domingo, 2 de setembro de 2012

Cultos “animados” deixam as pessoas “drogadas”




 Karl Marx sempre disse que a religião é o ópio do povo, mas sua afirmação era baseada na política, não em fatos científicos. Porém, um estudo divulgado pela Universidade de Washington sugere que participar de cultos em megaigrejas pode desencadear sentimentos de transcendência e gerar mudanças na química do cérebro. Esse sentimento de “euforia” espiritual faz os fieis voltarem para receber mais. “Nós vemos essa experiência de pura alegria ser comum nas megaigrejas. Por isso digo que é como uma droga”, explica James Wellman, professor de religião e co-autor do estudo. O estudo “God is like a drug: Explaining Interaction Ritual Chains in American Megachurches” [Deus é como uma droga: Explicando cadeias de interação ritual em megaigrejas] foi apresentado na reunião anual da Associação Americana de Sociologia, em Denver. Além de Wellman, Katie E. Corcoran e Kate Stockly-Meyerdirk, estudantes da pós-graduação em sociologia e religião comparada na Universidade de Washington estiveram envolvidos na pesquisa com dados coletados desde 2008.

Grandes reuniões de experiências compartilhadas, como shows e eventos esportivos, também desencadeiam sentimentos de euforia, disse a doutoranda Katie Corcoran, co-autora da pesquisa. Segundo ela, “as igrejas parecem ser algo único, onde esses sentimentos não são apenas experimentados como euforia, mas sim como algo transcendente ou divino”.

Os autores teorizam que esse sentimento de “chapação” espiritual é interpretado pelo cérebro como um “coquetel de oxitocina”. Essa experiência transcendente libera a oxitocina, uma substância química que estimula a interação social. Já ficou comprovado que emoção e experiências em grupo aumentam os níveis de oxitocina.

Muitos participantes usaram a palavra “contagioso” para descrever o sentimento de participar de um desses cultos, onde os membros chegam comfome de experiências e acreditam sair do ambiente “energizados”Um dos fieis entrevistados relata que “o amor de Deus se torna [...] uma droga que você não pode esperar para vir buscar depois. [...] Você não pode esperar para receber essa ‘dose’ que vem de Deus.” Outro disse: “Você pode olhar para cima e ver o Espírito Santo passar por cima da multidão como uma ‘ola’ em um jogo de futebol”, relata Corcoran.

As megaigrejas conseguem gerar esse estimulo elevado por causa de seu estilo de culto. Os pesquisadores acreditam que elas usam tecnologia e apelos emocionais para criar uma experiência compartilhada por congregações com milhares de pessoas em cada culto. A música moderna com letras otimistas, câmeras que mostram no telão uma audiência sempre sorridente, dançandocantando ou chorando, além de um líder extremamente carismático cujos sermões deixam as pessoas sensíveis ao toque do ponto de vista emocional [...] servem para criar essas fortes experiências emocionais positivas”, resume a doutoranda.

O pastor [é] um “gerador de energia”, que se comunica com a congregação através de um sermão fácil, informal e emocional. Ao invés de ser analítico ou teológico, suas mensagens querem que as pessoas presentes apenas “sintam-se bem” ou “compreendam tudo”, ressalta Wellman.

Essa mensagem reconfortante também é uma das chaves para o sucesso das megaigrejas. Afinal, “como você pode atrair tanta gente? Você oferece umaforma genérica de cristianismo que é otimista, emocionante e inspiradora”, diz Wellman, que acrescenta: “Isso não é como os avivamentos antigos. É uma forma nova e híbrida de cristianismo, que é mutante e separada de todas as instituições tradicionais com as quais o cristianismo sempre se identificou.” [...]


Nota: Se o culto provoca apenas euforia, amortece a razão e leva ao êxtase, fenômeno típico de igrejas pentecostais e neopentecostais. Nesse caso, por mais sincero que seja o adorador, ele deve se questionar se seu desejo de ir ao culto (e nessas igrejas há cultos praticamente todos dias, geralmente com “casa cheia”) tem que ver com a vontade de encontrar Deus, louvá-Lo e ouvir Sua Palavra ou se essa motivação está mais para satisfação de um desejo emocional, um “vício”. O verdadeiro culto, segundo o apóstolo Paulo, deve ser racional (Rm 12:1) e tudo o que se faz para Deus deve ser feito com decência e ordem (1Co 14:40). No culto, o adorador deve ser elevado à atmosfera do Céu, deve sentir contrição e desejo de renovação espiritual. Como resultado do perdão e da aceitação de Deus, o adorador manifesta um louvor alegre, porém reverente, pois sabe que está na presença do Criador do Universo. Isso é culto, o resto é show dopamínico. [MB]


Nota do Editor
Deus pede uma religião prática, as pessoas tem-se perdido em meio às práticas de religiões. Deus pede um louvor com alegria, as pessoas têm confundido louvor com histeria. Deus pede e espera de nós, em primeiro lugar, um culto que brote da mente (racional), esses pregadores “espertalhões” – movidos por motivos escusos – têm levado o povo a um culto puramente emocional (para não dizer irracional). É alta hora de os sinceros em meio ao catolicismo, aos evangélicos e, mui especialmente, aos pentecostais (e há milhões e milhões deles no Brasil e em todo o mundo) despertarem para a verdadeira adoração, mencionada e descrita pelo próprio Jesus: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para Seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23-24).  O apóstolo Paulo deixa claro como se processa a liturgia (o culto) dentro dessa verdadeira adoração, a adoração bíblica, a única que Deus aceita: “Que farei, pois? Orarei com o espírito [emocional], mas também orarei com a mente [racional]; cantarei com o espírito [emocional], mas também cantarei com a mente [racional]; “porque Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos”; “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem (I Coríntios 14:15, 33 e 40). Amigo leitor, não somos nós, mas, sim, o próprio Deus é quem fala: Se na sua igreja, a liturgia, o louvor, a adoração diferem do padrão bíblico, ela não está com a verdade; afinal, a Palavra de Deus é taxativa: “Como em todas as igrejas dos santos”. Se faz diferente (com gritarias, um punhado de gente falando ao mesmo tempo, pessoas entrando em transe – como se estivessem literalmente “drogadas” – e falandolínguas “estranhas” ou “revelação” diferentes do padrão bíblico (I Coríntios 14:26 a 33), com certeza absoluta, esta não é uma das “igrejas dos santos”!    

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