sábado, 22 de dezembro de 2012

Em Busca da Maturidade Cristã


A águia empurra, gentilmente, seus filhos para a beira do ninho. Seu coração maternal se acelera com as emoções conflitantes – ao mesmo tempo em que ela sente a resistência dos filhotes aos seus persistentes cutucões: “Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?”, ela pensou. Esta questão secular ainda não estava respondida para ela.
Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto de um pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados dessa rocha. Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhos. “E se justamente agora isto não funcionar?”, ela pensou.
Apesar do medo a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão maternal estava prestes a se completar, restava uma tarefa final: o empurrão. A águia tomou-se de coragem que vinha de sua sabedoria interior. “Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer uma águia”, ela pensou.
Portanto, o empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou para o abismo... e eles voaram!
 MATURIDADE: CONCEITO
A palavra “maturidade” é um substantivo abstrato, que nomeia uma condição de aptidão para um fim. Uma coisa que tem essa condição está madura, pronta. Alcançar a maturidade pessoal deve ser um alvo natural que o indivíduo tem para se completar, naquilo que foi deixado ao seu arbítrio realizar para finalizar o seu projeto de vida (Rubens Queiroz Cobra).      
 MATURIDADE E A FILOSOFIA CRIACIONISTA
O pensamento criacionista considera a Bíblia como fonte da auto-revelação de Deus e tem como fundamentos: a) A existência de um Deus que criou o Universo perfeito e o ser humano à Sua imagem com livre-arbítrio; b) O surgimento do pecado a partir da rebelião de Lúcifer no Céu advinda para a Terra como conseqüência da queda do homem ao participar da rebelião de Lúcifer, com dano parcial da imagem de Deus; c) A inabilidade inerente do ser humano de restaurar a própria natureza sem o auxílio divino; d) A iniciativa de Deus para a restauração do ser humano através do nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo; e) A ação do Espírito Santo no plano da restauração da imagem de Deus na humanidade.
 A maturidade, na concepção criacionista, é a restauração redentora do Espírito na vida do indivíduo em seus aspectos físico, intelectual, social e espiritual. A maturidade faz parte de um processo no qual não pode haver queima de etapas. “Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa” (Mc 4:26-29).
 O MODELO DE MATURIDADE
“E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2:52). “E crescia Jesus em sabedoria...” Os anos da infância, adolescência e juventude de Cristo foram anos de um desenvolvimento harmonioso de Suas faculdades. A meta, o objetivo do Espírito Santo era que Jesus [e também era Seu objetivo] refletisse perfeitamente o caráter de Seu Pai celestial. Nele estava agora a humanidade perfeita, restaurada à imagem de Deus.
 “...Em sabedoria...” Do grego sofia – sabedoria, entendimento, prudência. Nesta palavra estão compreendidas as capacidades mentais ou intelectuais mais elevadas. Aqui se fala de excelência mental em seu sentido mais elevado e mais amplo. Sofianão só compreende o conhecimento, mas, também, a capacidade do juízo para a aplicação desse conhecimento nas circunstâncias e nas situações que a vida nos apresenta! Todo ser humano pode crescer à semelhança de Jesus.
 “... E crescia Jesus em estatura...” Jesus viveu em harmonia com as leis de saúde da Bíblia, das quais Ele era o próprio Autor, ingerindo alimentos e bebidas adequados. O exercício físico fez parte de Suas atividades na carpintaria da família, onde não só aprendeu o ofício de carpinteiro como também assumiu a gerência da mesma quando José, Seu pai adotivo, faleceu. É de bom alvitre, o trabalho não era elétrico ou automatizado, pelo contrário, era grosseiro e exigia muito esforço físico. Essas atividades O prepararam para levar Suas próprias cargas da vida!
 “... E crescia Jesus em graça para com Deus...” Desde que começou a raciocinar, Jesus cresceu constantemente em graça espiritual e no conhecimento da verdade. Maria, Sua mãe, foi Sua única professora que, possivelmente, falava o aramaico e o hebraico. Havia escola de teologia em Jerusalém, mas o Espírito Santo não permitiu que para lá fosse enviado, porque os seus ensinamentos estavam adulterados.
 Crescia em força moral e no entendimento ao passar longas horas em meio à Natureza, principalmente durante as primeiras horas da manhã, meditando, esquadrinhando as Escrituras e buscando a Deus em oração. Em Nazaré, conhecida por sua maldade e geração perversa, Jesus esteve sempre exposto à tentação, mas permaneceu em todo o tempo como o lírio no meio da podridão!
 “... E crescia Jesus em graça para com os homens...” Com respeito à Sua personalidade, Ele era “o mais distinguido entre dez mil” (Ct 5:10). Jesus Se sobressaia por ter um caráter amável, uma paciência imperturbável, pela graça da cortesia desinteressada, pela alegria, pelo tato, pela simpatia, pela empatia, pela ternura, pela modéstia, pelo altruísmo... Cumpria fielmente os deveres de filho, de irmão, amigo e cidadão.
 A perfeita maturidade de todas as faculdades de Jesus, da infância à idade adulta, talvez seja o feito mais admirável de toda a Sua vida. Assombra toda a nossa imaginação. “Não deveis, pois, olhar para vós mesmos, que o pensamento demore em Seu amor, na formosura e perfeição de Seu caráter. Cristo em Sua abnegação, Cristo em Sua humilhação, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo em Seu incomparável amor – este é o tema para a contemplação da alma. É amando-O, imitando-O, confiando inteiramente nEle, que haveis de ser transformados na Sua semelhança” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 70, 71).
 À MEDIDA DA ESTATURA DA PLENITUDE DE CRISTO
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).  Os cristãos, que formam o corpo de Cristo (ou seja, Sua Igreja), não podem ser estáticos, acomodados, uma vez que o Espírito Santo reina no seu interior (Rm 8:9), estarão sempre em processo de mudança. “Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5:25-27). Essa transformação é o verdadeiro Pentecostes íntimo, pessoal.
 “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso  Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5:23). Somente o Criador pode empreender a obra de transformar nossa vida, porém, Ele não o faz sem a nossa participação. Temos de colocar-nos a nós mesmos sob a influência da obra do Espírito, e podemos alcançar isso mediante à contemplação dAquele que é o nosso Salvador. A obra do Espírito Santo inclui a revelação de Cristo e a restauração, em nós, da imagem de Deus.
 “O Espírito Santo traz para dentro de nós o ‘Está consumado ‘ do Calvário, aplicando a nós a experiência única da aceitação que Deus faz da humanidade. Este ‘está consumado’, pronunciado na cruz, coloca em xeque todas as outras tentativas humanas de se obter aceitação. Ao administrar o Crucificado ao nosso íntimo, o Espírito traz a única base para nossa aceitação de Deus, providenciando o único título genuíno e válido para a salvação que nos está disponível” (Nisto Cremos, p. 186).
 PASTOR VAGNER ALVES FERREIRA
JUBILADO – ASSOCIAÇÃO NORTE PARANAENSE/IASD

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