domingo, 4 de março de 2012

"Não Passará Esta Geração"


Se os eventos preditos em Mateus 24 devem aplicar-se tanto à destruição do templo em 70 A.D. e aos aconte­cimentos que precedem o segundo ad­vento de Cristo, por que Jesus disse especificamente, dirigindo-se aos dis­cípulos que Lhe indagavam sobre os sinais do fim: "E m verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça" (v. 34)? Obvia­mente Ele sabia que a profecia dos 2300 dias deveria cumprir-se antes do Seu retorno.
Parece óbvio que se fôssemos um dos discípulos que houvesse feito a pergun­ta: "Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século" (v. 3), iría­mos interpretar a resposta de Jesus "esta geração" como referindo-se à ge­ração em que estamos vivendo.
O problema apresentado nesta indaga­ção tem preocupado muitas pessoas, e muitas soluções já foram propostas. De nossa parte, preferimos a solução suge­rida por Ellen G. White em Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 66 e 67. Nessa passagem, Ellen White defendeu-se con­tra a acusação de que era falsa profetisa em vista de ter indicado há anos que a segunda vinda de Cristo estava próxima. Diz ela: "Sou eu acusada de falsidade porque o tempo tem continuado mais do que meu testemunho pareceria indicar?" Sua resposta é: "Que diremos então dos testemunhos de Cristo a Seus discípulos? Estavam eles enganados?" Ela a seguir citas as seguintes passagens: 1 Coríntios 7:29 e 30; Romanos 13:12; Apocalipse 1:3 e 22:6 e 7 nas quais os escritores apresentaram a vinda de Jesus como bas­tante próxima em seus dias. Embora ela não faça menção a Mateus 24:34, refe­re-se às passagens de Apocalipse como sendo as palavras do próprio Cristo "por meio do amado João". E como sua per­gunta básica é: "Que diremos então dos testemunhos de Cristo a Seus discí­pulos?" não vemos problema em incluir Mateus 24:34 na mesma categoria, uma vez que apresenta a vinda de Cristo co­mo uma ocorrência dentro "desta gera­ção", obviamente a representada por seus ouvintes.
Em vista do fato de que após mais de 2000 anos Cristo ainda não veio, ela prosse­gue com sua argumentação da seguinte forma: "Os anjos de Deus em Suas men­sagens aos homens, apresentam o tem­po como muito breve. Assim ele me tem sido sempre apresentado... Nosso Sal­vador não apareceu tão depressa como esperávamos. Falhou, porém, a palavra do Senhor? Nunca! Devemos lembrar, que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais".
Desse modo, ela apresenta as promes­sas concernentes ao tempo do retorno de Jesus como condicionais. Isso signi­fica que se certas condições houvessem sido preenchidas, Jesus teria vindo mais cedo, aparentemente ao tempo da gera­ção especificada em Mateus 24:34.
Se esta explicação for aceita, e Jesus já houvesse vindo, o que teria aconte­cido com profecias de amplo alcance co­mo a dos 1260 dias e a dos 2300 dias?
Deve-se notar que essas profecias não foram entendidas como referindo-se a longos períodos de tempo até muitos sé­culos após o nascimento de Cristo. Segundo o pesquisador Leroy Froom, o princípio do dia-ano (um dia na profecia sendo igual a um ano solar em cumpri­mento) não foi compreendido até cerca do nono século A.D. Portanto, ninguém teria percebido qualquer quebra da pro­fecia caso Jesus houvesse vindo antes.
Deve-se ainda notar que tais profecias são expressas em termos tais como "dias" (Dn 8:14; Ap 12:6), "tem­pos" (Dn 7:25), "meses" (Ap 13: 5). Não há indicação nas próprias pro­fecias de que qualquer escala de tempo devesse ser aplicada a "dias", "meses" ou "tempos". O Espírito Santo deu ins­truções para que isso fosse feito apenas após o tempo ter-se dilatado. Fosse em que tempo ocorresse o cumprimento, o Espírito Santo teria provido a escala apropriada.
Alguns têm julgado que Números 14: 34 e Ezequiel 4:6 estabelecem o prin­cípio dia-ano como devendo aplicar-se a todas as profecias de tempo. Todavia, um estudo criterioso dessas passagens demonstra que o princípio é aplicado somente aos casos específicos e que não há qualquer indicação geral nessas pas­sagens sugerindo que um princípio uni­versal seja por elas estabelecido. De fato, os adventistas do sétimo dia não aplicam o princípio de forma coerente a todas as profecias relativas a tempo. Por exem­plo, a extensão do milênio, declarada em Apocalipse 20:3, 5 e 7 é de "mil anos". Isso é aceito literalmente. Se o princí­pio do dia-ano fosse aplicado, a exten­são do tempo profetizado seria de 360.000 ou 365.000 anos.
Para nós, o elemento condicional que Ellen White aplica às profecias provê a solução mais simples ao problema de Mateus 24:34 e é perfeitamente aplicável ao texto bíblico.

Autor: Wilson F. Almeida

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