano, caso opte pela separação do Criador.

O divino surge das alturas e vem ao encontro do humano. Mas nesse encontro a Pedra aparece para destruir a altivez e o poder despótico da estátua. Inesperadamente, ela surge do Céu (Mateus 24:30, João 3:16, 1 Tessalonicenses 4:16), sem o auxílio de mãos humanas. Em constante movimento, viaja por todos os domínios do espaço infinito, passando por mundos inimagináveis e preparando-se para chegar ao planeta azul. Repentinamente, cai sobre os pés da grande imagem, ferindo-a na sua fragilidade, nas suas bases, e destruindo-a completamente. Os pés sofrem ataque sem aviso, sendo esmiuçados. A estabilidade foi-se. Imediatamente o poder do Céu toma o planeta na figura de um grande monte, e o lugar ocupado pela imensa imagem é assumido pela Pedra, o verdadeiro e seguro fundamento do mundo. Daniel conclui a revelação com uma nota de certeza que produziu em Nabucodonosor profunda convicção: “Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação” (Daniel 2:45).

A estátua e a Pedra sempre se mantiveram em contraste. São forças em conflito a demandar adoração. A primeira tenta atrair pela beleza, esplendor e pela riqueza de seu material - os atrativos meramente externos da forma. Para existir, depende de mãos humanas. A segunda aparece “sem o auxílio de mãos” (Daniel 2:34) e deseja nos cativar pela segurança, permanência e fortaleza que constituem a adoração verdadeira, eterna e indestrutível.

Os cristãos que aprenderam a ver na profecia a concepção bíblica da História contemplam algo mais que o homem secular; vislumbram a representação de uma mensagem celestial, profundamente significativa. O sonho transmite alguns recados. Três deles evidenciam-se: (1) a transcendência, imperceptível ao homem cético, sempre esteve presente na imanência: o eterno invade o temporal (presente, passado e futuro) e participa dos negócios das nações. Deus Se preocupa conosco; (2) há forças visíveis e invisíveis travando um conflito contra o estabelecimento do reino divino; (3) a vida, retratada na história da humanidade, não é um “conto narrado por um idiota, cheio de som e fúria, significando nada” (Shakespeare) ou uma “agitação feroz e sem finalidade”, como afirmou ilustre poeta brasileiro; tampouco uma narrativa já traçada fatidicamente pelo destino. É uma epopeia de liberdade em que o triunfo da verdade, da justiça e do amor se torna uma questão de tempo, um tempo longo e sofrido, mas que finalizará quando a vitória da Pedra sobre a estátua for consumada. Somos avisados do encontro futuro, decisivo e drástico entre imanência e transcendência, tal qual a queda de um asteroide sobre o mundo. Cremos nós, os viventes dos “últimos dias”, na visão?

No presente, na Terra “metalicamente” dividida, as nações do mundo, sejam poderosas ou não, lutam em combate para ver qual ficará em ascensão. Entre o ouro da cabeça da estátua e a Pedra que inaugurará o reino do Altíssimo, estamos nós. Nesse intervalo histórico nossas escolhas definem nosso destino. Assim, em face do sonho profético dado a toda a humanidade, resta a cada indivíduo posicionar-se diante da Pedra. Só existem duas opções: ou cairemos sobre ela e nos despedaçaremos em arrependimento ou a Rocha dos Séculos cairá sobre nós e nos esmiuçará. O desejo de Deus é o melhor. Qual será o nosso? Nabucodonosor “caiu com o rosto em terra” (Daniel 2:46) e reconheceu a grandeza e o poder do Altíssimo. O humilde gesto real foi a mais sábia e realista escolha. Expressaremos a mesma atitude ou nos manteremos arrogantemente erguidos?

“Certamente cedo venho” – é o aviso da Pedra.

(Frank de Souza Mangabeira, membro da Igreja Adventista do Bairro Siqueira Campos, Aracaju, SE; servidor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe)