domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro de 2001



11 de Setembro dez anos depois: mais vulneráveis e dependentes

         Eu me lembro do lugar onde estava naquele estranho dia 11 de setembro de 2001. Trabalhava em um jornal, quando, a exemplo de milhões de pessoas, praticamente assisti atônito, inerte e sem qualquer reação imediata, às imagens transmitidas em tempo real pela CNN da destruição das torres gêmeas do imponente World Trade Center, em Nova York, capital do mundo ocidental. Depois que me dei conta de parte da gravidade do assunto, do viés terrorista, pus-me a realizar o típico trabalho jornalístico de contactar fontes, ler material a respeito do tema e continuar acompanhando os primeiros comentários.

         Durante os dez anos que se seguiram e até hoje, milhares de análises e inferências estão registradas por especialistas, analistas, sobreviventes, jornalistas e toda a sorte de gente que se dispôs a pensar no que aquele fato representou para a humanidade. Houve tanta repercussão sobre o episódio que o assunto permaneceu nas discussões em âmbito mundial e no décimo fatídico aniversário está mais vivo do que nunca.

O jornalista Geneton Moraes Neto, repórter especial da TV Globo, por exemplo, entrevistou um soldado norte-americano chamado Bradley Manning que se disse sensibilizado ao ver crianças prestes a serem bombardeadas em uma das tantas batalhas dentro da famigerada ofensiva bélica contra o Iraque, protagonizada pelos Estados Unidos, depois dos ataques de 11 de setembro. É um lado da moeda que pouco se vê. Mas encontraram, também, gente que chegou atrasada ao trabalho naquele dia e escapou da morte, outros que ajudaram a resgatar vítimas e um grupo que, em meio aos escombros e ao pânico generalizado, gravou imagens e sons. Teorias conspiratórias, de que os Estados Unidos mesmo é quem de alguma forma produziu aquele espetáculo de horror, também surgiram.

Apenas uma tragédia? – Gostei do que escreveu recentemente o colunista do The Wall Street Journal, Bret Stephens. Referindo-se à incapacidade de uma análise mais profunda do ocorrido e da tendência de se dissociar o ato pontual naquele dia de algumas das mais importantes repercussões que teve, ele diz que um ato do mal foi reduzido em nossa linguagem rebaixada a uma tragédia”. Concordo com ele. Não foi apenas uma tragédia, foi um marco que deixou profundas e necessárias reflexões em relação à geopolítica, à economia, ao comportamento humano diante de catástrofes, à noção de segurança mundial, entre outras áreas de conhecimento.

         Uma palavra inevitavelmente adquiriu, a partir daquela data, conotação especial: terror. Rubens Antônio Barbosa, que à época era embaixador do Brasil nos Estados Unidos, em um longo artigo diz que “os atentados de 11 de setembro trouxeram o item terrorismo para o centro da agenda internacional, onde ela deverá permanecer no futuro previsível”. A era do terror foi oficialmente instalada pelos Estados Unidos com inimagináveis efeitos para a sociedade mundial. Não estou falando apenas de maior controle e rigor nos aeroportos internacionais e nem nas mudanças nos alertas de segurança que normalmente fazem parte da relação entre os países, mas da sensação psicológica provocada.

         A percepção de uma iminente e constante ameaça terrorista, combinada às guerras promovidas pelos EUA e aliados ao Iraque e Afeganistão, deixou muitas pessoas com a impressão de que estamos todos vulneráveis e inseguros. Ou seja, não há mais segurança no mundo depois de 11 de setembro de 2001. O governo norte-americano demonstrou que a solução era prender e/ou matar terroristas nem que para isso fosse necessário destruir tudo o que estivesse à frente. Mas desde então, apesar de todo esse esforço político, o mundo não está mais seguro e a paz não está mais próxima do que estava nas eras de conflitos anteriores.

Dependência – A vulnerabilidade quase sempre pressupõe dependência. Se o planeta pós-11 de setembro está mais desprotegido do que antes, torna-se dependente de algum ato que possa tirá-lo dessa condição. Os organismos internacionais políticos e religiosos se apresentam com suas soluções caseiras; seus atos, suas reuniões, suas propostas de paz, seus acordos, seus movimentos ecumênicos, seus discursos conciliatórios. A turbulência mundial continua soando nos ouvidos de muitos. O ambiente dez anos depois de 11 de setembro não é dos melhores. Crises econômicas, falência moral de governos e de instituições públicas e o conceito do terror pairando sobre a mente da população exigem uma ação efetiva, pois estamos dependentes de uma saída.

Não é fatalismo, mas realismo. Isso me faz pensar em um discurso muito estranho de Jesus Cristo a Seus discípulos pouco tempo antes de Sua morte. Cristo predisse muitas dificuldades para aqueles que O seguiam, tanto em relação à destruição do templo em Jerusalém (70 d.C.) quanto aos tempos finais em um futuro distante para eles. Mas no evangelho de Lucas, capítulo 21 e versículo 28, Ele dá um alento curioso: “quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”.

Desde o 11 de setembro, olha-se muito para os lados, para as providências humanas que praticamente resultado algum têm trazido aos dilemas que se vive. O convite de Jesus Cristo parece mais sábio. Olhar para cima, encontrar em Deus respostas que se buscam diante desse senso (fabricado ou não, mas que existe hoje) de insegurança pessoal, de medo do desconhecido, de um terror que não se sabe direito o que é e nem quem é. Talvez essa seja a dependência de que precisamos.

Autor: Felipe Lemoswww.felipelemos.com
Twitter: @felipelemos29


ESPECIAL 11 DE SETEMBRO - DEZ ANOS


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