sexta-feira, 15 de março de 2013

Lições de Um Dia de Pescaria

Depois de seguidos convites do amigo Eduardo (filho do obreiro bíblico Miguel Quaresma, meu “fiel escudeiro”), resolvi tirar um dia de descanso semanal e participar de uma pescaria. Na ocasião, pude, então, entender melhor porque Jesus chamou pescadores para a obra de evangelização e salvação de almas.
Aqui vão alguns dos muitos paralelos que podemos traçar entre a pescaria e a obra de evangelização:
1. Tem que ter muita calma e paciência
É não é à toa que já vi muitos adesivos nos vidros traseiros de carros com os seguintes dizeres: “Tá (sic) nervoso? Vá pescar!” Tanto a pescaria como a obra de evangelização – mui especialmente o evangelismo pessoal – exploram ao máximo a nossa capacidade de exercer calma; trata-se de exercícios magnos para exercitar nossa paciência...
2. Tem que estar disposto a fazer muitos sacrifícios
Desta vez até que a pescaria transcorreu tranqüila, num lugar com muitas árvores e sombra; geralmente, vamos pescar em beira de rios e lagoas infestados de mosquitos, sob um sol forte e escaldante e sujeito a vários perigos – entre os quais, cobras, aranhas venenosas e até sucuri. No evangelismo, é a mesma coisa: Temos que sair em busca das almas, sacrificando o descanso e comodidade e, muitas vezes, correndo todos os tipos de riscos. Muitas vezes, para levar a mensagem de salvação, eu me vi nos lugares mais “improváveis”: Numa casa próxima a uma “boca de fumo”, em Guarapari-ES, numa cela de presídio, num local bastante retirado da cidade onde ficam internados dependentes químicos, num boteco em um dos bairros mais perigosos da cidade (fazendo amizade com um dos maiores matadores locais, para depois poder ter acesso à sua casa e à sua família), etc.
3. Tem que manter-se num estado de contínua vigília, atenção  
Sim. É preciso estar atento aos menores sinais de que o peixe/pessoa está mordendo a “isca” e está no momento de ser “fisgado”. Muitas vezes, perdemos grandes peixes – eu mesmo perdi vários, alguns até mesmo já alçados fora da linha da água – simplesmente porque nos descuidamos ou fomos muito afoitos na hora de fisgá-los. No evangelismo – seja ele pessoal ou público – acontece o mesmo; já realizei grandes campanhas evangelísticas e tive a alegria de batizar ou conduzir ao batismo centenas de pessoas, no entanto, reconheço com humildade e grande tristeza no coração, juntamente com a minha equipe de obreiros já deixei escapar “peixes grandes”, alguns destes que eu já via e tinha como certos dentro do “barco”.
4. É preciso conhecer os hábitos dos peixes e, desta forma, usar a isca apropriada para cada ocasião
Tem peixe que come de tudo. Existem outros peixes com “paladar refinado”: Exigem isca viva, aqueles peixes pequenos que conhecemos aqui como lambaris. Seria pura tolice  
5. É preciso alimentar um pouco o peixe, antes de fisgá-lo
Eduardo me disse que nunca havia apanhado um peixe sequer em toda a sua vida e, no final, acabou pegando um belo exemplar de matrinchã. Isso, depois de assimilar o modo tranqüilo dos outros pescadores: Dando “corda” ao peixe; deixando-o mordiscar à vontade e até fazendo ele “achar” que “existe refeição grátis”, que está tudo bem e seguro e que ele está no controle da situação.
Num estudo bíblico acontece a mesma coisa... Quebramos o gelo. Entabulamos amizade. Deixamos o indivíduo bastante à vontade e, dessa forma, totalmente “desarmado” o espírito e fora das “trincheiras” dos preconceitos e daquelas objeções “naturais” e costumeiras à verdade. Depois que o alimentamos bastante com o doce mel da esperança de uma vida melhor em mundo melhor com Jesus (Apocalipse 10:9-10), adquirimos sua confiança e ele se sente seguro e invulnerável na aparente zona de conforto, vem, então, os toques sutis dos argumentos e vem a “fisgada” do apelo final em prol da verdade bíblica. Pronto: Está fisgado!
6. Tem que estar “preparado” para pescar “peixes ruins” tanto quanto peixes bons...
O próprio Senhor Jesus deixou isso claro através de uma parábola: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo [...]” (Mateus 13:47-50).
É verdade que no evangelismo, da mesma forma que na pescaria, nós gastamos o nosso tempo e fazemos sacrifícios e, no final, ao invés de um bom peixe é fisgado um “baiacu” ou qualquer outro representante ordinário desta família... Fui pescar com um cunhado, certa ocasião, e só peguei muitos exemplares desse peixe cuja única coisa notável é inchar, que nem uma bexiga, quando nós coçamos a sua barriga.
O bicho é pura simulação, como acontece às vezes com alguns novos “conversos”. Eles estufam o peito e dão ares de verdadeiros discípulos, mas, quando sofrem qualquer aperto, murcham que nem aquelas bexigas de festa de crianças – quando espetadas por qualquer objeto pontiagudo.  
7. A alegria de pegar um peixe nos motiva a continuar pescando, tentando apanhar outros e mais outros...
É o que diz, também, o renomado escritor Roy Allan Anderson em seu clássico O Pastor Evangelista: “Sim, a pesca é um trabalho duro; duro também é o evangelismo, mas existem compensações que sobrepujam e muito as dificuldades e os perigos da pesca de homens. ‘É um grande momento quando recolhemos os peixes’, dizia Alec com entusiasmo. Sim, é verdade. E durante muitos na pesca de almas, pude comprovar a veracidade de suas palavras. Contemplar uma multidão ansiosa e em expectativa; perceber que esses milhares vão ouvir a voz de Deus através de Sua Palavra; observar-lhes a fisionomia, enquanto a mensagem proclamada encontra resposta em seu coração; e, então, sob a direção do Espírito de Deus, recolher a rede do evangelho e com alegria verificar que a pesca rompe a rede, e enche o barco – sim, é um grande momento!”   
Creio que, como grande evangelista antenado com as questões midiáticas da sua época, o Pastor Roy Allan Anderson – caso existisse a famosa propaganda do cartão Mastercard – ao dar ênfase às compensações e vantagens insuperáveis do evangelismo, completaria: “Isso não tem preço!”    
Sim. Eu sei. Há muitos perigos na pesca no mar, nos rios ou mesmo à beira das lagoas! Além disso, como disse antes, existe o risco de pegar baiacus (no mar) ou bagres e mandis. No entanto, eu diria que até isso serve como treinamento e estímulo para continuar pescando e, finalmente, conseguir fisgar os peixes bons e maiores.
Afinal, se pegamos esses peixes ordinários é porque os outros, os bons e apreciáveis, existem, também, em abundância naquelas águas! É só, então, continuar pescando que, em algum momento, nós conseguiremos pegá-los. Então, vamos sair para pescar?
Pastor Elizeu C. Lira 

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