A decadência nas telas |
Uma
ideia trocada no Twiter entre os amigos Douglas Reis e Joêzer Mendonça me motivou
a escrever este texto. Conforme eles lembraram, nos anos 1990, um filme
romântico que fez muito sucesso nos cinemas foi “Pretty Woman” (“Uma Linda
Mulher”, no Brasil). É a história de uma prostituta chamada Vivian Ward
(interpretada por Julia Roberts) que conhece casualmente o milionário Edward
Lewis (Richard Gere). Ele acaba se apaixonando por ela e luta para conquistar seu
coração. O amor desperta e ambos decidem enfrentar os preconceitos de que
passam a ser alvo. A história me faz pensar num romance da ótima escritora
cristã Francine Rivers, que li recentemente: Amor de Redenção. Trata-se de uma paráfrase da história bíblica do
profeta Oseias e sua esposa prostituta, Gômer. No livro de Rivers, Michael Osea
(um cristão devoto) também se apaixona por uma moça cuja vida marcada por
tragédias e abusos a levou para a prostituição. E a grande luta dele consiste
em mostrar que existe o amor verdadeiro, que ela pode confiar no homem certo e
que Deus, acima de tudo, nos ama incondicionalmente, a despeito do que tenhamos
feito ou do que a vida tenha feito conosco. Tanto em “Pretty Woman” quanto em Amor de Redenção (e muito mais neste
livro, evidentemente) vemos o resgate de uma pessoa degradada. Edward e Michael
se dispõem a salvar a pessoa que amam e dar-lhe a oportunidade de uma nova
vida. A motivação deles: amor. E quanto ao festejado “Cinquenta Tons de Cinza”?
Parece o oposto das histórias que mencionei.
O
filme (baseado no best-seller de mesmo nome, da escritora E. L. James) também apresenta como um dos personagens
principais um jovem muito rico, chamado Christian Gray (que de christian não tem absolutamente nada).
Mas a grande diferença está no fato de que ele se interessa sexualmente por uma
moça virgem de 21 anos, Anastasia Steele, a seduz e começa a degradá-la,
levando-a para um mundo de sadomasoquismo e sexo depravado. Em lugar de receber
flores, como poderia querer a moça romântica, ela é algemada, humilhada e
submetida à dor, como bem gostam os sadomasoquistas. Gray está interessado
apenas no prazer que o sexo pode lhe proporcionar e não mede esforços para
conseguir o que quer.
“Cinquenta
Tons
de Cinza” foi lançado nos Estados Unidos dia 13 deste mês, um dia antes do
Valentine’s
Day (o dia dos namorados de lá). A associação com esse dia é indevida.
Por quê?
Veja um resumo da história: o bispo Valentim lutou contra as ordens
do imperador Cláudio II, que havia proibido o casamento durante
as guerras, por acreditar que os solteiros eram melhores combatentes.
Valentin
continuou celebrando casamentos, apesar da proibição. A prática foi
descoberta
e o bispo foi preso e condenado à morte. Enquanto estava na prisão,
muitos
jovens lhe enviaram flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no
amor. A
luta foi pelo casamento. Pelo amor. Não por um namoro que envolve sexo
depravado. Multidões irão aos cinemas e se unirão a outros tantos que já
leram os livros e que começam a acreditar que vale tudo no sexo, e que
namoro é sinônimo de libertinagem.
Com
exceção do livro de Rivers, as histórias contadas em “Pretty Woman” e “Cinquenta
Tons” envolvem sexo antes do casamento. Mas a degradação tem chegado a um nível
tão baixo que esse parece ser atualmente o menor dos problemas...
“Cinquenta Tons” chega hoje às telas brasileiras, e o Ministério da Justiça abaixou para
16 a classificação indicativa do filme que antes era de 18 anos. Tem tudo para
ser o “romance” que vai marcar esta década e esta geração.
Que
saudades dos anos 1990 (e olha que eles não foram lá essas coisas)...
Michelson Borges
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