sábado, 30 de março de 2013

A cruz de Jesus Cristo ou a sua cruz?

A crucifixão foi praticada desde o sexto século a.C. até por volta do quarto século d.C., quando foi abolida por ordem de Constantino I em 337 d.C.. Os fenícios e os gregos costumavam utilizar esse tipo de morte para punição política e militar. Os persas e os cartagineses a utilizavam para punir altos oficiais, comandantes e líderes rebeldes. Os romanos usavam a cruz para punir classes inferiores (escravos, criminosos violentos e possíveis guerrilheiros de províncias rebeldes). E foram os romanos que se especializaram nesse tipo de tortura física e mental.
A cruz era um bom instrumento de persuasão contra os rebeldes. Apesar de
ser uma condenação terrível e vergonhosa, ela era praticada publicamente. Geralmente, a vítima era crucificada nua e não tinha o direito de ser sepultada dignamente. O corpo dela era deixado para os animais comerem ou era jogado no lixo público, onde se decompunha junto de excrementos e restos de lixo urbano.
“Cícero, um dos maiores juristas do Senado, e que viveu nos dias de Julio César, chamava a crucifixão de ‘summum supplicium e crudelissimum supplicium’, que traduzido seria ‘a mais extrema, mais cruel e angustiosa forma de punição’… Em 63 a.C., Rabirius, um senador romano, foi condenado à morte de cruz. Cícero, então, saiu em sua defesa argumentando que a simples menção da palavra ‘cruz’ era algo inadmissível aos ouvidos de um respeitado cidadão romano. Veja o que ele escreveu na ocasião: ‘Oh! Quão grave seria ser desgraçado publicamente por uma corte, quão grave seria sofrer um castigo, quão grave seria ser banido. Mesmo assim, em meio a um desastre, gozaríamos de certo grau de liberdade. Mesmo se formos condenados à morte, podemos morrer como homens livres. Mas… a simples menção da palavra ‘cruz’ deveria ser removida não apenas da pessoa de um cidadão romano, mas até mesmo de seus pensamentos, olhos e ouvidos… A simples menção dela é um desrespeito a qualquer cidadão romano ou homem livre.’”
Plautos, um escritor que viveu por volta de 230 a184 a.C., foi, provavelmente, o mais antigo a dar evidências sobre a crucifixão em Roma. Descrevendo as peças teatrais, ele menciona a crucifixão de escravos. Flávio Josefo, um escritor judeu, também menciona a crucifixão, dizendo que ela era a “mais desgraçada de todas as mortes”. Havia vários tipos de cruz. Possivelmente, a mais antiga forma de cruz era a crux gammata, que parecia a junção de quatro letras do alfabeto grego. Esse não era um símbolo de condenação, mas de riqueza e prosperidade. Um outro tipo era a crux ansata, que também não simbolizava condenação ou sofrimento.
Como instrumento de execução havia quatro tipos de cruz na época de Cristo. Uma era a cruz decussata, que tinha o formato da letra “x”. Ela era baixa e o condenado ficava com os pés apoiados no chão. Nessa cruz, enquanto ainda estava vivo, o condenado era deixado para que animais o comessem ou para servir de uma espécie de tiro ao alvo. Outra cruz era a immissa quadrata, uma cruz grega que se assemelhava à decussata. Ela tinha o travessão cortado na mesma medida do poste principal e também era baixa. Um terceiro tipo de cruz era a comissa, que tinha o formato da letra “T”. Essa cruz era um poste que, geralmente, ficava fixo no local da execução, ao qual se encaixava o travessão. A vítima era amarrada ao travessão e “puxada” até ao topo do poste vertical e permanecia agonizando à vista da multidão.
O quarto tipo de cruz é a immissa ou capitata, que era a mais usada pelos romanos. Ela era muito alta e era formada por duas peças: o estipes (poste que, geralmente, ficava no local da execução) e o patibulum (o travessão que era carregado pelo condenado até o local da crucifixão). A cruzimmissa é a mais aceita pelos pintores que retratam a morte de Cristo e é, sem dúvida, a aceita pela Igreja. Essa escolha deve-se a vários fatores:
- somente essa e a cruz grega permitiam que uma placa fosse colocada acima da cabeça do condenado (Mateus 27:37);
- a cruz immissa quadrata também permitiria a colocação da placa, mas é descartada porque era baixa, o que a faz não se encaixar nas descrições dos evangelhos porque a Bíblia diz que os soldados usaram um caniço para alcançar a boca de Jesus e uma lança para verificar se Ele estava morto (João 19:29 e 34). Se a cruz de Cristo fosse baixa, não seriam necessários o caniço e a lança, afinal, a haste da lança romana media cerca de dois metros. Isso descarta a possibilidade de ter sido usada a cruz grega, pois essa nunca passava de dois metros de altura;
- a cruz romana era formada por duas partes: o poste principal e o travessão, que era carregado pelo condenado até o lugar da crucifixão. “No local da crucifixão, o stipes deitado no chão ficava à espera da parte que lhe completava. Sobre ele, então, fixavam o patibulum e, em seguida, pregavam a vítima. Depois, soerguiam a peça inteira até que caísse com violência num buraco previamente preparado para esse fim. A dor, nesses casos, era inimaginável… O condenado ficava nu e assentado com uma das nádegas apoiadas sobre um banquinho chamado sedícula. Os cravos eram pregados, geralmente, no antebraço, entre o rádio e o cúbito. A Bíblia, no entanto, diz que os de Jesus foram afixados através das mãos… Com os braços estendidos em forma de “v”, a vítima ficava com os pulmões apertados e tinha de erguer-se sobre as pernas para respirar melhor.”A história registra muitas crucifixões. Entre elas, citamos:
- Heródoto comenta que Dario crucificou três mil babilônios em uma única vez;
- Tito Lívio comenta que 25 escravos foram crucificados;
- Osório testemunhou a crucifixão de 450 homens;
- Seis mil escravos foram crucificados, em uma única vez, após a morte de Epartacus;
- Adriano crucificou mais de dois mil judeus e usou os corpos deles como tochas para iluminar as estradas da Judéia.
Em 1968, foram encontrados 15 túmulos de pedra (datados entre 70 a.C. a 70 d.C.) que continham os esqueletos de 25 pessoas. Um dos esqueletos era de um jovem de 20 a 30 anos que fora crucificado. Essa foi a primeira e única ossada encontrada completa de um homem que morreu crucificado (há outras, mas com ossos muito fragmentados). Através dela, reconstitui-se, provavelmente, a forma como Jesus morreu.”
Seja feliz!
J.Washington
Vivian Vergilio

sexta-feira, 29 de março de 2013

EXPIAÇÃO NA CRUZ




Pr. Albino Marks

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”. – Cl.1:13 e 14.

INTRODUÇÃO – A morte de Jesus foi tão impressionante aos olhos dos que ali se encontravam em torno da cruz, que um rude comandante da guarda romana declarou com voz embargada, comovida, com estranho sentimento de emoção e com uma convicção inexplicável: “Verdadeiramente este homem era o filho de Deus”. – Marc. 15:39 – TEB.

Este informante, sem nenhuma ligação com Jesus, deixou um testemunho eloqüente sobre a morte do Homem. Havia acompanhado a morte de muitos criminosos e bandidos, mas ali estava alguém que fez uma diferença imensa: Este Homem era o filho de Deus. A morte de Jesus atraiu aquele que ali se encontrava para executar a sentença de morte contra Ele. Ele viu na morte do Homem, o Dom da Vida.

Milhões, ao longo dos séculos foram atraídos pelo Homem que morreu com dignidade, nobreza e serenidade, que morreu como o justo.

Este Homem, em Sua morte, atraiu-me como o imã ao ferro e não posso imaginar-me viver sem a presença constante deste Homem, que é em primeiro plano, o Deus Eterno Criador – Jesus.

Ele morreu a minha segunda morte com dignidade,. nobreza e serenidade, para que eu possa ter o privilégio de morrer a minha primeira morte com dignidade, nobreza e serenidade. Não preciso temer esta morte, apesar de eu amar a vida, porque a minha segunda morte, que Ele já morreu em meu lugar, é a garantia de vida eterna após a minha primeira morte. Em face desta verdade, a minha primeira morte é apenas um sono de um momento, penhor de minha segunda morte que já aconteceu quando Ele morreu com dignidade, nobreza e serenidade em  meu lugar. 

Que maravilhoso Salvador! Que maravilhoso Deus-Homem! Que grandeza de vida! Que grandeza de morte! Louvado seja Deus, por Salvador tão maravilho!

PENSE – “Apesar disso, Ele colocou sobre Si mesmo as nossas dores, Ele mesmo carregou nosso sofrimento. E nós ficamos pensando que Ele estava sendo castigado por Deus por causa de Seus próprios pecados! A verdade, porém, é esta: Ele foi ferido por causa de nossos pecados; seu corpo foi maltratado por causa de nossas desobediências. Ele foi castigado para nós termos paz; Ele foi chicoteado – e nós fomos curados!”  - Is. 53:4 e 5 – BV.

DESAFIO – “E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. – João 12:32 – ARC.

ANGÚSTIA: CAMINMHANDO PARA O GETSÊMANI – “Disse-lhes então: ‘A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal.  Fiquem aqui e vigiem comigo’”. – Mat. 26:38 – NVI.

O que Jesus estava dizendo quando declarou: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal?”  Quando Lázaro morreu, Jesus disse para Seus discípulos: ”Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá  para acordá-lo”. – João 11:11 – NVI. A morte que acometeu Lázaro é a morte comum a todos os seres humanos e a Escritura Sagrada a descreve como um sono.

Jesus não morreu a morte do sono, mas morreu a morte da condenação em conseqüência do pecado; Ele morreu a morte eterna. “Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre  eles… Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte”.  – Apoc. 20:6 e14 – NVI. Jesus estava sob o peso da agonia de alma em face desta morte.

Outro motivo da grande tristeza de Jesus, era a opressão pela dor de alma sob a avaliação do homem perdido em conseqüência do pecado e não compreendendo o amoroso convite do Deus da eterna graça e do perdão ilimitado. O sofrimento era lá no íntimo. A dor que faz sofrer o nosso íntimo, nunca transparece com toda a sua agonia em nosso semblante.

Mesmo os discípulos foram incapazes de captar toda a intensidade da agonia de alma que dominava Jesus ao aproximar-se o grande momento do sacrifício. Em verdade era impossível para os discípulos compreender o que se passava no íntimo de Jesus, pois até aquele momento não entendiam a sua morte-sacrifício. A morte de vitória sobre o diabo e sobre a segunda morte. Eles esperavam que fosse o libertador do jugo romano. Com a visão tão distorcida o melhor que podiam fazer era dormir.

PENSE – “Não mais se ouviria na cidade a graça que traz salvação. Essa era a causa da intensa tristeza do Salvador. … As ternas lágrimas que Ele derramou sobre Jerusalém foram as últimas lágrimas do amor rejeitado, … A vibrante multidão não podia compreender a causa da tristeza do Salvador. Não sabiam que as iniqüidades de Israel estavam trazendo sobre ela  suas calamidades finais”.  – MM. 2002, pág. 254.

DESAFIO – “Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado”. – Mc. 14:34 – NVI.

O CÁLICE: SUBMISSÃO VOLUNTÁRIA – Jesus estava caminhando em direção à Sua morte substituta, Sua morte sacrifício. Ele passaria pela morte da condenação eterna, mas também, pela vitória sobre a morte, iluminaria o mundo com a mais brilhante esperança.

A justiça da lei requeria a morte do culpado. Jesus morreu em lugar do culpado, tendo em Si, executada a justiça da lei e por esse ato, engrandeceu, magnificou e glorificou a lei. Jesus não veio para abolir ou mudar a justiça da lei, mas veio para confirmar esta justiça e engrandecê-la. Se Jesus mudasse um i ou um ponto da lei, a acusação de Satanás seria justificada. Deus é injusto, a lei é injusta, é defeituosa e precisa ser mudada.

Não era possível evitar a morte substituta de Cristo, não era possível passar o cálice, porque não era possível anular ou mudar a lei moral. O único meio e o único caminho para vindicar o justo e amoroso caráter de Deus, e para salvar o homem por graça imerecida era a morte requerida pela lei moral. Morreu o inocente para oferecer graça, perdão e justificação para o culpado. Incomensurável, inesgotável e incompreensível revelação de amor! O amor por graça proveu a justificação e a salvação do culpado e a justiça da lei moral foi executada e a sua eternidade confirmada.

Sobre a cruz do Calvário a graça e a verdade se encontraram, a justiça e a reconciliação se beijaram. A graça em favor do pecador é obtida no encontro de Jesus com a sentença de morte da lei. A justiça da lei e a paz da reconciliação se beijaram, porque pela graça o pecador é  colocado em harmonia com Deus e em harmonia com a Sua lei.

PENSE – O diabo empenhou-se com todas as forças e artimanhas para induzir Jesus a pecar: “Voltando, Jesus tornou a procurar o Seu retiro, caindo prostrado, vencido pelo horror de uma grande treva. A humanidade do Filho de Deus tremia naquela probante hora. Não orava agora pelos discípulos, para que a fé deles não desfalecesse, mas por Sua própria alma assediada de tentação e angústia. O tremendo momento chegara – aquele momento que decidiria o destino do mundo. Na balança oscilava a sorte da humanidade…”. - DTN. pág. 690. 

DESAFIO – “Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram”. Salmo 85:10 – ARA.

TREVAS: ENTREGUE AO INIMIGO –  “Os próprios demônios, em forma humana, achavam-se na turba, e que se poderia esperar, senão a resposta: ‘Seja crucificado?’… Desfalecido de fadiga e coberto de ferimentos, Jesus foi levado, sendo açoitado à vista da multidão… Satanás dirigia  a cruel massa nos maus tratos ao Salvador. Era seu desígnio provocá-Lo, se possível, à represália, ou levá-Lo a realizar um milagre para Se libertar, frustrando assim o plano da salvação. Uma mancha sobre  Sua vida humana, uma falha de Sua humildade para resistir à terrível prova, e o Cordeiro de Deus teria sido uma oferta imperfeita, um fracasso para a redenção do homem… Grande foi a ira de Satanás, ao ver que todos os maus tratos infligidos ao Salvador não Lhe forçaram os lábios a soltar uma só queixa. Embora houvesse tomado sobre Si a natureza humana,  era sustido por uma força divina, e não Se apartou num só ponto da vontade do Pai… Aos que padeciam morte de cruz, era permitido ministrar uma poção entorpecente, para amortecer a sensação de dor. Essa foi oferecida a Jesus; mas havendo-a provado, recusou-a. Não aceitaria nada que Lhe obscurecesse a mente. Sua fé devia ater-se firmemente a Deus. Essa era Sua única força. Obscurecer a mente era favorecer vantagem a Satanás… Satanás torturava com cruéis tentações o coração de Jesus… Hostes de anjos maus se achavam reunidas em torno daquele lugar. Houvesse sido possível, e o príncipe das trevas, com seu exército de apóstatas, teria mantido para sempre fechado o túmulo que guardava o Filho de Deus”. - DTN. págs. 733, 734, 735, 746, 753 e 779. 

PENSE – “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai”. – João 10:17 e 18 – NVI.

DESAFIO – “Porque Deus tanto amou o mudo que  deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. – João 3:16 – NVI.

O GRITO: EXPLORANDO O MISTÉRIO – O momento decisivo chegou. Declara o profeta Isaías: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele”. – Is. 59:2 – NVI.

Esse momento chegou para Jesus, quando o cordeiro que o tipificava, devia ser imolado em favor dos pecadores. Mas ali estava“o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”  O fardo de todos os pecados de todos os pecadores estava depositado sobre Ele. Os pecados ocultaram a face amorosa do Pai e Ele brada:“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”  O cordeiro daquela tarde não foi morto, porque o Cordeiro de Deus estava sendo colocado sobre o altar do sacrifício para  proceder a expiação por todos os pecados. “Mas agora ele apareceu uma vez por todas no fim  dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de si mesmo”. – Heb. 9:26 – NVI. 

Nesse momento decisivo houve uma “ruptura dos poderes divinos”,mas foi nesse momento “que  Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os seus pecados”, – II Cor. 5:19 – NVI., porque estes foram depositados sobre Cristo que pagou o preço de resgate.

“Por que tuas roupas estão vermelhas, como as de quem pisa uvas no lagar? Sozinho pisei uvas no lagar; das nações ninguém esteve comigo. Eu as pisoteei na minha ira e as pisei na minha indignação; o sangue delas respingou na minha roupa, e eu manchei toda a minha veste. Pois o dia da vingança estava no meu coração, e chegou o ano da redenção”.  – Is. 63:2-4 – NVI.  

Era o dia da vingança e da vitória sobre o inimigo e o dia da redenção.

PENSE – “Em meio da horrível escuridão, aparentemente abandonado por Deus, sorvera Cristo as derradeiras fezes da taça da miséria humana. Durante aquelas horas pavorosas, apoiara-Se às provas  que anteriormente lhe haviam sido dadas quanto à aceitação de Seu Pai. Estava familiarizado com o caráter de Deus; compreendia-Lhe a justiça, a misericórdia e o grande amor. Descansava, pela fé nAquele a quem Se deleitara sempre em obedecer” – DTN. pág. 756. 

DESAFIO – “Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida. Ele está ‘separado da vida de Deus’” – DTN. pág. 764.

ESTÁ CONSUMADO: DA MORTE PARA A VIDA – A morte de Jesus  ocorreu como determinado pelo eterno conselho da Trindade, quando o plano da salvação foi estabelecido, e Jesus teve a absoluta certeza de que tudo estava concluído, sem adiantamento e sem tardança.

Jesus morreu no exato momento em que o sacrifício da tarde estava começando a ser preparado: ”Ao irromper dos lábios de Cristo o grande brado: ‘Está consumado’, oficiavam os sacerdotes no templo. Era a hora do sacrifício da tarde. O cordeiro, que representava Cristo, fora levado para ser morto. Trajando o significativo e belo vestuário, estava o sacerdote com o cutelo erguido, qual Abraão quando prestes a matar o filho. Vivamente interessado, o povo acompanhava a cena. Mas eis que a terra treme e vacila; pois o próprio Senhor se aproxima. Com ruído rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão invisível, expondo aos olhares da multidão um lugar dantes pleno da presença divina… Tudo é terror e confusão. O sacerdote está para matar a vítima; mas o cutelo cai-lhe da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o santíssimo. Um novo, vivo caminho está para todos preparado.  Não mais necessita a pecadora,  aflita humanidade esperar a chegada do sumo sacerdote. Daí em diante, devia o Salvador oficiar como   Sacerdote e Advogado no Céu dos Céus”.  – DTN. págs. 756 e 757.   

Jesus, o Deus eterno, onipotente, onipresente, onisciente, desceu a este mundo para assumir a natureza humana e viver como humano. Antes de retornar para o Pai, depois da missão cumprida, declara que viveu exatamente como estava escrito nas Escrituras, para que tudo o que foi escrito, recebesse a confirmação de ser verdade e inquestionável.

PENSE – Para os discípulos no caminho de Emaús, no entardecer do dia de Sua ressurreição, Jesus declarou: “Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’”. – Luc. 24: 44 – NVI.

DESAFIO – “Jesus, porém, ordenou a Pedro: ‘Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?’”  - João 18:11 – NVI.

ESTUDO ADICIONAL – Morrendo a segunda morte, por que Jesus não foi aniquilado, mas ressuscitou triunfante sobre esta morte? Quando o homem pecou e entrou em desarmonia com Deus, a sentença da morte eterna caiu sobre ele. O diabo e o pecado exigiam a vida do homem. Como a vida está no sangue, unicamente o sangue e a vida de um substituto inocente poderiam livrar o homem. Este inocente teria que enfrentar o diabo e o pecado, obtendo a vitória, não pecando.  O único com estas qualificações somente poderia ser o próprio Criador. 

Para Seus discípulos, Jesus declarou: “Já não lhes falarei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo. Ele não tem nenhum direito sobre mim”. – João 14:30 – NVI.

Nem o diabo nem o pecado tiveram poder sobre a vida de Cristo, porque Ele viveu sem pecar. Venceu o diabo e o pecado, portanto, venceu a segunda morte. Como vitorioso, Ele não podia ser aniquilado, mas aniquilou o diabo e a morte  Esta vitória de Jesus sobre o diabo e a segunda morte, livra à todos que aceitam a Sua morte sacrifício, do poder do diabo e do poder da segunda morte. 

Ele morreu a segunda morte, que elimina totalmente o pecado  e pecadores, incluindo o autor do pecado e seus aceclas. “Pois certamente vem o dia, ardente como uma fornalha. Todos os arrogantes e todos os malfeitores serão como palha,… Não sobrará raiz ou galho algum”. – Mal. 4:1 – NVI.

A tristeza até a morte, pesando sobre Jesus, nada tinha a ver com culpas que O pudessem atormentar. A visão do mundo envolvido pelo pecado e os homens em revolta contra o seu amoroso Criador, rejeitando a oferta de Sua graça redentora, era a causa dessa tristeza tão profunda. A que assemelhar a tristeza de Deus? Encontraríamos algum parâmetro humano?

PENSE – “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre, e pelas suas feridas fomos curados”. – Is. 53:5 – NVI.

DESAFIO – “Assim como houve muitos que ficaram pasmados diante dele; sua aparência estava tão desfigurada, que ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano”.– Is. 52:14 – NVI.

quinta-feira, 28 de março de 2013

A Alegria Como Remédio


Riso ou sorriso é uma expressão facial decorrente da flexão dos músculos das extremidades da boca. Está presente nos diversos aspectos do comportamento humano e é regulado pelo cérebro. Ele ajuda os seres humanos a indicar mais claramente suas intenções, durante interações sociais, e provê um contexto emocional para a comunicação. Pode ser utilizado por um grupo social para sinalizar aceitação e reações positivas com outros indivíduos. O estudo do humor, do riso e de seus efeitos psicológicos e fisiológicos no corpo humano é denominado gelotologia(Wikipédia, a Enciclopédia Livre).

Mamar e mastigar são os primeiros exercícios musculares que permitem ao bebê rir. Daí por diante, durante toda a sua vida o riso será uma manifestação de alegria e uma maneira de comunicar-se com as demais pessoas, além de um símbolo de saúde ou um agradável remédio. Dizem que o riso é um remédio infalível, que diferencia o ser humano dos animais e que é privilégio das pessoas felizes.

Os especialistas consideram o riso um verdadeiro cataclismo interno, produtor de modificações que significam um exercício essencial para alguns órgãos. Quando a gargalhada está em seu apogeu, produz uma sacudida no diafragma que, ao se contrair e se dilatar, faz uma delicada massagem nos órgãos vizinhos como coração, fígado, pulmões, glândulas salivares e parte do intestino. Durante o riso, todas as glândulas se excitam e segregam humores e líquidos em quantidade maior que a de costume. Ao circular pelo corpo, as substâncias dão uma sensação de descanso e bem-estar.

O CORAÇÃO ALEGRE É BOM REMÉDIO (PV 17:22)
Pessoas felizes e otimistas têm risco 22% menor de sofrer problemas cardíacos do que os que têm emoções negativas, segundo estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, publicados no “European Heart Journal”. “Se os próximos estudos confirmarem nossas conclusões, esses resultados serão importantíssimos para descobrir o que pode ser feito para melhorar a saúde dos pacientes”, afirmou a diretora do Centro de Comportamento de Saúde Cardiovascular da Universidade, Karina Davidson, que coordenou o estudo.

Durante dez anos, Karina acompanhou 1.739 adultos saudáveis – 862 homens e 877 mulheres – e avaliou sintomas como depressão, ansiedade, hostilidade e a intensidade das emoções positivas, como prazer, felicidade, excitação, entusiasmo e contentamento. O trabalho mostrou que o efeito da felicidade nas pessoas alegres é tão forte que supera os efeitos de momentos ruins. “Descobrimos também que aqueles que geralmente eram bastante positivos apresentavam sintomas de depressão em algum momento da pesquisa. Mas isso não aumentava o risco de doenças cardíacas”, disse Karina (Fonte: O Dia – RJ).

O escritor, padre e médico francês François Rabelais (1494 – 1553) foi um fervoroso adepto dessa prescrição bíblica.  Dizia que “os alegres sempre se curam.” Evidentemente, não basta rir para ficar curado, mas a alegria ajuda muito. Está provado que o estado de ânimo desempenha um papel importante na recuperação de um doente. Em vista disso, em 1986, foi fundado em Nova York, um grupo de palhaços travestidos de médicos e enfermeiras, que utiliza o humor para animar as crianças hospitalizadas, o “Clown Care Unit” (Unidade de Terapia dos Palhaços). Os resultados terapêuticos extremamente animadores levaram outros grupos a seguir o exemplo, inclusive no Brasil.

“ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR; OUTRA VEZ DIGO: ALEGRAI-VOS” (FL 4:4).
É digno de nota as circunstâncias pelas quais passava o apóstolo Paulo quando escreveu essa epístola: estava em Roma, onde “por dois anos, permaneceu Paulo na sua própria casa, que alugara, onde recebia todos que o procuravam...” (At 28:30).

Durante esse encarceramento escreveu sua carta à igreja dos filipenses (At 28:16-31; Fl 1:12, 13; 4:18, 21-23). O tema de suas linhas é a “alegria no Senhor”. Ele escreveu enquanto estava preso e sem saber o que lhe sucederia; no entanto, utiliza repetidas vezes as palavras “alegria” e “regozijo”. A expressão “em Cristo” aparece com freqüência determinando adequadamente o tema da epístola.

É importante lembrar que os apelos de Paulo para a alegria cristã, não se baseiam e nem se fundamentam no otimismo natural, mas o elemento decisivo da alegria está no “Senhor” como fator mestre da exortação. Para o apóstolo, o cristão não depende das circunstâncias para ser feliz. O conceito de felicidade que impera na sociedade, de um modo geral, é de cunho materialista e humanista que cedo se dissipa como “a flor da erva que cai, e desaparece a formosura do seu aspecto” (Tg 1:10, 11).

O convite de Paulo é para “alegrar-nos sempre no Senhor” porque “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou” (Rm 8:35, 37). O cristianismo não é um amuleto da sorte para “atrair bons fluidos” e fazer com que as coisas vão sempre bem.

Cristianismo é uma forte confiança e “alegria no Senhor” independente das circunstâncias: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3:17, 18).

O CÂNTICO APRENDIDO NA AFLIÇÃO
Conhecidos há mais de cinco séculos, os canoros, coloridos e belos canários são capazes de fazer solos, duetos e quartetos que encantam milhares de pessoas no mundo todo. São originários das Ilhas Canárias, localizadas na costa oeste da África. Muito utilizados pelos marinheiros como animais de estimação, os canários conquistaram a Europa e o mundo rapidamente.
O treinamento dos canários, para que se tornem exímios cantores, é um processo lento e crucial, exigindo o isolamento total da ave: o canário escolhido é tirado do grupo ou da mãe, e posteriormente é colocado na gaiola, isolando-o de todos.  Normalmente, esta é coberta com um pano escuro, deixando a avezinha em total escuridão e bastante estressada: é o método do confinamento visual e auditivo [há outros tipos de procedimentos].

O treinador começa assobiar uma canção, ou usar um disco gravado com a voz do pai ou fitas gravadas com pássaros de reconhecida qualidade de canto. Logo a pequenina ave começa a cantar, às vezes, dando um verdadeiro recital. “O cântico que ele entoar na escuridão, será para sempre” [Pastor Mark Finley].

Ao longo de sua carreira cristã, enfrentando as mais diversas circunstancias sem vacilar, Paulo aprendeu a entoar uma canção “na aflição” e foi treinado a usar a fé, o ânimo e a coragem. Ele nos mostra a importância de descobrirmos a “alegria no Senhor” e a viver nela. “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto na fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso nAquele que  me fortalece” (Fl 4:11-13).  

“SABEMOS QUE TODAS AS COISAS COOPERAM PARA O BEM DAQUELES QUE AMAM A DEUS, DAQUELES QUE SÃO CHAMADOS SEGUNDO O SEU PROPÓSITO” (RM 8:28).

Num reino distante havia um rei que não acreditava na bondade de Deus. Um súdito, porém, sempre lhe dizia: “Meu rei, confie em Deus, porque Ele é bom!” Um dia o rei saiu para caçar, com seu súdito, e uma fera o atacou. O súdito conseguiu matar o animal, porém não evitou que Sua Majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita.

O rei, furioso e sem mostrar agradecimento por ter sido salvo, perguntou ao súdito: “E agora, o que você me diz? Deus é bom? Se Ele fosse, eu não teria perdido o meu dedo”. O servo lhe respondeu: “Meu rei, apesar de tudo posso apenas dizer-lhe que Deus é bom e mesmo o fato de ter perdido um dedo é para o seu bem!” Indignado com a resposta, o rei mandou que o servo fosse preso na pior cela do calabouço.  

Após algum tempo, o rei saiu novamente para caçar e desta vez foi atacado por nativos, muito temidos, pois praticavam sacrifícios humanos. O rei foi capturado e levado para servir como oferta, no ritual do sacrifício. Estava prestes a ser sacrificado, quando o sacerdote, ao examiná-lo, observou furioso: “Este homem é defeituoso. Falta-lhe um dedo! Não pode ser sacrificado!” E o rei foi libertado.

Ao voltar para o palácio, alegre e aliviado, libertou o súdito e pediu que viesse vê-lo. Ao encontrar o servo, abraçou-o dizendo: “Meu caro, Deus foi realmente bom comigo! Hoje escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos.” E continuou: “Mas ainda tenho uma dúvida: Se Deus é tão bom, por que permitiu que você fosse preso de maneira tão cruel... Logo você que tanto O defendeu!?”

O servo sorriu e disse: “Meu rei, se eu estivesse livre, teria saído contigo na última caçada e seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta nenhum dedo!” (Anônimo). Unamo-nos em coro ao apóstolo:“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.”

PASTOR VAGNER ALVES FERREIRA
JUBILADO – ASSOCIAÇÃO NORTE PARANAENSE/IASD

sábado, 23 de março de 2013

NOVO BISPO DE ROMA SERÁ UM "ERSATZ"


HORACIO VERBITSKY
 Entre as centenas de telefonemas e e-mails que recebi, escolho um. "Não consigo acreditar. Estou tão angustiada e bronqueada que não sei o que fazer. Ele conseguiu o que queria. Estou vendo Orlando na sala de jantar de casa, uns anos atrás, dizendo: "Ele quer ser papa". É a pessoa indicada para encobrir a podridão. Ele é expert em encobrir. O meu telefone não para de tocar, Fito falou comigo chorando."

Quem assina é Graciela Yorio, a irmã do sacerdote Orlando Yorio, que denunciou Jorge Mario Bergoglio como responsável por seu sequestro e pelas torturas que sofreu durante cinco meses de 1976. O Fito que ligou é Adolfo Yorio, seu irmão. Ambos dedicaram muitos anos de suas vidas a dar prosseguimento às denúncias de Orlando, teólogo e sacerdote terceiro-mundista que morreu em 2000 sonhando um pesadelo que se fez realidade.

Três anos antes, seu íncubo fora designado arcebispo-coadjutor de Buenos Aires, o que prenunciava o resto.

Orlando Yorio não chegou a conhecer a declaração de Bergoglio diante do Tribunal Oral Federal 5. Ali, ele disse que só soube da existência de crianças roubadas depois de terminada a ditadura (1976-83). Mas o Tribunal Oral Federal 6, que julgou o plano sistemático de apropriação de filhos de presos-desaparecidos, recebeu documentos que indicam que já em 1979 Bergoglio estava a par e interveio em pelo menos um caso, por solicitação do superior geral, Pedro Arrupe.

Depois de escutar o relato dos familiares de Elena de la Cuadra, sequestrada em 1977, quando atravessava o quinto mês de gravidez, Bergoglio entregou uma carta ao bispo auxiliar de La Plata, Mario Picchi, pedindo que intercedesse junto ao governo militar.

Picchi constatou que Elena dera à luz uma menina, que foi dada de presente a outra família. "Ela está com um casal de bem e não tem volta", informou à família. Ao testemunhar por escrito no processo da ESMA (Escola de Mecânica da Armada, utilizada pelos militares como um dos principais centros de torturas e desaparecimentos em Buenos Aires) pelo sequestro de Yorio e do também jesuíta Francisco Jalics, Bergoglio disse que no arquivo episcopal não havia documentos sobre os presos-desaparecidos.

Mas quem lhe sucedeu, seu atual presidente, José Arancedo, enviou à juíza Martina Forns uma cópia do documento que publiquei no jornal "Página/12" sobre a reunião do ditador Jorge Videla com os bispos Raul Primatesta, Juan Aramburu e Vicente Zazpe, na qual conversaram com extraordinária franqueza sobre dizer ou não que os presos-desaparecidos tinham sido assassinados, pois Videla queria proteger os que os mataram.

Em seu clássico livro "Iglesia y Dictadura", Emilio Mignone o mencionou como paradigma dos "pastores que entregam suas ovelhas ao inimigo sem defendê-las nem resgatá-las".

Bergoglio me contou que em uma de suas primeiras missas como arcebispo viu Mignone e tentou se aproximar dele para dar explicações, mas o presidente fundador do CELS (Centro de Estudos Legais e Sociais), levantou a mão, indicando que não chegasse perto.

Não tenho certeza de que Bergoglio tenha sido eleito para encobrir a podridão que reduziu Joseph Ratzinger à impotência. As lutas internas da cúria romana seguem uma lógica tão inescrutável que os fatos mais obscuros podem ser atribuídos ao Espírito Santo, sejam as manobras financeiras para que o Banco do Vaticano fosse excluído do mercado internacional porque não cumpre as regras para controlar a lavagem de dinheiro, sejam as práticas pedófilas em quase todos os países do mundo, que Ratzinger encobriu no Santo Ofício e pelas quais pediu perdão como pontífice. Nem sequer me estranharia se, de pincel na mão e sapatos gastos, Bergoglio empreendesse uma cruzada moralizadora para caiar os sepulcros apostólicos.

O que tenho como certo, orem, é que o novo bispo de Roma será um "ersatz", essa palavra alemã a que nenhuma tradução faz as honras, um sucedâneo de menor qualidade, feito a água com farinha que as mães indigentes usam para enganar a fome dos filhos.

O teólogo brasileiro da libertação Leonardo Boff, excluído por Ratzinger do ensino e do sacerdócio, tinha a ilusão de que seria eleito o franciscano de origem irlandesa Sean O"Malley, encarregado da diocese de Boston, quebrada com tantas indenizações pagas a crianças abusadas por sacerdotes.

"Trata-se de uma pessoa muito vinculada aos pobres porque trabalhou por muito tempo na América Latina e no Caribe, sempre no meio dos pobres. É um sinal de que pode ser um papa diferente, um papa de nova tradição", escreveu o ex-sacerdote.

Na Cadeira Apostólica não se sentará um verdadeiro franciscano, mas um jesuíta que se fará chamar Francisco, feito o pobrezinho de Assis. Uma amiga argentina me escreve de Berlim, sobressaltada, que, para os alemães, que desconhecem a história dele, o novo papa é um terceiro-mundista. Confusão miúda.

Sua biografia é a de um populista conservador, como o foram Pio 12 e João Paulo 2º: inflexíveis em questões doutrinárias, mas com abertura para o mundo, sobretudo as massas despossuídas. Quando ele rezar sua primeira missa em uma rua do Trastevere ou na estação terminal de Roma e falar das pessoas exploradas e prostituídas pelos poderosos insensíveis que fecham o coração para Cristo; quando os jornalistas amigos contarem que andou de metrô ou de ônibus; quando os fiéis escutarem suas homilias recitadas com ademanes de ator e nas parábolas bíblicas coexistem com a fala franca do povo, haverá quem delire pela desejada renovação eclesiástica.

Nos três quinquênios em que esteve à frente da arquidiocese portenha, ele fez isso e muito mais. Mas, ao mesmo tempo, tentou unificar a posição contra o governo que em muitos anos adotou a política favorável a esses setores, e o acusou de brigão e confrontador porque, para fazê-lo, teve que lidar com aqueles poderosos fustigados no discurso.

Agora poderá fazê-lo em outra escala, o que não quer dizer que se esquecerá da Argentina. Se Pacelli recebeu o financiamento da Inteligência norte-americana para sustentar a democracia cristã e impedir a vitória comunista nas primeiras eleições do pós-Guerra, e se Wojtyla foi o aríete que abriu o primeiro buraco no muro europeu, o papa argentino poderá cumprir o mesmo papel em escala latino-americana.

Sua militância passada na Guarda de Ferro, o discurso populista que não esqueceu, com o qual poderia até adotar causas históricas como a das Malvinas, o habilitam para disputar a orientação desse processo, para interpelar os exploradores e predicar a tranquilidade aos explorados.

Tradução PAULO WERNECK

HORACIO VERBITSKY
 é um dos fundadores do jornal argentino "Página/12". Ele é autor do livro "O Silêncio", investigação sobre o sequestro de dois padres jesuítas durante a última ditadura militar argentina (1976-1983)


Nota do Editor
Este artigo nos foi enviado pelo nobre amigo, comunicador e pesquisador Dr. Ruben Holdorf. A ele juntamos esta declaração da escritora Ellen White – escrita há mais de 100 anos – advertindo-nos em relação aos “jesuítas” no sentido de que não nos deixemos enganar pela “aparência” de bondosa e de piedade com que se apresentam:  
"Quando [os jesuítas] apareciam como membros de sua ordem, ostentavam santidade, visitando prisões e hospitais, cuidando dos doentes e pobres, professando haver renunciado ao mundo, e levando o nome sagrado de Jesus, que andou fazendo o bem. Mas sob esse irrepreensível exterior, ocultavam-se freqüentemente os mais criminosos e mortais propósitos. Era princípio fundamental da ordem que os fins justificam os meios. Por este código, a mentira, o roubo, o perjúrio, o assassínio, não somente eram perdoáveis, mas recomendáveis, quando serviam aos interesses da igreja. Sob vários disfarces, os jesuítas abriam caminho aos cargos do governo, subindo até conselheiros dos reis e MOLDANDO A POLÍTICA DAS NAÇÕES.Tornavam-se servos para agirem como espias de seus senhores. Estabeleciam colégios para os filhos dos príncipes e nobres, e escolas para o povo comum; e os filhos de pais protestantes eram impelidos à observância dos ritos papais. Toda a pompa e ostentação exterior do culto romano eram levadas a efeito a fim de confundir a mente e deslumbrar e cativar a imaginação; e assim, a liberdade pela qual os pais tinham labutado e derramado seu sangue, era traída pelos filhos. Os jesuítas rapidamente se espalharam pela Europa e, aonde quer que iam, eram seguidos de uma REVIVIFICAÇÃO DO PAPADO." O Grande Conflito, pág. 235.