sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Morte e Ressurreição


Morte e Ressurreição – O salário do pecado é a morte. Mas Deus, o único que é imortal, concederá vida eterna a Seus remidos. Até aquele dia, a morte é um estado inconsciente para todas as pessoas. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, os justos ressuscitados e os justos vivos serão glorificados e arrebatados para o encontro de seu Senhor. A segunda ressurreição, a ressurreição dos ímpios, ocorrerá mil anos mais tarde. – Crenças Fundamentais, 25.


Hamlet de Shakespeare descreve a morte como “o país desconhecido do qual nenhum viajante retorna” e o pavor que nos inflige “transtorna a nossa mente de tal forma que nos faz preferir as nossas próprias dores do que tentar trocá-las por outras desconhecidas”.

O que existe por detrás da cortina da morte? Sem revelação, continuamos confusos.

Os pensadores têm especulado a respeito da morte e do além. Os gregos pensavam que a alma era imortal; os hindus, que reencarnamos. Outros acham que a morte é o fim. Mas Jesus e a Bíblia apontam noutra direção, falando-nos sobre o significado da vida e da morte e apontando para a esperança de uma futura ressurreição.

Que diferença faz eu crer na vida após a morte? O debate a respeito da doutrina da morte e ressurreição pode parecer às vezes teórico ou especulativo – até enfrentarmos a morte de um ente querido. Então ele se torna supremamente importante para sabermos com clareza o que a Bíblia ensina sobre o destino humano, depois da sepultura.

A doutrina da ressurreição também tem implicações cruciais sobre como entendemos a vida presente. Vamos ver, então, por que algumas das crenças a respeito da vida após a morte são insatisfatórias e, por outro lado, o glorioso significado do verdadeiro ensino bíblico sobre a ressurreição.

A ressurreição dá sentido tanto à morte quanto à vida, um significado que pode ser melhor compreendido quando observamos o completo plano da salvação.

Deus criou o ser humano com liberdade para escolher entre o bem e o mal. O risco era elevado. Se o homem escolhesse obedecer a Deus, receberia a vida eterna. Caso escolhesse desobedecer, iria morrer. Gên. 2:17.

Lamentavelmente o ser humano falhou no teste. A sentença de morte foi pronunciada sobre todos nós. Mas Deus em Sua misericórdia proveu-nos outra oportunidade. Jesus veio morrer por nós. Se eu crer nEle, até posso morrer, mas não eternamente. Ele irá me ressuscitar para a vida eterna. Se eu não crer, morrerei como conseqüência natural do pecado e também a segunda morte pelo fato de ter escolhido o caminho da desobediência.

Quando olho para essa situação, compreendo o significado tanto da morte quanto da vida. Não vejo a morte como um evento natural, mas como uma conseqüência do pecado. Além disso, vejo que a morte não é o fim. Ou seja, devo enfrentar o juízo, após o qual vem o encontro final para receber a recompensa ou o castigo.

Minha vida é um período de prova; o que vem após depende do meu relacionamento com Deus e com Jesus Cristo. E a forma como me relaciono com Deus determina minha relação com as verdades morais eternas, pois Deus representa em Seu caráter a essência do amor, justiça, misericórdia, santidade, verdade, longanimidade, fidelidade e bondade. Minha concepção da morte acaba tendo um profundo impacto sobre como percebo a vida e como a vivo.

Outros conceitos sobre o que acontece depois da morte têm conseqüências radicalmente diferentes na vida das pessoas. A idéia da reencarnação não somente implica em oportunidades infinitas como também que seres não-humanos têm responsabilidade moral.

Na filosofia evolucionista da vida, a morte é o fim da existência e pode não ter qualquer significado. Pecado, justiça e valores morais também perdem seu sentido. A vida perde o valor; a morte não passa de uma ocorrência, da mesma forma que as folhas das árvores morrem e caem no outono.


Uma Grande Contradição


A despeito da crença generalizada na evolução, os seres humanos têm dificuldades para aceitar a morte como o fim da existência. As pessoas instintivamente crêem que há mais para viver do que o presente. Em certo sentido, alguém pode até dizer que esse é um instinto dado por Deus, uma vez que Ele nos criou para a eternidade e não para a morte.

Em seu anseio pela imortalidade, muitos, incluindo cristãos, abraçam o conceito grego da imortalidade da alma. Crêem que, na morte, a alma dos justos deixa imediatamente o corpo e vai para o Céu e a alma dos ímpios vai para o inferno.

Lamentavelmente o ensino da imortalidade da alma distorce a verdadeira intenção de Deus para conosco. A idéia de que a alma é separada do corpo se origina do conceito grego de que há uma parte essencialmente boa e imortal dentro de nós, mas que nosso corpo é essencialmente mau. Esse ponto de vista não apenas contraria a idéia da ressurreição como também a visão de que a criação foi um ato divino.

Deus fez os seres humanos e declarou que isso era bom. Ele nos criou unos e indivisíveis, sem possibilidade de sermos separados em duas entidades distintas. Ele nos fez imortais sob condição, não incondicionalmente imortais. Originalmente Deus intentava que homens e mulheres vivessem para sempre em seu corpo e, depois do pecado, providenciou para que isso fosse possível através da ressurreição.

Portanto, tanto a criação quanto a ressurreição nos ensinam que o corpo é essencialmente bom, não mau. A imortalidade da alma, por outro lado, é parte de um sistema de pensamento que denigre o valor de nosso corpo.

Pelo fato de o ensino da imortalidade da alma satisfazer o anseio humano pela imortalidade, os cristãos o têm defendido sem perceber quão profundamente isso contraria os ensinos bíblicos. 
Em muitos e muitos sermões funerais tem sido pregado tanto que o falecido é recebido imediatamente na glória celestial quanto a esperança da ressurreição no futuro. 

A compreensão popular da imortalidade da alma torna a ressurreição redundante. Em contraste, Jesus claramente ensina que apenas depois da ressurreição é que entramos na vida eterna ou no juízo. João 5:29.

O conceito da imortalidade da alma e da imediata recompensa ou punição pode levar facilmente ao espiritualismo. Se os mortos continuam de fato existindo, porque não prosseguimos valorizando seu conselho ou companhia? A Bíblia, entretanto, proíbe terminantemente a necromancia ou a comunicação com os mortos. Lev. 19:26; 20:6 e 27; Deut. 18:11 e 12.

Finalmente, a crença na imortalidade da alma está de mãos dadas com a idéia de que os ímpios sofrem eternamente no inferno. Isso tem levado muitos a rejeitarem a Deus como vingativo e conservado outros como escravos do medo.


Duas Ressurreições

Outra ênfase perdida no cristianismo popular é o fato de que serão duas as ressurreições – uma dos justos e outra dos ímpios.
Possivelmente pelo fato de os ensinos bíblicos sobre a ressurreição dos ímpios (João 5:29; Apoc. 20:5) apontarem para contradições na doutrina da imortalidade de uma forma muito mais enfática até mesmo do que a ressurreição dos justos. Ela deixa claro que os mortos não recebem a recompensa ou punição imediatamente após a morte.

Isso mostra também que tanto os justos quanto os ímpios sofrem as mesmas conseqüências do pecado de Adão. A primeira morte não é uma punição definitiva. Cristo não morreu para nos livrar da primeira morte. Ele passou pela segunda morte em nosso lugar.

Os ímpios não sofrem as conseqüências de suas escolhas até que tenham ressuscitado para enfrentar seu registro de pecados e sofrer a segunda morte. A ressurreição dos ímpios destaca a justiça de Deus de uma forma mais clara do que a ressurreição dos justos poderia demonstrar.

É muito importante lembrar sempre o fato de que a ressurreição e a imortalidade não são ocorrências naturais ou automáticas. Unicamente pela perfeita vida de Cristo, pelo Seu infinito sacrifício e gloriosa ressurreição é que minha ressurreição e imortalidade se tornam possíveis. “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” I Cor. 15:20-22.

Portanto, em Cristo, podemos olhar para o futuro, com ansiosa expectação e certeza, para o dia em que “transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. I Cor 15:51-53.

Com apenas 14 anos, meu filho Paul morreu após um acidente jogando baseball. Ele era um cristão de nome e de fato. Se sua vida tivesse que se resumir a apenas esse período, teria sido uma injustiça inaceitável. Mas as palavras de Jesus nos trouxeram conforto: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá.” João 11:25.

A realidade da ressurreição de Cristo confirma a verdade de Suas palavras. Agora, estamos aguardando a segunda vinda de Cristo com esperança e segurança.


Autor: Sakae Kubo – foi diretor acadêmico do Atlantic Union College, nos Estados Unidos.
 

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