Este sempre foi um dos textos mais difíceis de ser "digerido" e aceito por mim. Afinal, entendê-lo no plano da teoria é fácil; assimilá-lo e o colocar em prática em nossa vida diária é que são elas!
A idéia acalentada por muitos cristãos é a de que este texto afirma que Deus só trará coisas boas e agradáveis e facilidades à nossa vida; no entanto, não é isso que diz o texto e, com certeza, isso está longe do conjunto das verdades bíblicas.
Nosso Senhor Jesus afirmou: "No mundo tereis aflições"; o apóstolo Pedro - que acompanhou, seguiu e compartilhou dos sofrimentos do Mestre - deixou-nos a seguinte exortação: "Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações" (I Pedro 1:6).
De que maneira, então, "exultar", como diz Pedro, "alegrar-nos", como diz Paulo, nas provações ou tribulações da vida? Em que sentido, podemos estar certos de que "todas as coisas" (mesmo as negativas e aquelas que nos causam desconforto e perplexidade...) "cooperam para o bem daqueles que amam a Deus"?
A primeira parte da resposta é que esta verdade torna-se evidente, é vivenciada, como já vimos em artigos anteriores, na vida daqueles que, desprendidos das circunstâncias e das pressões materialistas e imediatistas prevalecentes em nosso mundo, assimilam a providência divina em suas vidas. Em outras palavras, estamos falando aqui daquelas pessoas que não olham apenas para a "moldura" ou "detalhes" mas, sim, para a totalidade do quadro.
Fanny Crosby, grande escritora de hinos evangélicos, presenteou-nos com mais de oito mil de suas composições. Embora tivesse ficado cega com a idade de seis semanas, ela nunca abrigou qualquer sinal de amargura em seu coração, por causa desse infortúnio.
Disse-lhe uma amiga, certa ocasião: - Penso que é lamentável que o Senhor não lhe tenha conferido a visão, embora tenha derramado tantos outros de Seus dons sobre você!
Crosby respondeu prontamente: - Você sabia que se antes de eu nascer, tivesse podido fazer uma petição, eu teria pedido para nascer cega?
- Mas por qual motivo? - perguntou, admirada, a outra pessoa.
E Fanny Crosby respondeu: - Porque quando eu chegar ao Céu, a primeira face que eu verei, alegrando o meu olhar, será a do meu querido Salvador.
"A essência do Evangelho não é a saúde nem a prosperidade nem a felicidade, mas a submissão a Cristo" - afirma a escritora Joni Eareckson, vítima de um acidente que a tornou tetraplégica.
Charles Swindoll endossa a declaração de Joni: "Preciso sublinhar um fato fundamental: a meta de Deus não é verificar se você é feliz. Por mais difícil que seja acreditar nisso, está na hora de fazê-lo. A vida não está em você sentir-se confortável, feliz, bem-sucedido e livre de sofrimento. Ela está em tornar-se o homem ou a mulher que Deus o chamou para ser. É pena, mas ouvimos raramente essa mensagem proclamada hoje. Isso me dá mais razão para repetir: a vida não é sobre você! É sobre Deus".(1)
Certa ocasião, conversando com um grande amigo com quem trabalhava na Casa Publicadora Brasileira, Wilson Almeida, ele me falou sobre uma versão moderna que havia encontrada para este texto de Romanos 8:28; ela dizia o seguinte: "Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam..."
Certíssimo! O Agente é Deus; as coisas que acontecem em nossa vida são meros instrumentos, circunstâncias que Ele cria ou permite que aconteçam para que sejamos aperfeiçoados.
Olhando meramente para essas coisas ou circunstâncias, muitas vezes iremos indagar: "Em que isso vai me ajudar?" Olhando para Deus, certamente iremos manter uma atitude positiva, alegre e confiante, pois saberemos que Ele continua no Comando da história e na direção da nossa vida. - Elizeu C. Lira.
Referências
1. Charles R. Swindoll, Paulo: Um Homem de Coragem e Graça, pg. 131.
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