De
vez em quando, surgem por aí os mais estranhos boatos escatológicos. E com o
advento das redes sociais, esse tipo de coisa se espalha como fogo no mato
seco. A última “fofoca profética” ganhou terreno virtual no WhatsApp, e dava
conta de que o papa Francisco teria pressionado o presidente norte-americano a
assinar o decreto dominical, lei que imporá a observância do domingo como único
dia de repouso semanal. Sim, isso (o decreto dominical) tem sabor de teoria da
conspiração, eu sei. E eu mesmo achava isso lá pelos anos 1990, conforme conto
no vídeo abaixo. No entanto, como você verá no vídeo, há fortes indícios de que
uma lei dessa natureza contará com o apoio popular, motivo pelo qual ela jamais
será assinada na surdina, de repente e, muito menos, divulgada apenas em redes
sociais. Seria bom que os divulgadores desses boatos estudassem mais
atentamente a Bíblia e, em especial, o livro O Grande Conflito. Note o que Ellen White escreveu a respeito do
assunto:
“À
medida que ganha terreno o movimento em favor do repouso dominical obrigatório,
eles se regozijam, na certeza de que, por fim, todo o mundo protestante será
reunido sob a bandeira de Roma” (p. 448).
“E
então o grande enganador persuadirá os homens de que os que servem a Deus estão
motivando esses males [catástrofes ambientais]. A classe que provocou o
descontentamento do Céu atribuirá todas as suas inquietações àqueles cuja
obediência aos mandamentos de Deus é perpétua reprovação aos transgressores.
Declarar-se-á que os homens estão ofendendo a Deus pela violação do descanso dominical; que este pecado acarretou
calamidades que não cessarão antes que a observância
do domingo seja estritamente imposta; e que os que apresentam os requisitos
do quarto mandamento, destruindo assim a reverência pelo domingo, são
perturbadores do povo, impedindo a sua restauração ao favor divino e à
prosperidade temporal” (p. 590).
Os
trechos grifados por mim servem para mostrar que haverá uma “agitação” em torno
da controvérsia sábado versus
domingo. Haverá um “movimento”, discussões, perseguições e, por fim, a
imposição da lei. E é obvio que seja assim, pois as pessoas terão que tomar sua
decisão (pela lei de Deus ou pelas leis humanas) com base em fatos, em
conhecimento, em informação. Se esse tema for tratado de forma secreta, em
redes sociais às quais nem todos têm acesso, como as pessoas poderão se posicionar?
O
pior de tudo são as consequências em curto e em longo prazo desses boatos. Em
curto prazo, geram sensacionalismo, preocupações desnecessárias, arroubos de
fanatismo, “reformas” motivadas pelos motivos errados (especialmente pelo medo),
e atraem a desconfiança e o opróbrio sobre a igreja. Em longo prazo, trazem o
desânimo e o ceticismo. Uma vez desmascarado o boato, fica a sensação de que
foi apenas mais um, e se instala na
mente a desconfiança, de tal forma que, quando vierem os verdadeiros sinais de
que estão às portas os eventos finais há tanto aguardados pelo povo de Deus,
muitos os compararão aos boatos do passado e duvidarão.
Levando
tudo isso em conta, não tenho dúvida de quem
está por trás desses criadores e espalhadores de mentiras. E percebo, com
tristeza, que o povo de Deus “se perde por falta de conhecimento” (Os 4:3).
Michelson Borges
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